"Tensão leva a ruptura das relações diplomáticas de Turquia-Países Baixos "
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As tensões entre a Turquia e Holanda aumentou . o Ministro turco da Família, Sayan Betül Kaya, é declarado 'estrangeiro indesejável "por parte das autoridades holandesas.
(last modified 2018-08-22T15:31:57+00:00 )
Mar. 12, 2017 07:11 UTC

As tensões entre a Turquia e Holanda aumentou . o Ministro turco da Família, Sayan Betül Kaya, é declarado 'estrangeiro indesejável "por parte das autoridades holandesas.

A crise diplomática entre os dois países ocorre após o governo holandês proibiu a entrada do ministro dos Negócios Estrangeiros turco Mevlut Cavusoglu.

A caravana automóvel onde seguia a ministra dos Assuntos Familiares turca foi bloqueada pela polícia holandesa quando se dirigia para o consulado da Turquia em Roterdão, sul da Holanda, para participar num comício sobre o referendo convocado por Ancara.]

A Holanda disse hoje que foi impossível uma solução razoável com a Turquia sobre o conflito bilateral desencadeado no sábado após a proibição de entrada de dois ministros que iam participar num comício em Roterdão sobre o referendo em Ancara.

Sayan Kaya, 36 anos, pretendia garantir apoios ao referendo constitucional turco de 16 de abril, que decidirá o reforço dos poderes executivos do Presidente Recep Tayyip Erdogan.

Em simultâneo, e em diversos pontos de Roterdão, decorriam manifestações com centenas de pessoas, a favor ou contra a presença de políticos turcos em atos de campanha neste país da Europa central, em reta final para as eleições legislativas da próxima quarta-feira.

O Governo holandês justificou ainda a decisão de "retirar os direitos de aterragem" do aparelho que deveria conduzir o chefe da diplomacia turca, Melvut Cavusoglu ao país, para participar hoje num comício nesta mesma cidade holandesa.

Sayan Kaya entrou depois na Holanda por estrada, proveniente da Alemanha. O chefe da diplomacia turca dirigiu-se entretanto para Metz (nordeste de França), onde o seu avião já aterrou, para participar no domingo num comício convocado para esta cidade, convocado pela União dos Democratas Turcos Europeus (UETD), seção Lorraine.

As intervenções dos ministros turcos estavam previstas no âmbito da campanha para o referendo constitucional de 16 de abril, destinado a reforçar os poderes presidenciais de Recep Tayyip Erdogan na Turquia.

As autoridades holandesas impediram no sábado a aterragem do avião do ministro dos Negócios estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, em Roterdão, onde pretendia participar num comício, tal como a ministra dos Assuntos Familiares, Fatma Betül Sayan Kaya, que viajou de carro desde a Alemanha até àquela cidade da Holanda.

Por fim, o chefe da diplomacia turca foi para França e a ministra dos Assuntos Familiares, que viu proibida a sua entrada no consulado turco de Roterdão, foi escoltada esta madrugada até à fronteira com a Alemanha. O governo holandês disse esta madrugada em comunicado que "no contato mútuo com a Turquia, a Holanda deixou claro em várias ocasiões que não se devia comprometer a ordem pública e a segurança no país", segundo a imprensa local.

Além disso, disse que "a busca de uma solução razoável foi impossível", e afirmou que "os ataques verbais por parte das autoridades turcas que se seguiram no dia de hoje são inaceitáveis".

As autoridades holandesas consideraram que a visita da ministra turca dos Assuntos Familiares "foi irresponsável neste contexto", tendo transmitido ao Governo turco que Fatma Betül Sayan Kaya "não era bem-vinda à Holanda", recordando que apesar de o país ter informado que não permite a campanha política pública da Turquia no seu território "ela decidiu viajar".

Perante esta situação, o Governo holandês sublinhou que pediu à ministra turca em várias ocasiões para que regressasse ao seu país, pelo que finalmente foi escoltada até à Alemanha, por onde tinha entrado na Holanda.

Por fim, o Governo holandês informou que "mantém o seu compromisso de diálogo com a Turquia". No sábado, a embaixada e o consulado holandeses em Ancara foram encerradas pelas autoridades turcas por "razões de segurança", anunciaram fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros turco.

As residências do embaixador e do chefe do consulado da Holanda na capital turca, foram também encerradas pelas mesmas razões. A decisão das autoridades turcas surge na sequência do Governo holandês ter anunciado que iria recusar a entrada, na Holanda, do ministro dos Negócios Estrangeiros turco, para um encontro, com a comunidade turca local, com o objetivo de conquistar apoios para um referendo sobre o aumento dos poderes do Presidente do país, Recep Tayyip Erdogan.

A proibição enfureceu a Turquia, e Erdogan declarou que a decisão das autoridades holandesas contém "vestígios nazis". Na mesma linha, as autoridades turcas avisaram a Holanda para que o embaixador holandês em Ancara, atualmente fora do país, em férias, não regresse "durante algum tempo" para retomar a sua atividade.

O debate em torno das propostas de alteração legislativa - que na prática convertem o sistema democrático parlamentar, em vigor na Turquia, num sistema presidencialista - tem sido tenso na Turquia e na Europa.

Erdogan salienta que é necessária uma Presidência forte para dar músculo à Turquia, uma vez que o país está confrontado com múltiplas ameaças terroristas.

Os críticos argumentam que as alterações vão concentrar demasiados poderes nas mãos de Erdogan, bem como anular o sistema de controlo ('checks and balances') quanto à sua governação.

Para além das tensões com a Holanda, a Turquia protagonizou na semana passada um incidente semelhante na Alemanha, após diversas autoridades locais terem cancelado as intervenções de ministros turcos, no âmbito da campanha para o referendo constitucional.

A Alemanha acolhe a mais importante comunidade turca na Europa, cerca de 3,5 milhões de pessoas, com cerca de metade com direito a voto para o decisivo referendo de 16 de abril.