Italiano Dario Fo, Nobel de Literatura, morre aos 90 anos
O escritor, dramaturgo e ator italiano Dario Fo, vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1997, morreu nesta quinta-feira, aos 90 anos, em um hospital de Milão, na Itália, onde estava internado por conta de problemas respiratórios, segundo os meios de comunicação locais.
Fo nasceu no dia 24 de março de 1926 no pequeno município de Sangiano, província de Varese, e, embora tenha estudado pintura e arquitetura, é conhecido principalmente por seu papel como dramaturgo, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1997.
Durante sua carreira esteve acompanhado por sua esposa, a atriz Franca Rame, quem morreu em 2013, com quem formou um binômio intelectual consagrado essencialmente no teatro político e satírico onde narravam problemas da sociedade de seu tempo.
Durante sua longa trajetória escreveu mais de 100 obras teatrais, que ele mesmo interpretava, além de vários livros.
O último foi publicado em setembro e falava sobre o cientista Charles Robert Darwin, "Darwin Ma siamo scimmie da parte di padre o di madre?" (Darwin, somos macacos por parte de pai ou de mãe?) e que continha perguntas sobre a origem da vida e estava ilustrado com seus desenhos.
Também no livro que publicou pouco antes do seu 90º aniversário, "Dario e Deus", ao lado da jornalista Giuseppina Manin, o prêmio Nobel questiona sobre a religião e a espiritualidade desde um ponto de vista irônico e satírico, características que sempre definiram seus obras.
Em 1969 ele lançou uma de suas obras teatrais mais aplaudidas e influentes, "Mistero Buffo", onde aborda algumas passagens bíblicas no estilo de trovadores medievais.
No ano seguinte, apresentou outra de suas obras-primas, "Morte acidental de um anarquista", que narra a estranha morte do partisano Giuseppe Pinelli, que em 1969 se jogou de uma janela da chefia de Polícia de Milão, onde estava detido.
Seu ativismo político foi especialmente relevante nos agitados Anos de Chumbo, entre os anos 1970 e 1980, quando criou a organização "Soccorso Rosso Militante" para proporcionar assistência legal aos militantes da esquerda presos.
Em 1990, estreou "Il papa e la strega", obra que representa um pontífice autor de uma encíclica inverossímil onde defendia a liberação da droga, o controle da natalidade e o retorno da Igreja à pobreza.
Nos anos dos governos de Silvio Berlusconi seus espetáculos e monólogos estavam dirigidos a ridicularizar o mandatário com seu habitual sarcasmo.