Franceses vão às urnas sob forte esquema de segurança
Sob forte aparato de segurança, os franceses foram às urnas neste domingo para o primeiro turno de uma eleição presidencial marcada pela indefinição, e considerada crucial para o futuro da União Europeia.
Os pontos de votação abriram às 8h pelo horário local (3h pelo horário de Brasília), três dias após um ataque terrorista em Paris. No total, 50 mil policiais e 7 mil militares foram mobilizados para garantir a segurança em todo o território francês.
Analistas apontam que esta seja a mais imprevisível eleição presidencial da história recente da França, com uma disputa acirrada entre quatro dos 11 candidatos, e nível elevado de indecisão dos eleitores. O centrista Emmanuel Macron e a líder de extrema-direita, Marine Le Pen, lideravam as pesquisas de intenção de voto publicadas nas sexta-feira, mas o conservador François Fillon e o candidato da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, acompanhavam de perto. A diferença entre eles está dentro da margem de erro, o que significa que todos têm chances de chegar ao segundo turno.
Marine Le Pen, líder da Frente Nacional (FN), de 48 anos, espera beneficiar-se da onda populista que resultou na vitória de Donald Trump nos EUA e o voto a favor da saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Com um programa centrado no "patriotismo" e na "preferência nacional", Le Pen defende a saída do euro e da UE, promessas que, caso cumpridas, poderiam representar um golpe fatal a um bloco já fragilizado pelo Brexit.
Emmanuel Macron, ex-ministro da Economia do presidente François Hollande, fez uma campanha com um programa abertamente europeísta e liberal, com o desejo de reativar o motor do continente. O ex-executivo do setor bancário, praticamente desconhecido há apenas três anos e que nunca disputou uma eleição, pode se tornar, aos 39 anos, o presidente mais jovem da história da França.
A reta final da campanha presidencial foi sacudida por um atentado na avenida Champs-Élysées, num país traumatizado por uma onda de ataques jihadistas que provocou mais de 230 mortes desde 2015. Apesar de ser difícil medir o impacto deste ataque na eleição, alguns especialistas acreditam que a sensação de medo pode influenciar o eleitorado.
A campanha foi considerada atípica. Com recorde de impopularidade, o presidente François Hollande renunciou à disputa da reeleição, algo nunca visto na França em mais de 60 anos. O seu primeiro-ministro, Manuel Valls, foi eliminado nas primárias do Partido Socialista por um candidato mais à esquerda, Benoît Hamon. Porém, segundo as pesquisas, os socialistas não têm chances de chegar ao segundo turno.
O conservador François Fillon perdeu sua condição de favorito após a imprensa revelar que sua esposa e dois de seus cinco filhos se beneficiaram de cargos públicos supostamente fictícios. Acusado de desvio de verbas públicas e apropriação indébita, Fillon diz ser inocente, mas perdeu muitos apoios após o escândalo.
Marine Le Pen também é investigada por empregos supostamente fictícios no Parlamento Europeu, onde ocupa o cargo de eurodeputada, e por supostas irregularidades no financiamento de campanhas passada. Mas difente de Fillon, ela se nega a ser interrogada pela Justiça, invocando sua imunidade.
A última surpresa chegou da esquerda radical. Mélenchon, um ex-socialista convertido em símbolo da frente “França Insubmissa”, teve uma escalada nas intenções de votos e encostou nos outros três candidatos que lideravam a corrida. Admirador do ex-presidente venezuelano, Hugo Chávez, e do ex-líder cubano, Fidel Castro, se diz disposto a pôr fim na política de austeridade.
A votação termina às 20h (15h de Brasília). Os dois candidatos com o maior número de votos disputarão o segundo turno em 7 de maio.