Visita de Obama evidencia retorno da Argentina ao cenário internacional
(last modified Wed, 23 Mar 2016 17:54:16 GMT )
Mar. 23, 2016 17:54 UTC
  • Visita de Obama evidencia retorno da Argentina ao cenário internacional

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou às 10h55 desta quarta feira (23) na Casa Rosada, em Buenos Aires, para seu primeiro compromisso oficial na Argentina.

Obama se deslocou de carro desde a embaixada americana, onde está hospedado, até a sede do Executivo argentino.

O trajeto de cerca de sete quilômetros foi acompanhado por centenas de argentinos que se aglomeraram nas ruas da capital para acompanhar a comitiva do presidente americano.

Na Casa Rosada, Obama foi recebido pelo presidente Mauricio Macri. Eles posaram para fotos e seguiram para uma reunião fechada. À tarde, o americano se encontrará com jovens argentinos para uma conversa e, na sequência, participará de um jantar oferecido por Macri para cerca de 400 pessoas no Centro Cultural Néstor Kirchner.

Em entrevista coletiva ao lado de Macri, Obama disse que o Brasil vai superar a crise política. “Trata-se um país que tem uma democracia madura, um sistema forte, que lhe permitirá prosperar e ser o líder de que necessitamos", afirmou o presidente americano.

Macri destacou o sentimento de afeto da Argentina "pelo povo brasileiro" e definiu o Brasil como principal sócio de seu país. “O que ocorre no Brasil reflete-se na Argentina”, afirmou o presidente.

 Visita histórica 

Barack Obama é o primeiro presidente dos Estados Unidos a visitar a Argentina, para uma reunião bilateral, desde Jimmy Carter, há 19 anos. Ele chegou na madrugada de hoje, procedente de Cuba, onde realizou outra visita histórica: a primeira de um presidente norte-americano em 88 anos. 

Na Argentina, Obama e Macri assinaram acordos de combate ao narcotráfico e à lavagem de dinheiro e de cooperação nas fronteiras, além de outros, na área de educação e pesquisa. De acordo com Obama, os empresários norte-americanos já se comprometeram a investir “dezenas de milhões de dólares” na Argentina. 

O presidente americano elogiou Macri, por tentar fazer muito em tão pouco tempo (ele acaba de completar 100 dias de governo) e por defender o diálogo para acabar com a polarização política. Macri disse que Obama é a prova de que, querendo, pode-se fazer muito para mudar uma situação. 

Arquivos da ditadura 

Obama prometeu abrir os arquivos da ditadura argentina (1976-1983) que estão em seu país – alguns dos quais só seriam desclassificados em 10 anos. Ele disse que muitos documentos desse período já se tornaram públicos, mas esses serão os que pertencem às Forças Armadas e aos serviços de inteligência dos Estados Unidos. 

O anúncio coincide com os 40 anos do golpe militar na Argentina, que se completam amanhã (24). Obama visitará o Parque da Memória, em homenagem às vítimas dos chamados anos de chumbo na Argentina, antes de embarcar para Bariloche, no Sul do país, onde vai descansar com a família. 

Depois do encontro com Macri, durante o qual ambos lamentaram os atentados de terça-feira (22), que mataram mais de 30 pessoas na capital da Bélgica, Obama foi à catedral em que papa Francisco celebrava missa quando era arcebispo de Buenos Aires, para homenagear as vítimas do atentado ao centro judaico Amia, em 1994. No ataque, que ainda está sendo investigado, morreram 85 pessoas.

No início desta manhã, a ministra de Relações Exteriores argentina, Susana Malcorra, e o embaixador americano, Noah Mamet, assinaram acordos bilaterais nas áreas de segurança e comércio.

Essa é a primeira visita oficial de um presidente dos EUA à Argentina desde 1997, quando Bill Clinton se encontrou com Carlos Menem. George W. Bush esteve no país em 2005, mas para uma reunião de cúpula.

Os ministros argentinos de Relações Exteriores, Susana Malcorra, de Segurança, Patricia Bullrich, e do Interior, Rogelio Frigerio, assinaram acordos hoje (23) com seus pares norte-americanos nas áreas de segurança, cooperação para prevenir “crimes graves" e de comércio para atrair investimentos.

A cerimônia foi no Salão Dourado do Palácio San Martín, em Buenos Aires, durante a visita oficial do presidente dos Estados Unidos Barack Obama. O embaixador norte-americano na Argentina, Noah Mamet, encabeçou a delegação que assinou os tratados. 

"Estes acordos mostram um novo caminho de trabalho conjunto. É o início de uma negociação e implica em uma mudança importante na relação bilateral entre os dois países”, disse Susana durante a cerimônia, na qual destacou “os resultados concretos já obtidos em tão pouco tempo” de negociações diplomáticas. 

A chanceler reafirmou que a “nova forma de trabalho” entre Argentina e Estados Unidos demonstra “relações maduras e inteligentes que nos ajudam a construir um futuro melhor”. 

Acordos 

Os acordos assinados foram quatro: um sobre aumento da cooperação para prevenir e combater crimes graves, um sobre segurança e facilidades de deslocamento entre os países, um para regular a colocação de oficiais de segurança e, por último, um sobre comércio e investimento. 

Sobre o acordo de segurança, a ministra Patricia Bullrich explicou que a ideia é reforçar o “intercâmbio de informações na luta contra o crime organizado, o terrorismo e o narcotráfico”. Segundo ela, “serão formadas forças-tarefas para manter uma estreita colaboração em caso de pessoas ou quadrilhas que possam estar operando em um ou outro lado”. 

Também foi assinada uma declaração conjunta de apoio à Organização dos Estados Americanos e ao Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos. 

Os acordos se somam a um memorando de entendimento para combater a lavagem de dinheiro, firmado entre a Unidade de Informação Financeira da Argentina e a Rede de Combate a Crimes Financeiros (Financial Crimes Enforcement Network), dos Estados Unidos. 

Visita oficial 

O presidente Barack Obama chegou na manhã de hoje à Argentina, vindo de Cuba, acompanhado da esposa, Michelle Obama, das duas filhas e de uma comitiva com 400 empresários. Passados 100 dias da posse do presidente Mauricio Macri, a Argentina precisa atrair investimentos estrangeiros: os preços das commodities, cujas exportações eram a principal fonte de divisas do país, estão em queda e o Brasil, seu principal sócio comercial, está em crise.

REAPROXIMAÇÃO

A visita oficial de Obama marca a reaproximação dos Estados Unidos e da Argentina, que haviam se afastado nos últimos oito anos durante os mandatos de Cristina Kirchner.

Na semana passada, em entrevista a um programa de TV do canal americano CNN, Obama afirmou que tinha uma relação cordial com Cristina, mas que as políticas da argentina eram "sempre anti-estadunidenses".

Desde que Mauricio Macri assumiu a presidência, em dezembro do ano passado, o governo de Obama vem elogiando as novas medidas adotadas pelo país.

Há 15 anos, existe um forte sentimento contra os Estados Unidos na Argentina, pois parte da população culpa o país e o FMI pela crise de 2001.

Nos últimos anos, porém, a imagem dos EUA vem melhorando. Hoje, 45% dos argentinos tem uma boa imagem do país e 18%, uma ruim. Em 2008, 29% viam os EUA de forma positiva e 32% de forma negativa.