Espanha: Rajoy defende governo moderado
O candidato à presidência do governo espanhol, Mariano Rajoy, defendeu hoje em Madrid, no Congresso dos Deputados, a formação de um Executivo "estável, duradouro, sólido e tranquilizador", recusando uma "aventura de radicalismo, ineficácia e incerteza".
No discurso em que apresentou o programa do governo, Rajoy voltou a apelar aos socialistas do PSOE para facilitar a formação do executivo, que ainda não tem os votos necessários para ser investido.
"Precisamos de um governo eficaz com urgência", defendeu Mariano Rajoy, assegurando que "não existe uma alternativa viável" a um Executivo do PP (Partido Popular, de direita) e mostrou-se disposto a governar em minoria.
O chefe do governo em funções agradeceu várias vezes aos partidos Ciudadanos e Coligação Canárias pelo apoio que estão a dar na formação do novo Executivo.
Mariano Rajoy defendeu a evolução da economia espanhola verificada nos últimos anos e elegeu como principal objetivo a continuação da criação de emprego, tendo enumerado algumas medidas de apoio às empresas, nomeadamente as novas indústrias digitais.
O candidato sublinhou ainda outro "desafio maior", um pacto para defender a unidade territorial de Espanha, contra os movimentos independentistas, como os que existem na Catalunha ou País Basco.
Depois da apresentação, sem limite de tempo, do programa de governo feita hoje, na quarta-feira será a vez de todos os outros partidos reagirem às palavras de Mariano Rajoy, a partir das 09:00 (08:00 em Lisboa).
O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, será o primeiro dirigente partidário a intervir no debate em que cada uma das formações políticas terá 30 minutos e Rajoy 10 minutos para replicar depois de cada uma das intervenções.
Depois de Sánchez será a vez de falarem durante 30 minutos os vários dirigentes da coligação de partidos de esquerda radical Unidos Podemos: Pablo Iglesias (Podemos), Xavier Doménech (En Comú-Podem), Alberto Garzón (Esquerda Unida) e Alexandra Fernández (En Marea).
Tomará depois a palavra Albert Rivera (Ciudadanos, centro), Joan Tardá (Esquerda Republicana da Catalunha), Aitor Esteban (Partido Nacionalista Basco), e os vários representantes do Grupo Mixto, agora ampliado com os oito deputados do PDC (Partido Democrata Catalã).
A primeira votação de investidura de Mariano Rajoy será feita em seguida, prevendo-se que esta possa ter lugar a meio da tarde de quarta-feira.
Para ser eleito à primeira volta, Rajoy precisa de obter a metade mais um (176) dos votos totais (350), mas neste momento apenas conta com 170 (137 do PP, 37 do Ciudadanos e um da Coligação Canária).
Na segunda votação, na sexta-feira, 48 horas depois da primeira, Mariano Rajoy apenas precisa de obter uma maioria simples, mais votos a favor do que contra, mas a tarefa continua a parecer impossível depois de todas as formações políticas, para além das três que afirmaram votar a favor, já terem assegurado que iriam votar contra.
Se Mariano Rajoy não obtiver a confiança do Congresso, haverá ainda a possibilidade, durante dois meses até 31 de outubro, de se repetir um debate de investidura.
No caso de até 31 de outubro nenhum candidato à presidência conseguir ser eleito, as cortes espanholas serão dissolvidas e 54 dias depois serão realizadas novas eleições, provavelmente a 25 de dezembro.
Os espanhóis votaram em 26 de junho último, depois de nas eleições legislativas de 20 de dezembro de 2015 não ter sido possível encontrar um acordo para viabilizar um governo.