Out. 21, 2017 08:07 UTC
  • Declaração do Governo da República Islâmica do Irã.

Irã respondeu as reivindicações incorretas dos EUA e do Donald Trump sobre o Acodo Nuclear.

Em nome de Deus

Declaração do Governo da República Islâmica do Irã

 

Desde a vitória da Revolução Islâmica em 1979, a política externa iraniana foi desenvolvida e implementada com base em princípios de direito internacional e regras e convenções internacionais.

O respeito pela igualdade soberana de todos os países e a não interferência nos assuntos internos dos outros, formaram a pedra angular das relações com outros países.

Após décadas suportar o regime ditatorial e a dependência às potências estrangeiras – especialmente os Estados Unidos – e a constante interferência desses poderes nos assuntos internos do Irã, o povo iraniano graça ao seu governo democrático recém-estabelecido, esperava poder finalmente construir vínculos com os vizinhos baseados em igualdade e fraternidade, livres das rivalidades políticas, econômicas e militares; o governo iraniano, desde o início, demonstrou ao mundo todo, sua política pacífica que buscava substituir a inimizade e o derramamento de sangue por amizade e cooperação.

Em contrapartida, os Estados Unidos e seus aliados na região do Golfo Pérsico se recusaram persistentemente a aceitar as realidades do Irã e da região, e tentaram, em vão, frustrar a busca dos povos iranianos pela democracia e autodeterminação. Desde os primeiros dias da Revolução Islâmica, os Estados Unidos adotaram uma abordagem hostil, intervencionista e desestabilizadora em relação ao governo recém criado do Irã, com o objetivo de derrubá-lo.

A 2 atividade histórica dos Estados Unidos, como as tentativas para desencadear o golpe do Estado e terror, apoio à Saddam Hussein durante a guerra imposta contra o Irã, mesmo usando armas químicas contra os iranianos, a ajuda e incentivos aos separatistas, o derrubamento de um avião civil iraniano e centenas de outras conspirações contra a República Islâmica do Irã e seu povo é inegável. Mesmo antes da Revolução Islâmica, os Estados Unidos patrocinaram um golpe contra o governo democraticamente eleito do Irã em 1953, mostrando assim sua constante inimizade histórica com a democracia e seu apoio histórico aos ditadores.

Os grupos terroristas que encontraram refúgio seguro nos Estados Unidos durante 38 anos e conspiraram contra os iranianos, assassinaram 17 mil iranianos nos primeiros anos após a Revolução Islâmica.

A República Islâmica do Irã, ao estabelecer com sucesso os mais altos padrões de estabilidade e segurança no país, graças ao desempenho de suas forças de segurança e assessoria ao lado de forças do Iraque e da Síria, desempenha um papel indispensável no combate ao terrorismo, frustrando a campanha Takfiri (Daesh) para tomar o controle de Damasco, Bagdá e Erbil, e ajuda a desarraigar esses grupos do território do Iraque e da Síria.

O papel construtivo de nossas forças armadas na luta contra grupos terroristas – que o atual presidente dos EUA citou durante sua campanha como tendo sido criado pelos EUA – tem sido fundamental para erradicar esse flagelo. É lamentável que os EUA, em vez de deixar o uso do terrorismo como uma ferramenta e juntar-se aos verdadeiros esforços anti terroristas do Irã, continuam demonstrando invertidamente os esforços regionais construtivos do Irã.

O papel do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) na linha de frente do combate ao terrorismo na região é irrefutável. O Corpo, um ramo das forças armadas do Irã, com seus atos corajosos e dignos de orgulho, é uma 3 barreira impecável perante o avanço de terroristas Takfiri (Daesh). E ele tem um grande papel no retorno da estabilidade e calma na região e preservação da integridade e soberania nacional do Iraque e da Síria. O Corpo das Guardas Revolucionárias é considerado herói Nacional por seu papel na defesa da integridade do território iraniano na luta contra o exército de Saddam Hussein. Qualquer ação da administração ou Congresso dos EUA contra o IRCC constituirá um erro estratégico e desencadeará a indignação do povo iraniano e sua reação recíproca forte e unificada.

