Set. 27, 2018 05:05 UTC
  • A investigação do Crime de Guerra no Iêmen

Pars Today- Investigadores de crimes de guerra pediram que o órgão de direitos humanos da ONU permita que eles continuem investigando a situação "extremamente alarmante" no Iêmen, em meio à resistência da Arábia Saudita e de outros países, disseram relatórios na quarta-feira.

Os investigadores, designados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU há um ano, apresentaram um relatório ao órgão que concluiu que todos os lados do conflito no Iêmen podem ter cometido "crimes de guerra".

A resolução que iniciou o inquérito no ano passado depois de uma longa luta diplomática deu aos investigadores um ano para conduzir a investigação. Mas Kamel Jendoubi, que lidera o chamado Grupo de Especialistas Eminentes Internacionais e Regionais Independentes, insistiu que "à luz da gravidade da situação e do tempo limitado dado ao mandato, são necessárias investigações adicionais".

"A situação no Iêmen continua sendo extremamente alarmante", disse ele ao conselho. "Pedimos que o Conselho mantenha a situação no Iêmen no topo das suas prioridades", disse ele, pedindo aos diplomatas para "unanimemente" adotar uma resolução liderada por um grupo de países europeus e o Canadá pedindo prorrogação de mais um ano para este fim, disse ele, era necessário "para assegurar que a verdade seja revelada e que a responsabilidade seja alcançada".

Embora uma longa linha de diplomatas tenha manifestado apoio na quarta-feira por prolongar a investigação, ainda não está claro se o conselho dará aos investigadores uma luz verde para continuar quando votar a resolução no final desta semana.

Um texto concorrente na mesa, liderado pela Tunísia em nome do grupo de países árabes, não menciona a extensão da investigação, mas pede que a frequentemente criticada Comissão Nacional de Inquérito do Iêmen continue estudando o conflito.

Observadores dizem que a Arábia Saudita, que lidera uma coalizão que interveio no conflito em março de 2015 em nome do governo do presidente Abd Rabbo Mansour na luta contra os rebeldes Houthi, está trabalhando ativamente para anular a investigação internacional. O ministro iemenita dos direitos humanos, Mohammed Asker, criticou o relatório do grupo como "politizado e tendencioso", acusando os investigadores de ignorar "os terríveis crimes cometidos pelos houthis", que capturaram a capital Sanaa em 2014.

O embaixador da Arábia Saudita na ONU, Abdulaziz Alwasil referiu que os investigadores basearam suas descobertas em "conjecturas e suposições".

Na semana passada, a Human Rights Watch criticou a campanha de Riad para desacreditar e minar uma investigação da ONU sobre os abusos cometidos por todas as partes em conflito do Iêmen, chamando-a de "outra tentativa flagrante de evitar o escrutínio das ações da coalizão no Iêmen".

Embora os investigadores tenham descrito violações por todos os lados, concluíram em seu relatório que "os ataques aéreos da coalizão causaram a maioria das vítimas civis documentadas".

O conflito no Iêmen deixou mais de 10 mil pessoas mortas desde março de 2015, provocando a pior crise humanitária do mundo, com três quartos da população - ou 22 milhões de pessoas - que precisam de ajuda humanitária, segundo dados da ONU.

 

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