Espanha: Milhares de manifestantes em Madrid exigem que Governo receba refugiados
Milhares de pessoas manifestaram-se hoje no centro de Madrid para exigir ao Governo de Mariano Rajoy que tome medidas urgentes para cumprir o compromisso de receber 17.000 refugiados até 26 de setembro.
Com o lema 'Basta de desculpas. Não às barreiras. Queremos acolher já!', os manifestantes querem que o executivo espanhol e a União Europeia "não joguem com a vida de milhões de pessoas" e que sejam oferecidas políticas migratórias que "garantam os direitos humanos".
"Pela primeira vez conseguimos reunir 116 entidades diferentes, organizações não-governamentais, partidos políticos e sindicatos, para exigir que o Governo receba 17.337 dos refugiados que estão em Itália e Grécia", explicou à agência Lusa Angela Iranzo, porta-voz de 'Queremos receber já'.
Para esta ativista, "é uma vergonha que a Espanha só tenha ainda recebido 7% do número de pessoas" que se tinha comprometido acolher em 2015.
"A Europa está neste momento a fechar as suas fronteiras e devia estar a fazer o contrário, a abrir as barreiras à entrada dos refugiados", disse por seu lado Alba Teresa Higuero, uma refugiada colombiana que reconheceu à Lusa ter sido muito bem tratada quando chegou a Espanha há 14 anos.
O drama dos fugitivos de conflitos bélicos, violência e perseguições afetam 65 milhões de pessoas e, no ano passado, mais de 1,2 milhões tentaram procurar refúgio na Europa e perto de 7.500 perderam a vida, segundo números da Organização Internacional de Migrações (OIM), divulgados no passado mês de janeiro.
A OIM considera a rota do Mediterrâneo a mais mortífera, com mais de 5.079 pessoas mortas, seguida da rota do norte de África, com 1.124 vítimas mortais.
"Queremos que o Governo [espanhol] responda rapidamente aos pedidos de ajuda e cumpra o seu compromisso", disse o ex-ministro da Educação do PSOE Angel Gabilondo, também presente na cabeça da marcha.
Os manifestantes percorreram a conhecida Gran Vía da capital espanhola, sob uma temperatura de quase 40 graus, apesar de a iniciativa ter começado às 19:00 locais (18:00 em Lisboa).
Segundo o manifesto da iniciativa, pretende-se uma "Europa acolhedora, não uma Europa fortaleza", que assegure um abrigo aos afetados, principalmente aos mais vulneráveis, como as mulheres, as crianças os mais velhos, ou pessoas com mobilidade reduzida.
Os manifestantes empunhavam cartazes com as mais variadas palavras de ordem: "Já não podemos mais", "SOS refugiados", "Cansados de esperar, que me acolham já" e "Basta de desculpas. Não às barreiras", entre outras.
Num comunicado subscrito pelas entidades que convocaram a manifestação, foi reclamado aos Estados-membros da União Europeia o estabelecimento de vias legais e seguras e um aumento do número de locais de acolhimento.
A declaração também pede garantias para que os processos de asilo sejam justos e condições adequadas de acolhimento e integração, com proteção urgente às mulheres e raparigas em risco de sofrer atos de violência, aos menores não acompanhados e a quem esteja doente ou com mobilidade reduzida.