O presidente dos EUA terá que assumir a total responsabilidade por todas as consequências dessa medida perigosa. Os Estados Unidos definiram seu interesse em gerar e agravar disputas regionais e fomentar guerras e inseguranças para alimentar uma corrida armamentista e criar mercados para vender suas armas.

Pelo contrário, os interesses regionais do Irã definem-se em boa vizinhança, paz e estabilidade na região altamente sensível do Golfo Pérsico. Isto está em claro contraste com a posição pública do atual presidente dos Estados Unidos, que em sua campanha, considerou publicamente o conflito e a guerra entre o Irã e o Iraque no sentido dos interesses dos EUA; e, mais recentemente, condicionou oficial e explicitamente sua visita à região, à concordância dos países, à venda de “bonitas ferramentas militares”, ferramentas da destruição, que atualmente estão sendo usadas contra crianças indefesas e idosos no Iêmen. As raízes das crises em nossa região, inclusive no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no Iêmen e em Bahrein, estão na ocupação, intervenções militares ilegais e projetos hegemônicos dos Estados Unidos nesta região. Do ponto de vista da República Islâmica do Irã, a segurança na região depende da criação de confiança mútua, diálogo e cooperação multilateral.

O Irã está determinado a contribuir ativamente na promoção da paz e segurança na região. As propostas iranianas para acabar com as horríveis guerras no Iêmen 4 e na Síria foram bem-vindas pela comunidade internacional. O Irã desempenhou um papel construtivo em todas as iniciativas internacionais destinadas a acabar com os conflitos regionais.

O Irã também, junto com a Rússia e a Turquia teve papel importante na desaceleração da violência na Síria e está sempre pronto para contribuir ativamente em esforços conjuntos com o Secretário-Geral das Nações Unidas e outros países responsáveis no cenário mundial e incentiva outros membros permanentes do Conselho de Segurança e a União Européia, para pôr fim aos conflitos e à violência na região. Em razão das políticas hostis dos Estados Unidos e de seus aliados regionais, especialmente o regime sionista, bem como o envio de centenas de bilhões de dólares em armas para a região, que a transformaram em um barril de pólvora, a República Islâmica do Irã não pode ficar indiferente perante às necessidades de defesa do país. Durante a guerra que nos impôs o regime de Saddam Hussein, os Estados Unidos e seus aliados regionais, não somente ofereceram assistência militar, de inteligência, econômica e política à Saddam, como mantiveram o silêncio quando Saddam atacou o Irã com armas químicas, também fizeram tudo o que estava aos seus alcances para impedir o acesso do Irã ao mínimo de recursos básicos de defesa.

Através dessa experiência, aprendemos que, para proteger nosso povo e defender nossa independência, segurança e honra nacional, devemos confiar nas capacidades indígenas do povo iraniano e não hesitar em desenvolver a capacidade necessária para legítima defesa do nosso país. É neste quadro que o programa de mísseis iranianos possui um caráter puramente defensivo e dissuasivo. Nossos mísseis são estritamente projetados para transportar ogivas convencionais e seu alcance e precisão são proporcionais ao nosso ambiente de segurança e percepção de ameaça. Esse programa continuará com toda a 5 força de acordo com o nosso programa de defesa nacional e não é negociável e nem o será. Enquanto que os aliados dos EUA na região têm juntos uma população menor do que a do Irã, e que cada um deles tem gastos militares maiores do que o Irã gasta, por que o Irã, que não atacou nenhum país em quase 300 anos, e que experimentou o gosto amargo da agressão apoiada pelos EUA e seus parceiros regionais, não deve ter as ferramentas necessárias de dissuasão diante das constantes ameaças dos agressores?

As políticas antagônicas dos Estados Unidos contra o Irã também se estendem ao domínio da ciência e tecnologia avançadas nas últimas décadas. Os Estados Unidos impuseram restrições que impedem os intercâmbios científicos e tecnológicos, ao mesmo tempo que impõem sanções nesses campos contra o povo iraniano. Essas ações não tem significado, a não ser, para conter nosso desenvolvimento tecnológico e prolongar a dependência do Irã aos poderes avançados.

