Emmanuel Macron é o novo Presidente de França
Emmanuel Macron, de 39 anos, é o novo Presidente de França, avança o Libération.
O Libération avança que o candidato centrista teve 65 e 66,1 % das intenções de voto, segundo as primeiras projeções. A participação eleitoral ficou na casa dos 74%.
Segunda volta das eleiçõess francesas teve uma elevada abstenção.
Emmanuel Macron é o novo presidente de França, de acordo com as primeiras projeções das televisões ao fecho das urnas.
Esta segunda volta das presidenciais francesas tiveram uma participação inferior à primeira, segundo as previsões de afluência realizadas a meio da tarde.
Le Pen fez discurso, informando que já ligou para Macron para felicitá-lo pela vitória, e destacou a grande recomposição política que significou este segundo turno, e que a Frente Nacional se coloca como força de oposição ao novo governo.
Dissidente socialista, Macron foi ministro das Finanças do presidente François Hollande entre 2014 e 2016, mas rompeu com o governo por discordar dos "dogmas da esquerda" e para lançar sua corrida ao Palácio do Eliseu. Ele se apresenta como uma espécie de terceira via liberal e europeísta.
O impacto imediato será o reforço do projeto de integração europeu, do qual ele é um entusiasta. Le Pen defendia erguer barreiras protecionistas, retirar a França do bloco econômico e possivelmente retomar o franco como moeda, em vez do euro.A eleição de Macron, comemorada por militantes diante do Museu do Louvre, marca ademais transformações históricas no país.Esta foi a primeira vez em que os dois principais partidos franceses -socialistas e republicanos- não concorreram no segundo turno. É também a primeira vitória de um candidato sem a estrutura de uma sigla tradicional.Ele será o presidente mais jovem desde a eleição em 1848 de Luís Napoleão, sobrinho de Napoleão, aos 40.
O movimento Em Frente!, de Macron, foi fundado há um ano nos moldes de uma start-up, assentado em uma rede de 260 mil militantes, parte deles inexperientes.
A uma população desencantada com a atual divisão entre direita e esquerda, buscou se vender como alguém além dessa divisão. Acena ora com o afrouxamento das leis trabalhistas, que deverá ter dura oposição dos influentes sindicatos, ora com medidas de proteção social, tema caro aos franceses.
BIOGRAFIA
Com porte de galã e autor de um romance épico inédito -"Babilônia, Babilônia"-, Macron personifica uma versão bastante específica da renovação política. Ele é até certo ponto um candidato contrário ao establishment, mas simultaneamente representa esse mesmo sistema.
Ex-filiado ao Partido Socialista, o novo presidente foi, afinal, ministro da Economia do impopular governo de François Hollande, tendo abandonado o barco só em agosto do ano passado.
O presidente eleito dificilmente poderá se apresentar como mais um entre a população. Ele outrora trabalhou para o banco Rothschild, em que recebeu 2,8 milhões de euros (equivalente a R$ 10 milhões) de 2008 a 2012.
Macron foi formado, também, em uma instituição que é símbolo da elite: a ENA (Escola Nacional de Administração), por onde passaram os presidentes Jacques Chirac e François Hollande e os principais nomes da administração da França, quer seja à esquerda ou à direita.
Ele será acompanhado nos próximos cinco anos no Palácio do Eliseu por sua mulher, Brigitte Trogneux.
O casamento é alvo de interesse já há algum tempo. Brigitte é 24 anos mais velha do que ele, e ambos se conheceram quando ela era professora em sua escola.
FISSURAS
A eleições deste ano evidenciaram diversas fissuras na sociedade francesa, ampliadas pela lupa com que foram vistas pelo mundo.
A candidatura de Marine Le Pen, representando um partido populista com histórico de retórica antissemita, assustava a liderança europeia após a eleição do republicano Donald Trump nos EUA e a decisão do Reino Unido de deixar a UE, conhecida como "brexit".
A divisão dos eleitores entre ambos os candidatos é sinal de uma série de temas sobre os quais discordam.
Macron e Le Pen têm, por exemplo, visão distintas da União Europeia: ele a favor e ela contra. Eles também enxergam a imigração de maneiras diferentes: ele quer uma sociedade mais multicultural, enquanto ela quer interromper o fluxo e expulsar migrantes condenados e suspeitos de radicalização.
Há também distinções mais estruturais, como a tendência, comprovada por pesquisas, de que o eleitorado de Macron tenha uma expectativa mais otimista em relação ao futuro, em comparação com o de Le Pen.
A base de Macron é descrita por analistas como a dos "vencedores da globalização", aqueles que se beneficiaram da integração à economia mundial. Le Pen representa, por outro lado, as periferias e pequenas cidades onde o fechamento de fábricas destruiu empregos. O desemprego na França está hoje em cerca de 10%.
FUTURO
Recém-eleito, Macron ainda não pode relaxar na cadeira de presidente. Ele enfrenta já em junho as eleições legislativas que darão o tom geral de seu governo. Sem a maioria dos legisladores, será complicado aprovar as reformas que propõe.
Será determinante, agora, quanto apoio virá dos tradicionais Partido Socialista e Republicanos, que ele derrotou já no primeiro turno.
As duas siglas se uniram em torno da candidatura dele contra Le Pen neste domingo, apoiando publicamente o candidato, mas não especificamente por concordar com sua plataforma.
A adesão à campanha de Macron foi vista como maneira de impedir Le Pen de chegar até a Presidência.