Abbas defende"mecanismo multilateral" para mediar paz no Médio Oriente
(last modified Tue, 20 Feb 2018 19:08:06 GMT )
Fev. 20, 2018 19:08 UTC
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O presidente da Autoridade Palestiniana defendeu hoje no Conselho de Segurança da ONU a "criação de um mecanismo multilateral" para interceder nas negociações de paz com Israel, rejeitando uma mediação única por parte dos Estados Unidos.

Durante uma longa e rara intervenção diante daquele alto órgão das Nações Unidas, Mahmud Abbas defendeu que a solução para o conflito no Médio Oriente não pode depender de "um só país" e propôs regular a questão palestiniana tendo como ponto de partida "uma conferência internacional" em meados deste ano.

"É essencial criar um mecanismo multilateral através de uma conferência internacional" para ter paz no Médio Oriente, afirmou o líder palestiniano.

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) reagiu entretanto e manifestou apoio à proposta de Abbas.

"É uma oportunidade histórica para a comunidade internacional apoiar a conquista de uma paz justa e duradoura e para pôr fim a 51 anos da ocupação de Israel de terras e de vidas palestinianas", afirmou o secretário-geral da OLP, Saeb Erekat, num comunicado.

A proposta de Abbas surge em resposta à decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, um passo assumido em dezembro último pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, que o líder palestiniano voltou hoje a criticar fortemente.

"Queremos que Jerusalém esteja aberta às três religiões monoteístas", sublinhou Abbas, afirmando que Jerusalém também é a capital do futuro Estado palestiniano.

Após o anúncio de Trump, Mahmud Abbas descartou os Estados Unidos como mediador do processo de paz para o Médio Oriente, que está num impasse há vários anos.

Na mesma intervenção no Conselho de Segurança, Abbas pediu aos países que ainda não reconheceram o Estado palestiniano para darem esse passo.

Dos 193 Estados-membros que integram as Nações Unidas, 138 já reconheceram o Estado palestiniano, segundo recordou o presidente da Autoridade Palestiniana.

"Regressamos ao Conselho de Segurança e pedimos esta proteção" de um reconhecimento pleno e inteiro de um Estado, disse Mahmud Abbas.

"Reconhecer o Estado da Palestina não vai contra as negociações", insistiu o líder palestiniano, lançando um último apelo: "Ajudem-nos".

Após a intervenção, Mahmud Abbas foi fortemente aplaudido. O líder palestiniano saiu depois da sala e não assistiu à resposta do embaixador de Israel junto das Nações Unidas.

A questão de Jerusalém é uma das mais complicadas e delicadas do conflito israelo-palestiniano, um dos mais antigos do mundo.

Israel ocupa Jerusalém oriental desde 1967 e declarou, em 1980, toda a cidade de Jerusalém como a sua capital indivisa.

Os palestinianos querem fazer de Jerusalém oriental a capital de um desejado Estado palestiniano, coexistente em paz com Israel.

Jerusalém é considerada uma cidade santa para cristãos, judeus e muçulmanos.

A Palestina é desde 2012 "Estado observador não membro" da ONU, estatuto que lhe permite integrar as agências da organização internacional e reunir com o Tribunal Penal Internacional (TPI). Mesmo assim, não é membro de pleno direito das Nações Unidas.

O estatuto de membro passa por uma recomendação do Conselho de Segurança à Assembleia-geral da ONU. Mas, os Estados Unidos, um dos principais aliados de Israel, é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e tem direito de veto.

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