Brasil e seu impasse político: começa o período eleitoral
Pars Today- Ao contrário de qualquer outro cenário de competição presidencial em que, à medida que a eleição se aproxima, aumenta o grau de conhecimento dos candidatos e das partes e / ou coligações que correm, o Brasil apresenta uma circunstância curiosa.
Ao contrário de qualquer outro cenário de competição presidencial em que, à medida que a eleição se aproxima, aumenta o grau de conhecimento dos candidatos e dos partidos e / ou coligações que correm, o Brasil apresenta uma circunstância curiosa. Em sintonia com uma cena contemporânea convulsionada na institucional, a econômica e a política, hoje aqueles que votaram em branco, anulariam seu voto, não sabem quem votar ou não pretende votar em 7 de outubro aumentaram em relação ao ano passado.
Cada vez mais, o descontentamento adquire contornos sistêmicos, ampliando a apatia sobre as expectativas futuras quanto às possibilidades de reparar valores fiscais, sociais e de emprego degradados, entre outros. Mesmo em termos de representações democráticas: não é um detalhe os 117 militares que se apresentaram como candidatos nesta eleição, independentemente das posições de liderança ainda mantidas nas pesquisas Jair Bolsonaro (PSL), capitão aposentado do Exército.
O fato é que a encruzilhada brasileira colocou em tensão vários elementos ao mesmo tempo, incluindo seus atributos de soberania: às privatizações dos últimos anos, agora se adicionada à transferência de ações da Embraer para a Boeing. Isso reforça o sentido dos tempos; um neoliberalismo que tenta se afirmar como é guiando os discursos circulantes de todas as formas possíveis: proscrevendo, estigmatizando, intervindo, permitindo que fórmulas mais violentas avancem. Qualquer opção que reivindique outras perspectivas sobre assuntos públicos deve ser combatida.
As candidaturas, os espaços partidários e o calendário eleitoral no Brasil.
Os tempos eleitorais estão se aproximando. Em poucos dias (de 20 de julho a 5 de agosto) abre-se o prazo para as partes proclamarem quem serão os candidatos que as representarão. Em menos de um mês, em 15 de agosto, os candidatos devem ter registrado na Justiça Eleitoral os requerimentos; a partir daí, se não houver mudança na hora, os nomes serão definidos.
Embora as características dos espaços políticos que que competiram, todavia estejam sendo moldado, o que fica claro é que haverá mais fragmentação do que nas últimas disputas, em que, pelo menos até a primeira rodada - nas últimas eleições presidenciais no Brasil, 2010 e 2014 - havia três espaços bem definidos: um centro, ocupado por Marina Silva (Rede), e dois espaços nos extremos, um a mais à esquerda, representado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), e outro a mais à direita, representada pelo Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB).
Este ano - e tendo em conta a incerteza jurídica de Lula, por um lado, e a falta de decolagem das candidaturas "tucanas", por outro -, a estruturação dos espaços parece ter um centro mais expandido. Este novo centro é reforçado pelos movimentos nessa direção feitos por diferentes lados, tanto Ciro Gomes (PDT) quanto o próprio Jair Bolsonaro. Isso não significa que o PT e o PSDB sejam dispensáveis, exatamente o oposto: como se diz em Brasília, ninguém será eleito pela direita sem o PSDB, e ninguém será eleito pela esquerda sem o PT.
Obviamente, a situação de Lula gera todo tipo de incógnitas. Ele é o candidato que, até hoje, mantém uma projeção em sua intenção de votar que excede 30%. Além disso, as recentes oscilações de juízes - desabilitando sua liberdade (em processo) e outras a negando, no que foi um capítulo eloquente do papel desempenhado pelo Poder Judiciário no Brasil -só aumentaram a popularidade de Lula, como indicado estudos recentes. O absurdo das manobras judiciais sobre sua figura está se tornando mais evidente - em outro caso, baseado no Distrito Federal, sua investigação foi encerrada precisamente "por falta de evidências materiais sólidas" - e a evidência das conexões é adicionada da Unidade de Divisão Penal do Departamento de Justiça dos EUA em causa Lava-Jato e em todo o que pode gerar em sua operação “anticorrupção”.
A prisão do candidato com maior intenção de voto, somada às baixas preferências de outras figuras presidenciais de esquerda, como Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D'Ávila (PCdoB), colocam os progressistas brasileiros em uma encruzilhada. Se não houver plano B no PT - posição dominante dentro do partido - tudo o que resta é o apoio a uma fórmula presidencial que contesta o centro e que não está aliada aos promotores do golpe Dilma Rousseff. A única opção que, por enquanto, atende a esses dois requisitos é Ciro Gomes. Mas apenas esses dois. Ciro não é Lula; é o mais progressivo do espectro eleitoral, com chances de passar para o segundo turno.
Assim, Gomes seria excluído de outra possível coalizão de centro-direita, patrocinada por alguém que há muito procura estabelecer-se como o defensor da reconciliação nacional, Fernando H. Cardoso. Nela convergem rostos como Marina Silva, o candidato "Tucano" Geraldo Alckmin, e Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda de Michel Temer.
Bolsonaro tirou do PSDB seu lugar na direita política. O conglomerado midiático-judicial fez o mesmo com o lugar do PT à esquerda. Veremos como as duas coalizões de centro - ainda em formação - fazem para cooptar os votos decisivos dos dois candidatos que melhor se posicionam nas pesquisas, ou para convencer os brasileiros e as brasileiras de que o centro é uma opção desejável em um Brasil devastado por interesses corporativos das elites.