“El comandante” Fidel faz hoje 90 anos
(last modified Sat, 13 Aug 2016 08:38:48 GMT )
Ago. 13, 2016 08:38 UTC
  • “El comandante” Fidel faz hoje 90 anos

Fidel Castro celebra no sábado 90 anos, mas apesar da provecta idade e de estar afastado do poder há uma década o "pai da revolução cubana" continua a exercer influência e a marcar a identidade coletiva de Cuba.

Num país em crise económica e desafiado pelas consequências de uma nova era marcada pela normalização das relações com os Estados Unidos, o velho inimigo da Guerra Fria, a figura e as palavras de Fidel Castro continuam a ter eco na política e na sociedade cubanas.

Ainda é uma inspiração para os cubanos que querem manter uma ortodoxia revolucionária face à crescente pressão para uma maior abertura política e económica, sobretudo à iniciativa privada.

"Reiteramos o compromisso de permanecermos fiéis às ideias pelas quais [Fidel Castro] lutou ao longo da sua vida", afirmou há poucas semanas o "número dois" do Partido Comunista Cubano (PCC), José Ramón Machado Ventura, durante as comemorações do Dia da Rebeldia Nacional (26 de julho de 1953), uma das datas mais importantes do calendário revolucionário da ilha caribenha.

Nas mesmas comemorações -- que assinalam a primeira ação armada liderada por Fidel Castro contra o regime de Fulgêncio Batista -- Machado Ventura assegurou que "o espírito de resistência", "a fé na vitória incutida pelo exemplo" e "o pensamento dialético" do líder histórico cubano serão mantidos "sempre vivos".

Meses antes de celebrar os 90 anos, Fidel Castro marcou presença, em abril, no VII Congresso do PCC e fez um discurso na sessão de encerramento que soou a despedida.

Naquela que foi a sua última aparição pública, o antigo líder cubano assumiu que nunca tinha esperado viver tanto tempo e lembrou que era mortal como os demais.

"Talvez esta seja a última vez que falo nesta sala. Em breve cumprirei 90 anos, não em resultado de nenhum esforço mas por capricho do destino. Sou como todos os demais: também chegará a minha hora", disse então.

"A todos chegará a sua vez, mas as ideias dos comunistas cubanos permanecerão como prova de que neste planeta, se trabalharmos com fervor e dignidade, podemos produzir os bens materiais e culturais que os seres humanos precisam e devemos lutar incansavelmente para obtê-lo", defendeu na mesma altura.

Após 47 anos no poder, a 31 de julho de 2006, Fidel Castro decidiu afastar-se devido a problemas de saúde e delegou a liderança do regime cubano ao irmão Raul, mais novo cinco anos. A passagem de testemunho seria definitiva dois anos mais tarde.

O único cargo que mantém atualmente é o de deputado pelo município de Santiago de Cuba (leste), para o qual foi reeleito em fevereiro de 2013.

Durante a última década, Fidel fez poucas aparições públicas, foi dado como morto várias vezes na Internet e nas redes sociais e manteve um contacto regular com o mundo através dos seus artigos intitulados "Reflexiones", publicados na imprensa oficial e sempre reproduzidos pelos 'media' internacionais.

Também tem sido um anfitrião exclusivo para Presidentes e outras personalidades que visitam a ilha caribenha.

Os mais assíduos têm sido os seus aliados bolivarianos, os Presidentes da Bolívia e da Venezuela, Evo Morales e Nicolas Maduro (e o seu antecessor Hugo Chávez) respetivamente, mas também recebeu o papa Francisco em setembro de 2015, o chefe de Estado francês François Hollande quatro meses antes e o patriarca ortodoxo russo Kiril em fevereiro deste ano.

Todas as visitas ficaram registadas em fotografias que têm servido para acabar com os rumores e as especulações constantes sobre o estado de saúde de 'el comandante'. Mas, as imagens têm mostrado um homem gradualmente mais alquebrado e envelhecido, que substituiu o emblemático uniforme militar verde tropa por confortáveis fatos de treino.

Ao longo destes últimos anos, Fidel também se despediu de alguns dos seus melhores amigos e aliados, como o Nobel da Literatura Gabriel García Márquez (2014), o antigo Presidente sul-africano Nelson Mandela (2013) e o líder venezuelano Hugo Chávez (2013).

Para assinalar o 90.º aniversário de Fidel Castro, Cuba irá transformar-se no sábado, 13 de agosto, num "grande concerto", anunciaram, em junho, as autoridades culturais da ilha.

Várias iniciativas musicais vão animar várias praças e parques cubanos, que vão contar com a participação de coros de crianças e bandas. O programa das festividades também inclui apresentação de livros, exposições com fotografias inéditas, entre outras atividades culturais.

O programa promovido pelos órgãos do governo e pelas organizações do PCC para o 90.º aniversário do antigo Presidente cubano tem como principal foco as novas gerações, especialmente as crianças.

Bolívia, Equador, Venezuela e China também organizaram iniciativas para assinalar o aniversário da última grande figura comunista no mundo ocidental.

Fidel Alejandro Castro Ruz nasceu a 13 de agosto de 1926, em Birán, uma pequena localidade do município cubano de Mayari, no seio de uma família de origens galegas.

Após um longo e conturbado período como opositor do regime de Fulgêncio Batista (um então aliado dos Estados Unidos), o guerrilheiro Fidel Castro, que frequentou Direito na Universidade de Havana, e o seu companheiro de luta Che Guevara chegavam a 01 de janeiro de 1959 a Havana e a Revolução Cubana fazia a sua entrada na História.

Fidel Castro assumiu o poder na ilha e tornou-se numa das figuras mais carismáticas, mas também das mais controversas, da História política do século 

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