Revolução dos Cravos: Marcelo Rebelo de Sousa defende patriotismo inclusivo
O presidente português aproveitou a sua intervenção nas comemorações do 25 de Abril para valorizar o trabalho dos cidadãos na construção da democracia, notando que o patriotismo no país é e deve continuar a ser tolerante
“Temos muito orgulho na nossa história, no nosso patriotismo aberto ao universo”. Foi uma das afirmações do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, na manhã desta terça-feira, na sessão solene de comemoração do 43º aniversário da Revolução dos Cravos, na Assembleia da República. Um discurso pontuado pelo elogio aos portugueses enquanto construtores da democracia e por uma mensagem de defesa de um sentimento patriótico mas inclusivo.
“Aos portugueses devemos a nossa democracia ser efetivamente representativa”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentanto que “é dos portugueses o mérito primeiro das vitórias que fomos tendo nos últimos anos nas finanças, na economia e na sociedade” e também pertence aos portugueses “o papel decisivo de criar um futuro melhor”.
Tratando os cidadãos como “heróis”, o Presidente da República frisou que “os portugueses constroem democracia pelo voto, pela sua liberdade de opinião e de crítica”. E lembrou também os emigrantes, que, nessa condição, “nunca se esquecem das suas terras e para elas contribuem”.
“Somos uma pátria em paz, com apreciável segurança, sem racismos e xenofobia, aceitando diferenças religiosas e culturais como poucos”, destacou também Marcelo Rebelo de Sousa no seu discurso na sessão solene na Assembleia da República para comemorar os 43 anos do 25 de Abril de 1974.
Contra os populismos
Mas Marcelo sublinhou ser importante não confundir “um nacionalismo patriótico e de vocação universal” com “um nacionalismo egocêntrico agarrado ao passado”. Até porque é cultivando a abertura e a inclusão que Portugal tem tornado mais difícil a entrada no país do terrorismo que tem assolado outros países europeus.
O chefe de Estado notou a importância de os portugueses continuarem a não aderir ao populismo e também o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, chamou a atenção para o tema, lembrando que “a ameaça da extrema direita continua visível em França” e que é importante ter em conta que “é o futuro da União Europeia que está em jogo nestes tempos que vivemos”.
Depois da sessão solene na Assembleia da República, as comemorações da Revolução dos Cravos esta terça-feira prosseguem com diversas iniciativas de Norte a Sul do país. Em Lisboa será inaugurada uma exposição no Parlamento e haverá o tradicional desfile do 25 de Abril na Avenida da Liberdade.
Marcelo Rebelo de Sousa irá também condecorar, no Palácio de Belém, o arquiteto Álvaro Siza Vieira, e, a título póstumo, António Ferreira Gomes e Francisco Sá Carneiro.