Ago. 28, 2018 10:17 UTC
  • Países europeus querem enfrentar sanções dos EUA

Pars Today- A França e a Alemanha estão tentando desenvolver um mecanismo de financiamento europeu independente dos EUA, com o objetivo de evitar efeitos das sanções dos EUA contra países, incluindo o Irã, e afirmar a "soberania" do continente.

Falando em uma reunião com a associação de imprensa AJEF na segunda-feira, o ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, disse que Paris e Berlim estão fazendo esforços conjuntos para desenvolver um sistema de financiamento europeu ou franco-alemão.

"Com a Alemanha, estamos determinados a trabalhar em uma ferramenta de financiamento independente europeia ou franco-alemã, que nos permita evitar as vítimas colaterais das sanções extraterritoriais dos EUA", disse ele.

“Eu quero que a Europa seja um continente soberano, não um vassalo, e isso significa que devia ter instrumentos de financiamento totalmente independentes que hoje não existem.” Le Maire também observou que os governos da França e Alemanha mantiveram conversações com seus respectivos bancos centrais sobre o assunto. "Se queremos construir um instrumento verdadeiramente independente, devemos abrir todas as opções", ressaltou.

Ecoando a mesma posição de Le Maire, o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, disse que o trabalho já havia começado com a criação de um sistema europeu de pagamento independente da rede de pagamentos global da SWIFT.

Em um discurso na conferência dos embaixadores alemães em Berlim na segunda-feira, ele alertou que as sanções de Washington contra o Irã, China, Rússia e Turquia prejudicariam as empresas europeias. "Temos de aumentar a autonomia e soberania da Europa nas políticas comercial, econômica e financeira", disse Mass. "Não será fácil, mas já começamos a fazer isso."

Em entrevista à Deutsche Welle da Alemanha, Christopher Bovis, professor de direito internacional empresarial na Universidade de Hull, no Reino Unido, disse que o sistema de financiamento planejado "permitirá ao Irã interagir com sistemas financeiros europeus, sistemas de compensação europeus, usando as indicações apoiadas e criado pelo Banco Europeu de Investimento com base no euro”.

Os comentários vêm de Paris e Berlim - ambos signatários do acordo nuclear com o Irã em  2015 – que têm esforçando junto com toda a União Europeia para salvar o pacto histórico depois que os EUA retiraram e reimpuseram unilateralmente suas sanções contra o Irã.

Teerã disse que só permanecerá no acordo se as demais partes fornecessem a país persa  "avanços práticos" para continuar aproveitando os benefícios econômicos do acordo, apesar da retirada de Washington. Teerã quer garantias para a venda de petróleo iraniano e para manter vivas relações bancárias.

A postura da UE enfureceu os EUA, como o conselheiro de segurança nacional John Bolton que tinha dito que os europeus tinham que fazer uma escolha entre Washington e Teerã, respeitando as sanções americanas.

No início deste mês, ele assinou uma ordem executiva, reintroduzindo a primeira rodada de sanções contra o Irã, que tem como alvo a compra de dólares americanos, o comércio de ouro e outros metais preciosos, bem como o setor automotivo. Em novembro, uma segunda rodada de sanções dos EUA será restabelecida na indústria petrolífera do Irã, no Banco Central, nos operadores portuários e nos setores de energia e transporte.

No outro campo, a UE está se esforçando a finalizar um pacote econômico destinado a satisfazer o Irã e mantê-lo no acordo. Já tomou uma série de medidas de apoio ao acordo nuclear. Na semana passada, alocou 18 milhões de euros para projetos de desenvolvimento no Irã como parte de um pacote mais amplo de 50 milhões de euros destinado a Teerã no orçamento da UE.

Em 6 de agosto - no mesmo dia em que o primeiro lote de proibições norte-americanas foi retomado contra o Irã - a UE ativou uma versão atualizada de seu Estatuto de Bloqueio, que proíbe empresas europeias de cumprir as sanções dos EUA contra o Irã. O bloco também alertou que poderia impor suas próprias sanções contra as empresas que parassem de fazer negócios com contrapartes iranianas.

 

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