Cuba e UE por uma nova etapa em relações bilaterais
Depois da assinatura de um Acordo de Dialogo Político e Cooperação, Cuba e a União Europeia (UE) abrem uma nova etapa das relações bilaterais na qual procurarão dinamizar os nexos sobre bases de igualdade, reciprocidade e respeito.
Em um dia conceituado como histórico, a alta representante de Política Exterior da UE, Federica Mogherini, recebeu ao ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, na sede do Conselho Europeu, onde assinaram o documento junto aos representantes dos 28 países que atualmente integram o bloco comunitário.
'Esta é uma declaração forte de nossa parte. A UE e todos os estados membros assinaram juntos, hoje, como mostra do compromisso de trabalhar com Cuba', sustentou a diplomata italiana em resposta a uma pergunta da Prensa Latina, durante uma coletiva de imprensa.
Por sua vez, o chanceler cubano assegurou que esse acordo seguramente contribuirá a enriquecer uma relação histórica e culturalmente intensa, e a desenvolver em maior medida os vínculos políticos, culturais, comerciais, financeiros, cientistas, acadêmicos, esportivos e de cooperação.
O acordo chega depois da abolição da chamada Posição Comum, adotada pelo bloco regional desde 1996 e recusada por Havana por causa de seu caráter qualificado de unilateral, ingerencista, seletivo e discriminatório.
A respeito, o vice-chanceler cubano, Abelardo Moreno, aclarou recentemente que essa política unilateral tinha sido superada de facto a partir de 2008, como o evidência a positiva evolução das relações nos últimos anos entre Cuba e a UE.
O instrumento assinado reveste uma alta significação para o avanço nas relações bilaterais, as quais não obstante seguirão enfrentando o obstáculo que representa o bloqueio de Estados Unidos contra Cuba e seu aplicativo extraterritorial, tal como alertou o ministro cubano de Relações Exteriores.
Nos últimos anos, numerosas empresas e bancos europeus têm devido pagar multas milionárias por ter vínculos com Cuba, a raiz das sanções aplicadas por Washington contra Havana em uma política hostil condenada pela quase totalidade da comunidade internacional.
Mogherini também reconheceu esse fato ao reiterar as preocupações expressadas pela UE sobre o aplicativo extraterritorial do bloqueio, e estimou que essas sanções não só afetam os interesses da ilha caribenha e seu povo, mas também os interesses europeus.
Apesar dessa situação, Rodríguez manteve uma visão otimista ao afirmar que 'existem oportunidades e condições particularmente favoráveis, pese ao aplicativo extraterritorial do persistente bloqueio estadounidense a Cuba, para que a União Europeia e os países que a integram tenham um peso maior em nossos planos de desenvolvimento'.
Ao referir à significação do acordo bilateral, os dois representantes diplomáticos indicaram que o texto também propiciará o trabalho conjunto e a busca de soluções quanto a problemáticas globais urgentes como as migrações, a luta contra a mudança climática e o confronto ao terrorismo.
Assim, Mogherini sublinhou a relevância regional do acordo pois mostra a vontade do bloco comunitário de trabalhar junto com América Latina e Caribe.
'Quando na Europa se fala de vínculo transatlântico, se costuma pensar nos Estados Unidos, mas há mais, nossos vínculos transatlânticos com o Caribe e América Latina são tão fortes como com Estados Unidos', afirmou.