Maduro anuncia a emissão do Petro, a moeda virtual da Venezuela

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta sexta-feira a emissão de 100 milhões do Petro, uma moeda virtual venezuelana "para avançar em matéria de soberania monetária, para fazer transações financeiras e para vencer o bloqueio financeiro".

"Pedi a emissão de 100 milhões de petros com o sustento legal das riquezas do petróleo venezuelanas", disse Maduro durante um Conselho de Ministros no Palácio Miraflores (sede do governo) na capital Caracas.

Ele indicou que “cada petro terá um valor igual ao preço do barril de petróleo da cesta venezuelana”, que atualmente é cotado em cerca de 59 dólares. Além disso, informou que as casas de câmbio virtuais já estão ativadas, como um teste, e que, nos próximos dias, a criptomoeda  venezuelana estará em circulação.

Do mesmo modo, convocou uma reunião está marcada para a nova criptomoeda venezuelana para 14 de janeiro e convidou todos os investidores internacionais em moedas virtuais a apresentar o "certificado de petro".

“A Venezuela criou de sua criptomoeda”.

Maduro lançou esta criptomoeda venezuelana como uma maneira de contornar as sanções financeiras que os Estados Unidos impuseram ao governo bolivariano em agosto. As sanções dos EUA, para muitos especialistas, procuram prejudicar a economia venezuelana e, em particular, sua principal fonte de renda, o petróleo, porque as medidas punitivas da Casa Branca tentam evitar que os cidadãos e entidades desse país transfiram novas dívidas de Caracas e sua  companhia petrolífera Petróleos de Venezuela  (PDVSA).

Seu nome é Petro. (...) Isto vai permitir que avancemos para novas formas de financiamento internacional para o desenvolvimento econômico e social do país", disse Maduro. O presidente explicou que o seu governo com a emissão de moeda virtual "atrelada às reservas de ouro, petróleo, gás e diamante" da Venezuela. Nesse sentido, Maduro também anunciou a criação do observatório de "blockchain", uma tecnologia que busca a descentralização como medida de segurança através de bases de dados e registros distribuídas e compartilhadas, que possuem a função de criar um índice global para todas as transações que ocorrem em um determinado mercado.

Segundo Maduro, o observatório de "blockchain" ficaria subordinado ao Ministério de Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, e será "a base institucional, política e jurídica para a moeda virtual venezuelana". "Para implementar este observatório foi formada uma equipe multidisciplinar de 50 pessoas (...). Propomos a formação de um equipe multidisciplinar de especialistas nas áreas de tecnologia, economia, finanças, jurídica, monetária, midiática, entre outras", explicou Maduro.

O chefe de Estado disse que recebia as propostas da Associação Nacional de Criptomoedas que, segundo um de seus integrantes, acredita no desaparecimento do dinheiro fiduciário no futuro e propõe ao Estado venezuelano realizar a venda de petróleo através do Petro.

O Bitcoin, a moeda virtual mais famosa criada em 2009, está baseada em uma tecnologia criada por um engenheiro conhecido pelo pseudônimo Satoshi Nakamoto, cuja identidade real é desconhecida. O sistema, global e descentralizado, permite transações diretas entre usuários, sem intermediários, que ficam registradas numa base de dados pública.