Milhares de separatistas aplaudem dia "histórico" na região
Vários milhares de pessoas reunidas nos jardins ao lado do parlamento catalão consideraram hoje ser um dia "histórico" em que a Catalunha deixou de ser uma "colónia espanhola", depois de ouvirem o discurso de Carles Puigdemont em dois écrans gigantes.
"Estou muito feliz. Estou a viver um dia histórico", disse à agência Lusa Soledad Villas visivelmente emocionada e convencida de que o chefe do executivo catalão tinha declarado a independência da Catalunha.
Poucos minutos antes Carles Puigdemont tinha declarado no parlamento regional que assume o "mandato do povo" para que a Catalunha seja um "Estado independente", mas propôs a suspensão dos seus efeitos para procurar o diálogo com Madrid.
"É como se fosse a declaração de independência", explicava Anna Mesa, acrescentando que se trata de "uma estratégia para ganhar alguns dias e podermos negociar com a ajuda da União Europeia".
Todos aguardam agora a reação do Governo espanhol, que insiste em tratar o problema com a Catalunha como uma questão interna sem necessidade de ajuda ou intermediação de qualquer parceiro europeu.
"Depois de centenas de anos como colónia espanhola conseguimos a nossa libertação", estima Maria Falgas, que agora espera "que a comunidade internacional diga qualquer coisa".
Desde o início da tarde que vários milhares de pessoas se começaram a reunir nos jardins contíguos ao parlamento catalão à espera que Carles Puigdemont declarasse a tão esperada independência da região mais rica de Espanha, com 7,5 milhões de habitantes.
Muitas bandeiras separatistas e as pessoas iam aplaudindo ou assobiando conforma a cor partidária dos deputados regionais que viam entrar no plenário por um dos dois ecrãs gigantes colocados em pontos estratégicos do jardim.
Muitos assobios também quando algum helicóptero da polícia sobrevoava a multidão composta por pessoas de todas as idades.
"Declaramos a independência e vamos dar alguns dias para negociar os termos com os espanhóis que na realidade são uns ditadores que nos roubam 16 mil milhões de euros anualmente", assegurava António Molero, visivelmente satisfeito com o discurso de Puigdemont.
Os manifestantes ainda não sabiam que o chefe do Governo espanhol, em Madrid, também tinha ouvido o discurso de Puigdemont e tinha antes reiterado que "fará tudo o que for preciso", com "mão firme e sem complexos" para impedir a independência da Catalunha.