Birmânia: Pelo menos oito mortos em confrontos
Pelo menos oito pessoas morreram no noroeste da Birmânia em novos confrontos entre o exército e guerrilhas de três minorias étnicas do país, informa hoje a imprensa estatal.
Os confrontos tiveram lugar no domingo em Muse, na fronteira com a China, e Kutkai, ambas no norte do estado Shan, zona palco de conflitos armados há décadas.
Segundo o jornal Global New Light of Myanmar, os confrontos foram provocados por ataques a postos militares e da polícia por parte do Exército para a Independência Kachin, Exército de Libertação Nacional Ta'ang e milicianos da minoria kokang.
Um soldado, três polícias, um membro da milícia civil e três moradores morreram e 29 pessoas ficaram feridas, incluindo nove polícias, segundo o mesmo diário.
Na sequência da ofensiva, várias bombas caíram do lado chinês da fronteira, onde não foram registados feridos. No entanto, as autoridades chinesas a destacaram um dispositivo de emergência na zona e mais unidades de polícia militarizada.
O recrudescimento da violência representa mais um golpe nos esforços da líder de facto do governo birmanês, Aung San Suu Kyi, para alcançar um acordo de paz com as guerrilhas.
O governo organizou em agosto uma conferência de paz, que reuniu 18 das 21 guerrilhas do país e terminou com uma declaração de boas intenções, mas sem grandes acordos.
Os ta'ang e kokang não participaram no encontro, devido ao veto dos militares, ao contrário do que sucedeu com os kachin, que enviaram uma delegação. Os kachin, com cerca de 10.000 milicianos, enfrentam o exército desde 2011, após o fim de um cessar-fogo que durou 17 anos.
Esse diálogo não deteve, contudo, a ofensiva levada a cabo na zona pelo exército birmanês, ao qual a Constituição concede amplos poderes, incluindo os ministérios da Defesa, Interior e Fronteiras, e poder de veto no parlamento.
Uma maior autonomia é a principal reivindicação de quase todas as minorias étnicas da Birmânia, incluindo a chin, kachin, karen, kokang, kayah, mon, rakain, shan e wa, as quais representam mais de 30% dos 48 milhões de habitantes do país.