Família de brasileira morta em ação policial quer processar governo
Célia Maria da Silva Nunes, de 42 anos, avisou à irmã que pretende processar a PSP
"Estamos péssimos, é um angústia e uma agonia muito grandes. Quero que tragam minha filha para mim. Não tenho condições de pagar para trazer". O lamento é de Maria Luzia Silva Carvalho da Costa, mãe de Ivanice Carvalho da Costa, brasileira morta durante ação policial em Lisboa, na madrugada desta quarta-feira (16). Maria Luzia mora em Amaporã, no Paraná. Tia com quem Ivanice foi para Lisboa, há 17 anos, Célia Maria da Silva Nunes, de 42 anos, avisou que pretende processar o governo português.
Sem dinheiro e, até o momento, sem apoio oficial, a família reclama que não tem condições nem para arcar com o translado do corpo para o Brasil. O carro em que Ivanice estava, um Renault Mégane preto, foi confundido com um veículo que estava sendo perseguido, sob suspeita de assalto a caixas eletrônicos.
De acordo com a PSP (Polícia de Segurança Pública), o motorista não obedeceu às ordens de parar o carro e, durante a fuga, tentou atropelar os polícias, "que tiveram de afastar-se rapidamente para não serem atingidos" e "foram obrigados a recorrer a armas de fogo".
Mais 40 tiros foram disparados contra o veículo em que Ivanice estava. Atingida no pescoço, a brasileira chegou a ser socorrida, mas não resistiu."O que aconteceu foi homicídio, eram sete policiais", denunciou Maria Luiza ao G1.
Ministério Público investiga morte de brasileira em ação policial
O Ministério Público de Portugal investiga a morte da brasileira Ivanice Carvalho da Costa, de 36 anos, baleada durante uma perseguição policial, em Lisboa, na madrugada desta quarta-feira (15). Seis polícias prestaram depoimentos até o momento, segundo anunciou, nesta quinta-feira (16), a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL). Em nota publicada nesta tarde, na internet, a PGDL explica que, na madrugada de quarta-feira, "no decorrer de uma operação montada pela PSP (polícia portuguesa), após o furto com arrombamento de caixa eletrônico, ocorrido em Almada", vários agentes policiais "entraram em perseguição aos suspeitos, dos quais depois perderam o rastro", a caminho de Lisboa.
Já dentro da capital, foi "dada ordem de parada a um outro veículo", com o qual os polícias cruzaram. "Como o condutor desobedeceu tal ordem, foram efetuados disparos pelos agentes da PSP, vindo uma cidadã que se fazia transportar no veículo a ser atingida mortalmente", lê-se na nota.
A nota informa ainda que a Polícia Judiciária iniciou, de imediato, investigações sobre os fatos que rodearam a morte da vítima. O inquérito prossegue com a coordenação do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
Em comunicado divulgado na quarta-feira, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP, explica que o homem conduzia "uma viatura que aparentava corresponder às características" da usada cerca de meia hora antes pelos assaltantes em Pragal, região de Almada, não obedeceu à ordem de parada e tentou atropelar os policiais durante a fuga. O condutor acabou preso por condução sem habilitação legal, por desobediência ao sinal de paragem e por condução perigosa. O homem, que tem Termo de Identidade e Residência, também foi ouvido pela Polícia Judiciária (PJ), segundo fontes policiais informaram à agência Lusa.