Líderes muçulmanos preparam resposta para crise em Jerusalém (Al-Quds)
Representantes de 57 países de maioria muçulmana, membros da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), se reuniram hoje (13) em Istambul, na Turquia, para tentar chegar a um acordo conjunto diante da decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém (Al-Quds) como capital de Israel.
No discurso de abertura do encontro, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Çavusoglu, afirmou que a cúpula mostrará a reação do mundo muçulmano diante dos últimos eventos.
"Trabalhar pela unidade dos irmãos palestinos" e "encorajar outros países em reconhecer a Palestina dentro das fronteiras anteriores a 1967 e com Jerusalém Oriental como sua capital" são as prioridades da reunião de hoje, afirmou o ministro.
"Em primeiro lugar, o estado palestino deve ser reconhecido por todos os outros países. Todos devemos esforçar-nos por isso", afirmou Mevlut Cavusoglu.
"Devemos encorajar outros países a reconhecer o estado palestino com base em suas fronteiras de 1967 com Jerusalém Oriental [al-Quds] como sua capital".
Erdogan: Al-Quds linha vermelha de AL-Quds para os muçulmanos
O presidente turco, Recep Tayip Erdogan, cujo país ocupa a presidência rotativa da OIC, foi o primeiro chefe de Estado a abordar o evento. Ele disse aos líderes da OCI que o expansionismo de Israel está "disparando", descrevendo a entidade como "um estado de ocupação. Além disso, Israel é um estado de terror".
O líder turco instou ainda a comunidade internacional a reconhecer Jerusalém Oriental como a "capital da Palestina". Erdogan descreveu a decisão de Washington como uma recompensa pelos "atos terroristas" israelenses e disse que a cidade era uma linha vermelha para os muçulmanos.
“Al-Quds será para sempre a capital da Palestina”
Enquanto isso, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, criticou a decisão do governo Trump como o "maior crime" e uma flagrante violação do direito internacional. Ele disse que Washington estava dando a Jerusalém (Al-Quds) como um "presente" ao "movimento sionista" como se fosse uma cidade americana, acrescentando: "Ele cruza todas as linhas vermelhas". "Jerusalém [Al-Quds] é e será para sempre a capital do estado palestino... sem ela não haverá paz nem estabilidade", disse ele.
Abbas rejeitou qualquer papel futuro para os Estados Unidos no chamado processo de paz no Oriente Médio, observando que Washington é tendencioso em favor de Israel.
Ele convocou a ONU a assumir o papel de mediação no processo de paz do Oriente Médio e revivê-lo com um novo mecanismo, já que os EUA não estão mais "aptos" para a tarefa. O presidente palestino apontou a oposição internacional unânime em face de decisão de Trump, chamando-a de "provocação" aos sentimentos muçulmanos e cristãos.
O rei Jordano Abdullah II rejeitou qualquer tentativa de mudar o status quo de Jerusalém Oriental, Al-Quds e seus sites sagrados. Ele ressaltou que o Oriente Médio não pode testemunhar a paz até que o conflito israelo-palestino seja resolvido.
"Toda violência... é resultado de uma incapacidade de encontrar uma solução pacífica para a questão palestina".
O presidente iraniano, Hassan Rouhani, e o presidente libanês Michel Aoun também estão entre os participantes.
Também estão em Istambul os ministros das Relações Exteriores do Egito, Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Cazaquistão e o ministro para Assuntos Islâmicos da Arábia Saudita.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também anunciou sua participação na reunião na sua função de secretário-geral do Movimento dos Países Não Alinhados, um órgão de observação da OCI a que pertence o país sul-americano. A Russia também enviou um representante como observador.
No começo deste mês, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que os EUA reconheciam a Jerusalém (Al-Quds) como a "capital" de Israel e encarregaram o Departamento de Estado de fazerem os preparativos para a deslocalização da embaixada de Washington de Tel Aviv para a cidade palestina ocupada.
A mudança dramática na política de Washington em relação a Al Quds desencadeou fortes críticas da comunidade internacional, incluindo os aliados ocidentais dos Estados Unidos, e desencadeou manifestações contra os EUA e Israel em todo o mundo.
Na terça-feira, a chefe da política externa da UE, Federica Mogherini, reafirmou a posição da União Europeia, dizendo que Jerusalém Oriental, que abriga o complexo da Mesquita Al-Aqsa, se tornará a capital de um Estado palestino e a parte ocidental da cidade irá para Israel como parte de uma chamada solução de dois Estados.
"Nós deixamos claro que continuaremos a respeitar o consenso internacional sobre Jerusalém [Al-Quds], incluindo sobre o deslocamento de nossas embaixadas até o status final de Jerusalém [Al-Quds] ser resolvido através de negociações diretas entre as partes”, acrescentou Mogherini.
No sábado, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Liga Árabe realizaram uma reunião de emergência no Cairo. A reunião pediu a Washington que revogasse sua decisão e exortou a comunidade internacional a reconhecer o estado palestino.
Na véspera da cúpula da OCI, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, atacou alguns países árabes sobre sua reação "muito fraca" ao reconhecimento dos EUA de Jerusalém [Al-Quds] como capital de Israel. Cavusoglu enfatizou que a reunião da OIC deve enfrentar o que ele descreveu como a mentalidade de "Eu sou uma superpotência, eu posso fazer qualquer coisa".
Fontes na presidência turca disseram no sábado que Erdogan e o presidente francês, Emmanuel Macron, falaram no telefone sobre o caso. Eles disseram que os dois líderes concordaram em trabalhar juntos para persuadir os EUA a reconsiderar sua decisão.
Também em uma conferência de imprensa conjunta após conversas em Ankara na segunda-feira, Erdogan disse que ele e o presidente russo, Vladimir Putin, acreditam que Israel continua a "adicionar combustível a fogueira”.
A reunião foi convocada pelo presidente turco, o islamita Recep Tayyip Erdogan, após a decisão do presidente americano, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e anunciar a transferência da embaixada para esta cidade.
O líder turco disse recentemente que o governo israelense vê o conflito causado pelo gesto americano "como uma oportunidade para aumentar a pressão e violência contra os palestinos" e adiantou que espera da cúpula "uma mensagem forte".
Jerusalém [Al-Quds] está sob o controle de Israel. A comunidade internacional vê o controle do regime na parte oriental da cidade, que ocorreu após a Guerra dos Seis Dias de 1967, como ilegal, e pede conversas para decidir o destino de toda a cidade em qualquer acordo de paz futuro.