Partido Comunista Português condena "brutal repressão israelita" contra palestinos
O Partido Comunista Português condenou hoje "a brutal violência" das forças militares israelitas contra os muitos milhares de manifestantes palestinos que, "no Dia da Terra, se manifestam na chamada Grande Marcha do Retorno".
"O autêntico massacre deste dia 30 de março de 2018 espelha a dramática realidade do povo palestino. Expulso da sua terra, vivendo sob a ocupação ou espalhado pelos campos de refugiados, vítima permanente de guerras, chacinas e brutais atos de repressão", criticam os comunistas, num comunicado do partido.
Os palestinos iniciaram hoje uma jornada de greve e luto nacional pelos 16 mortos e 1.400 feridos provocados pelos confrontos entre o exército israelita e os manifestantes, na fronteira de Gaza com Israel.
O PCP lamenta que o povo palestino não encontre, da parte da comunidade internacional, "qualquer perspetiva de solução política do problema que assegure aquilo que lhe é prometido, desde há sete décadas, em numerosas resoluções das Nações Unidas".
"A criação de um Estado Palestino viável e soberano, em território palestiniano, com Jerusalém Leste como capital, assegurando o direito de regresso dos refugiados", apontam os comunistas.
O PCP condena ainda o que chama de "provocação do Presidente dos EUA", Donald Trump, que recentemente anunciou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e irá transferir a sua embaixada para essa cidade, "contrariando abertamente todas as resoluções da ONU e os próprios compromissos dos EUA".
"O PCP apela ao reforço da solidariedade com o povo palestino e a sua heróica luta neste ano em que se assinalam os 70 anos da Nakba - a catástrofe da limpeza étnica dos palestinianos que acompanhou a criação, em 1948, do Estado de Israel", referem.
Para os comunistas, esta solidariedade "terá de encontrar expressão concreta nos próximos dias e semanas, com destaque para o dia 14 de maio, dia da anunciada provocação de Trump".
Caso aconteça em 14 de maio, a inauguração das instalações temporárias da nova embaixada dos EUA em Jerusalém coincidirá com o 70.º aniversário da criação do Estado de Israel.
Segundo a agência EFE, cerca de 40 mil pessoas participaram nos protestos de sexta-feira e mais de 1.400 ficaram feridas, entre as quais, 800 com ferimentos de bala e 600 por inalação de gás. Cerca de 20 feridos estão em estado crítico.
O secretário-geral da ONU, António Guterres já afirmou estar "profundamente preocupado" com a agitação em Gaza e apelou a uma "investigação independente e transparente" dos acontecimentos.
O movimento de protesto, organizado pelo Hamas (movimento fundamentalista islâmico da Palestina) deve durar seis semanas e destina-se a exigir o "direito de retorno" dos refugiados palestinos e denunciar o bloqueio de Gaza.
As forças israelitas, que também destacaram blindados para a zona fronteiriça, utilizaram munições reais contra os manifestantes que tentavam ultrapassar as barreiras de segurança.
O exército israelita afirmou que utilizou balas reais depois de os manifestantes palestinos, situados junto à zona fronteiriça, terem lançado pedras e bombas incendiárias em direção aos soldados israelitas.
O exército informou também que atacou três posições do Hamas, com tanques e aviões, na sequência dos ataques contra a fronteira, que incluíram disparos do lado palestino por parte de duas pessoas, que foram mortas.