Mar. 30, 2017 05:47 UTC
  • O Irã, o parceiro regional mais fiável da UE

Um alto diplomata iraniano diz que a República Islâmica pode ser o parceiro mais confiável da União Europeia na região do Médio Oriente. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Bahram Qassemi, fez as declarações numa entrevista à ISNA, na quarta-feira.

"Sem dúvida, o Irã tem provado ser um país independente que depende de seu próprio povo e capacidades, usufruindo de capacidades econômicas e culturais, e pode ser confiado pela sua firmeza e estabilização [papel]", disse Qassemi.

O Irã tem feito grandes esforços para lutar contra o terrorismo, a violência e às fontes de instabilidade na região, acrescentou Qassemi disse que as relações políticas e econômicas entre Teerã e a UE melhoraram como resultado da conclusão do acordo nuclear iraniano - conhecido como Plano Integral de Ação Conjunta (PIAC).

 O Irã é capaz de satisfazer as exigências económicas da UE, uma vez que pode proporcionar um mercado de investimento intacto após a supressão das sanções contra o país no âmbito do acordo nuclear, disse Qassemi.

Através de PIAC, que foi assinado entre o Irã e o grupo de países P5 + 1 em 14 de julho de 2015, Teerã comprometeu-se a colocar limitações em seu programa nuclear em troca a remoção de sanções relacionadas com o seu programa o nuclear.

As partes no acordo iniciaram a sua implementação em Janeiro de 2016. Noutras palavras, Qassemi advertiu que a UE estava em estado de crise e poderia até mesmo colapsar enquanto a Europa enfrentava vários desafios, incluindo o conflito na Ucrânia, as dificuldades económicas, a crise dos refugiados, o surgimento de partidos nacionalistas de extrema-direita, Brexit e ameaças terroristas.

A UE precisa de reforçar a cooperação com os principais intervenientes internacionais para superar os desafios que tornaram a economia e a segurança do bloco mais vulneráveis, acrescentou.

O Diplomata iraniano, no entanto, disse que, apesar dos desafios existentes, a UE poderia ainda desempenhar um papel decisivo na promoção da paz e diálogo e dar exemplo para a cooperação.

Acordo Nuclear, um novo capítulo nas relações Irá-EU

As potências ocidentais retiraram as sanções econômicas contra o Irã. A decisão histórica foi tomada depois que a Agência Internacional de Energia Atômica tinha confirmado que os iranianos cumpriram o acordo nuclear assinado há entre as duas partes.

Isto criou para o Irã esta oportunidade de recuperar mais de US$ 50 bilhões que estão presos em bancos internacionais, especialmente europeus.

O país pode receber investimentos estrangeiros, comprar produtos importados e vender petróleo para os países que não compravam mais o petróleo iraniano, embora isso, em um momento de baixa como nos anos finais a acordo Nuclear.

Esse acordo, foi assinado em julho do 2016. Foi assinado com o objetivo de garantir que o programa nuclear iraniano seja pacífico, e não usado para os fins militares.

A representante de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, fez pronunciamentos, em diferentes ocasiões afirmando que o bloco estava trabalhando para ajudar o Irã a tomar máximo proveito do levantamento de sanções econômicas que impediam o país de acessar o sistema financeiro internacional. Ela afirmou, de que o bloco tem "grande interesse" em aprofundar os laços econômicos e que as relações financeiras são a base para atingir este objetivo.

"Estamos fazendo o máximo para garantir aos nossos sistemas financeiros e bancários que apoiamos o engajamento comercial e financeiro com o Irã", afirmou. Países como Itália, Alemanha, França, Portugal, Espanha entre outros, enviaram delegações de alto escalão para abrir negócios e reatar os anteriores suspensos pelas sanções injustamente impostas.

Estas visitas, a Teerã foram motivos de muitos acordos econômicos e comerciais entre as duas partes, incluído o acordo de compra de 114 aeronaves comerciais de Airbus

"Durante a visita do ano passado à França do presidente Hassan Rouhani foi assinado o contrato de compra de 114 Airbus", entre o fabricante europeu e a companhia aérea Iran Air.

"Estamos negociando há 10 meses a compra dos aviões, mas não havia forma de pagá-los por causa das sanções bancárias", tinha explicado na altura o ministro iraniano do Interior Akhundi. Os primeiros dois aviões foram entregues no inicio do março de 2017.

A visita do presidente Rouhani a Itália e França como as primeiras viagens oficiais ao continente europeu, de um presidente iraniano após 36 anos de relações em turbulências, também foram os primeiros grandes anúncios comerciais desde a retirada das sanções internacionais em 16 de janeiro, quando entrou em vigor o acordo sobre o programa nuclear iraniano.

A entrada em vigor de o acordo nuclear permitiu a retirada de grande parte das sanções internacionais, em particular europeias e, sobretudo americanas, estas últimas decretadas há 36 anos, que impediam ao Irã a compra de aviões novos.

Enquanto isso, governos na UE têm disputado contratos de negócio com o Irã em áreas como aviação, setor automotivo e energia.

Desde a implementação do acordo nuclear iraniano, com a retirada das sanções nas áreas de energia, comércio e finanças, oficiais iranianos têm reclamado da postura de grandes bancos europeus, que têm evitado trabalhar com o país.

O presidente do Banco Central do Irã, Valiollah Seif, tinha alertado que, caso os benefícios prometidos com o fim das sanções não se confirmem, o acordo pode ficar sob-risco.

Representantes do governo iraniano têm apontado para uma continuidade unilateral das sanções por parte dos Estados Unidos, algo que poderia afastar bancos europeus, avaliam. Representantes norte-americanos e europeus afirmam que as relações financeiras com o Irã têm crescido, ainda que tivessem alertado Teerã sobre o tempo necessário para aprofundar os laços.

Perante recentes comportamentos suspeito dos EUA e delações dos dirigentes deste país de aplicar mais sanções e provável revisão e descumprimento dos termos acordados durante as Negociações com Irã, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, em uma resposta contundente tinha dito que se "o atual governo dos Estados Unidos violar o acordo nuclear em diversas ocorrências… A mais recente é a extensão das sanções por 10 anos, se isso acontecer, será certamente contra o Plano Integral de Ação Conjunto, e a República Islâmica com certeza reagirá a isso". 

Os europeus também reagindo a estas declarações dos norte-americanos, afirmaram que o Plano não foi bilateral e enfatizando em um Acordo em nível multilateral, incluindo aprovação das Nações Unidas.

Câmara dos EUA renova sanções contra o Irã e ampliando restrições unilaterais já aprovado denominado “Lei das sanções”.

Durante sua campanha eleitoral, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, expressou sua intenção de romper com o acordo com o Irã ao entrar na Casa Branca, classificando o acordo como "desastroso", o que foi encarado na época como uma manifestação de apoio à Israel.  .

O Plano Integral de Ação Conjunto sofreu forte oposição dos Republicanos no Congresso dos EUA. Durante as negociações com Teerã, o senador John McCain chegou a declarar que "qualquer esperança de que um acordo nuclear levará o Irã a abandonar sua busca por domínio regional através do terror seria simplesmente delirante".

 

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