Filipe Nyusi regressa a Moçambique otimista com resultados conseguidos na Europa
Presidente de Moçambique Filipe Nyusi, terminou em Bruxelas o seu périplo europeu iniciado com uma visita oficial a Berlim na passada terça-feira. Nyusi regressa ao país otimista.
No fim da sua visita a Bruxelas e concluindo desta forma o périplo europeu iniciado na passada terça-feira, o Presidente moçambicano Filipe Nyusi destacou num encontro com a imprensa a necessidade de um resgate da confiança junto das instituições financeiras internacionais, na sequência dos escândalos financeiros que agitam o seu país.
Nyusi, que nos últimos dois dias se encontrou com representantes da União Europeia à porta fechada, garantiu aos jornalistas que os 28 querem o fim da tensão política em Moçambique.
Os empréstimos ocultados aos moçambicanos, aos doadores internacionais e às instituições financeiras parceiras para a criação de empresas de natureza pouco clara, foram discutidos nos encontros em Bruxelas, mas só no final dos encontros, o presidente moçambicano decidiu apresentar o seu balanço dos contatos sobre este problema que preocupa tanto a comunidade internacional como os moçambicanos no país.
“Falamos do FMI e fomos encorajados a seguir em frente. Até nos disseram que não podemos ficar desesperados porque o mérito da saída é precisamente como saimos, como encaramos o probema e como relacionamos com o problema".
Por outro lado, o Presidente Filipe Nyusi lembrou que Moçambique não é o único país do mundo com dívidas.
"A atual dimensão da dívida preocupa-nos"
"Tem-se dito que Moçambique não é dos países mais endividados, mas a atual dimensão dessa dívida preocupa-nos, sobretudo se ela é ou não sustentável. Para nós o importante é contrair dívidas sustentáveis e que num certo período compensme e justifiquem os investimentos. Aliás todos os países contraem dívidas para poderem realizar o seu desenvolvimento em vários domínios e o bem estar do seu povo”.
Enquanto em Bruxelas o Presidente moçambicano mostrava-se otimista e confiante na solução da atual crise em que o seu país se encontra mergulhado, mais um escândalo, vinha à tona; uma dívida de 250 milhões de dólares que terá sido contraída pelo ministério do Interior.
E algo de que não se fala é sobre a responsabilização das iniciativas empresariais pouco claras. Esclarecimentos públicos detalhados não são um assunto para o Governo. Mas quanto ao desempenho das empresas, o Presidente moçambicano quer um maior cometimento dos seus acionitas. Ele referiu-se especificamente ao caso EMATUM para dizer que “já demos o primeiro passo com a sua reestruturação. Estamos a trabalhar nessa e nas outras dívidas que se seguem. A empresa foi criada para pescar o atum, mas não está a conseguir honrar os seus compromissos. Então, para que o país não fique na situação em que se encontra estamos a tomar algumas medidas, nomeadamente escalonando a dívida”
O Presidente moçambicano admitiu que a empresa tem que produzir, porque caso contrário “tem que ser reestruturada e os acionistas exigem o cumprimento das obrigações. Temos que fazer com que esta empresa pesque e ganhe dinheiro, como outras do género que existem no mundo”, concluiu Nyusi.
UE preocupada com a crise política em Moçambique
Não menos preocupante para os 28 é a crise política, ou a guerra que Moçambique vive atualmente. Filipe Nyusi disse no seu balanço que a União Europeia está diposta a apoiar na resolução da crise, aliás, esta é uma intenção frequentemente manifestada pela União.
O Presidente moçambicano frizou que um dos desejos manifestados pela EU por sinal não coincidem com a posição da RENAMO:
“O dossier da paz não é só para permitir os investimentos. Os europeus querem que Moçambique esteja em paz. Por isso mesmo não querem aceitar que Moçambique vive esses desencontros. O problema é assegurar que a democracia continue, porque se chegarmos a uma fase em que se negoceia tudo depois das eleições é assassinar a democracia."
Ainda segundo Filipe Nyusi, "também está a ficar claro que a democracia não compadece de um partido armado. Mas os europeus continuam a dizer que temos que nos encontrar visando soluções que sejam do entendimento comum. Do nosso lado, continuamos a dizer que não devemos polarizar a discussão da paz em Moçambique, mas sim a paz tem que contar com o concurso da comunidade internacional. Os moçambicanos merecem a paz."