Os esforços de nossos jovens cientistas para adquirir os conhecimentos para o desenvolvimento de um programa nuclear pacífico, encontraram desde o início propaganda negativa, sanções, ataques cibernéticos e até o assassinato de nossos cientistas. O Irã declarou repetidamente que deseja utilizar a energia nuclear, estritamente, de forma pacífica e que considera que as armas de destruição em massa, incluindo armas nucleares, perturbam a paz e a segurança internacional, e como tal, nunca terão lugar na sua doutrina militar.

O relatório e a conclusão da agência internacional de energia atômica em 2015, rejeitou acusações de Possíveis Dimensões Militares (PMD) e reconheceu a natureza pacífica das atividades nucleares do Irã.

O Irã demonstrou sua boa vontade ao entrar e concluir as negociações nucleares com o P5 + 1 para resolver uma crise fabricada, e provou pela boa fé o cumprimento de seus compromissos, de acordo com o JCPOA.

Os Estados  Unidos, pelo contrário, se demonstraram negligentes no cumprimento de seus compromissos em relação ao acordo JCPOA desde o início em vários casos, especialmente durante a atual administração – violou tanto o espírito quanto a letra da JCPOA. A República Islâmica do Irã registrou oficialmente na Comissão Conjunta essas violações, incluindo falhas na retirada das sanções e políticas que impedem o estabelecimento de uma atmosfera necessária para a normalização das relações comerciais entre o Irã e outros países.

A reivindicação do presidente dos Estados Unidos dizendo que o Irã não cumpre o acordo JCPOA, não tem valor, nem credibilidade internacional, uma vez que a AIEA, como autoridade exclusiva para realizar esse monitoramento e verificação, confirmou repetidamente o cumprimento integral dos compromissos pelo Irã conforme o JCPOA. Isso prova, mais uma vez, que os Estados Unidos não são um parceiro de negociação confiável. O JCPOA é um instrumento internacional válido e uma conquista exepcional na diplomacia contemporânea. Não pode ser renegociado ou alterado. O acordo nuclear não é um acordo bilateral para que seja anulado por ação unilateral, mas é um documento aprovado pela comunidade internacional como parte da Resolução 2231 do Conselho de Segurança.

Porém, outros participantes do JCPOA, bem como o resto da comunidade internacional, não devem permitir que o presidente dos Estados Unidos continue a zombar e prejudicar o acordo.

A República Islâmica do Irã não será a primeira a se retirar do acordo, mas se os seus direitos e interesses no acordo não forem respeitados, ele deixará de cumprir todos os seus compromissos e retomará seu programa nuclear pacífico sem quaisquer restrições. Hoje, os Estados Unidos estão mais isolados globalmente do que nunca e a veracidade das políticas e posições do Irã tornou-se evidente para a comunidade internacional. Razão pela qual, é que nas últimas semanas, 7 quando a maioria dos países se uniu para apoiar o JCPOA e a República Islâmica do Irã rejeitando as políticas dos EUA e o mundo inteiro testemunhou isso. A comunidade internacional vê o Irã como um ator responsável que se esforça para promover a paz e não dará crédito aos atores que a cada dia, retirando-se de um ou de uma organização internacional, se isolam ainda mais. A diferença entre as políticas iranianas e as americanas em muitas questões internacionais e regionais, é clara e inegável. Os governos dos EUA, desde a Revolução Islâmica, por causa de seus repetidos erros de cálculo, agravam essas diferenças levando-as até um nível de hostilidade aberta contra o povo iraniano.

Apesar de todas essas animosidades, encarnadas principalmente em ameaças e sanções ilegais, o povo do Irã continuou seu caminho na busca pela justiça e independência. Hoje a República Islâmica do Irã alcançou um alto grau do poder, graças ao apoio popular, à sua própria potencialidade e à orientação sábia e intelectual do líder máximo, o Aiatolá Khamanei, onde o avanço contemporâneo da República Islâmica do Irã, com dignidade e poder, depois do Imam Khomeini, se deu graças aos seus pensamentos sábios. Os novos governantes dos EUA não devem esquecer as difíceis lições das últimas quatro décadas; eles não devem esquecer que as administrações anteriores, também, com semelhantes e falsas argumentações, confrontaram os iranianos, mas ficaram obrigadas a retirar arrependidamente suas falsas palavras e argumentos.

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