Mais de 90% das crianças que chegaram à Itália estavam sozinhas
(last modified Tue, 14 Jun 2016 10:58:10 GMT )
Jun. 14, 2016 10:58 UTC
  • Mais de 90% das crianças que chegaram à Itália estavam sozinhas

Mais de nove em cada 10 crianças e adolescentes refugiadas e migrantes chegaram este ano à Europa, através de Itália, sozinhas, indicou hoje a UNICEF, alertando para os perigos de abuso, exploração e morte que enfrentam.

No relatório 'Perigo a cada passo do caminho', o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) refere que cerca de sete mil crianças e adolescentes não acompanhadas fizeram a travessia do Norte de África para Itália entre janeiro e maio deste ano, o dobro do ano passado.

De acordo com a UNICEF, mais de 92% das cerca de 7.000 crianças refugiadas e migrantes chegaram desacompanhadas à Itália nos primeiros cinco meses do ano.

A UNICEF chama a atenção para os "riscos tremendos", como detenções, violações, trabalho forçado, espancamentos ou morte, que estes jovens correm para escaparem a conflitos, ao desespero e à pobreza de países da África, Ásia e Médio Oriente.

Segundo o documento, entre 01 de janeiro e 05 de junho deste ano registaram-se 2.809 mortos no Mediterrâneo, enquanto, ao longo de 2015, ocorreram 3.770, tendo a maioria acontecido na rota do Mediterrâneo Central e muitas delas eram crianças.

A UNICEF adianta que as crianças refugiadas ou migrantes não acompanhadas geralmente dependem dos traficantes de seres humanos e, muitas vezes, entram no sistema "pagamento adiantado por etapas", tornando-as muito vulneráveis à exploração.

O relatório mostra depoimentos de crianças e adolescentes que tentaram chegar à Europa não acompanhadas: "Se tentas fugir, eles atiram sobre ti e morres. Se paras de trabalhar, batem-te. Era como no tempo do comércio dos escravos", diz Aimamo, 16 anos, sobre a quinta na Líbia, onde trabalhou com o irmão gémeo durante dois meses para pagar aos traficantes.

"Uma vez parei cinco minutos para descansar e um homem bateu-me com um pau. Depois do trabalho, fecham-nos entre portas e não nos deixam sair", disse ainda.

A UNICEF salienta também que alguns destes adolescentes são abusados e explorados sexualmente.

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