Extrema-direita alemã na rua contra Merkel
A extrema-direita alemã está hoje a manifestar-se novamente em Chemnitz contra a política migratória de Angela Merkel, após um homicídio nesta cidade da ex-RDA que se tornou o epicentro dos protestos contra os estrangeiros e a chanceler.
Algumas centenas de pessoas agitando bandeiras da Alemanha começaram ao fim da tarde a concentrar-se de forma pacífica, em resposta à convocatória de um pequeno grupo local de extrema-direita "Pro Chemnitz".
A manifestação decorre à margem de um "diálogo cidadão" organizado pelas autoridades locais com habitantes da cidade da Saxónia, em ebulição desde o fim de semana passado.
Várias centenas de polícias foram mobilizados para a ocasião, por receio de incidentes semelhantes aos que marcaram os anteriores protestos do mesmo tipo no domingo, com "caças coletivas" aos estrangeiros na rua, e na segunda-feira, em que confrontos entre simpatizantes da extrema-direita e da esquerda radical fizeram 20 feridos.
O elemento deflagrador surgiu durante o fim de semana, quando um cidadão alemão de 35 anos foi mortalmente esfaqueado no exterior de uma festa local.
A polícia deteve dois suspeitos, um iraquiano e um sírio, de 22 e 23 anos, respetivamente, acusando-os de terem agido após uma "altercação verbal" com a vítima.
O vice-presidente do Comité Internacional de Auschwitz, Christoph Heubner, emitiu hoje um alerta em relação às manifestações de Chemnitz.
"Os sobreviventes de Auschwitz em todo o mundo encaram os acontecimentos de Chemnitz de forma dramática, estão cada vez mais inquietos face às tentativas de grupúsculos de extrema-direita de tomar o controlo das ruas", declarou, em comunicado.
Por sua vez, o Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, condenou aquilo que classificou como uma evolução "chocante".
A situação é embaraçosa para as forças policiais e para a Justiça da Saxónia, já que enfrentam há vários dias acusações de compadrio com este levantamento da extrema-direita.
Para o próximo sábado, a extrema-direita de Chemnitz tem agendada uma "marcha fúnebre" em honra da vítima de esfaqueamento.