Presidente do México criticou Trump sobre planos de fronteira
Pars Today- O presidente mexicano, Enrique Pena Nieto, reiterou nesta quinta-feira a Donald Trump por enviar tropas da Guarda Nacional à fronteira, unindo-se aos opositores para dizer ao líder dos EUA que não desabafasse sua "frustração" política no México.
Trump não conseguiu fazer com que o Congresso dos EUA ou o México financiem totalmente seu muro de fronteira planejado, e Trump disse na quinta-feira que provavelmente manterá as tropas da Guarda Nacional ao longo da fronteira mexicana até que seja construído o muro.
Em um discurso incomumente combativo, Pena Nieto, de aparência severa, instou Trump a parar de semear a discórdia entre as duas nações e exigiu um tom mais respeitoso nas relações bilaterais. "Se suas recentes declarações se devam à frustração com questões relacionadas à política interna, suas leis, ou seu Congresso, dirigem-se a eles, não aos mexicanos", disse Peña Nieto.
Durante meses, o México esteve envolvido em negociações tortuosas com os Estados Unidos e o Canadá para retrabalhar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), mas espera-se recentemente que algum tipo de acordo preliminar esteja ao alcance.
"Presidente Trump: se você quiser chegar a acordos com o México, estamos prontos", disse Pena Nieto, antes de acrescentar: "Não permitiremos que a retórica negativa defina nossas ações".
Pena Nieto e Trump têm tido um relacionamento tenso desde que o Trump nova-iorquino lançou sua campanha em 2015 com a alegação de que alguns imigrantes mexicanos são criminosos e violentos.
A Casa Branca diz que a mobilização da Guarda Nacional faz parte da estratégia de Trump para impedir que imigrantes ilegais entrem no país, a quem ele culpa por crimes graves.
Pena Nieto enfrentou críticas por não ter adotado uma linha dura contra Trump no passado. Os comentários de Trump colocaram a relação entre os países no centro da campanha presidencial do México, onde está perdendo o partido de Pena Nieto.
Todos os candidatos presidenciais do país criticaram na quinta-feira o plano de Trump de militarizar a fronteira. O principal candidato da corrida, Andres Manuel Lopez Obrador, disse que o esquema de Trump era "propaganda" política baseada em desinformação que visava provocar "xenofobia" e "racismo". "Essa grande ameaça na fronteira sul dos Estados Unidos, que ele diz estar lá, não existe", disse o esquerdista Lopez Obrador, que tem uma vantagem de dois dígitos na maioria das pesquisas.
Ricardo Anaya, o candidato ao segundo lugar que lidera uma coalizão de direita-esquerda, ecoou na quarta-feira uma moção do Senado pedindo ao governo que ponha fim à cooperação com os Estados Unidos sobre migração e segurança se Trump não recuasse. "Você não pode negociar ou cooperar com ameaças", disse ele.
José Antônio Meade, candidato do Partido Revolucionário Institucional de Pena Nieto, também atacou o plano de fronteira, e a independente Margarita Zavala chamou-o de "erro histórico" e "ato hostil" em uma carta dirigida a Trump.
Todos os candidatos são críticos incisivos do presidente, e Pena Nieto disse "Como presidente de todos os mexicanos, concordo com as observações deles", disse ele. "Ninguém está acima da dignidade do México."
