Nowruz, espelho do pensamento iraniano (2)
Pars Today- Pode estar surpreendido, se perguntar a um iraniano o que ele se lembra de sua infância, provavelmente cada um lerá seus poemas e recordará aqueles que lhe ensinaram poemas e rimas.
Claro, isso pode não ser interessante para algumas pessoas. A fim de expressar as características do pensamento iraniano e sua relação com os poetas, escolhemos cinco aclamados poetas da língua farsi cujas obras espelham os aspectos do espírito iraniano. Ferdowsi é um destacado poeta que avivou novamente a identidade iraniana, através dos seus versos épicos. Ele é o compositor da obra épica Shahnameh em que aplicou mitos de Avestan e histórias Persas-Sassanitas para salvaguardar a língua Farsi. Nesta “Magnum opus”, ele fala do núcleo do universo e como viver perpetuamente. O vínculo mais óbvio entre Ferdowsi e os iranianos ocorre em Nowruz. Ao procurar a história de Nowruz, um se depara com Shahnameh e Ferdowsi. Ferdowsi mencionou na sua obra 33 vezes o termo Nowruz, Farvardin e outros nomes relacionados. Ele diz que Nowruz é o dia mais brilhante do ano em que o sol brilha melhor. Ferdowsi explica que Nowruz é o dia da alegria; daí as pessoas são felizes e se divertem.
Omar Khayam é outro poeta que embarcou em Nowruz e na primavera. A poesia de Khayam é um tipo de pensamento iraniano que vê o mundo como uma sequência de imagens que aparecem em torno da imaginação e desaparecem. Ele pede às pessoas que aproveitem da ocasião da primavera e apreciem os momentos que estão passando rapidamente. Todo o iraniano sabe que Nowruz e a primavera têm vida curta e, assim, aproveita a oportunidade de se beneficiar das graças divinas neste belo período.
Mowlavi (Rumi) é outro poeta iraniano que também era um grande gnóstico. Ele considera o homem como um viajante que foi deixado em sua solidão muito longe do seu habitat original. Quando ele usa a palavra primavera, causa alegria no leitor. A regeneração é um sinal da verdade absoluta (Deus) e ele recomenda que marchemos no caminho da verdade para nascer de novo. Mowlavi prestou atenção à declaração do Profeta do Islã que disse aos crentes para se expuseram à brisa da primavera; Pois, o que essa brisa faz com o corpo é exatamente o que ela faz com as árvores. Este forte olhar de Mowlavi sobre a primavera e Nowruz tem impactado os iranianos ao ponto de considerarem Norwuz como uma festividade islâmica-iraniana.
Ao contrário de muitos poetas, que gostavam de viver na solidão, Saadi, outro destacado poeta iraniano gostava de viajar muito. Assim, ele fez muitas viagens a diferentes países, viveu entre muitas comunidades e reuniu muitas experiências de várias terras. Os trabalhos de Saadi são repletos de recomendações sobre comportamento social e observações didáticas. Portanto, na olhar de Saadi, Nowruz é uma festa que deve ser usada para prazer e admoestação. Ele fortalece o pensamento iraniano com conduta social apropriada. Ele sustenta que os fenômenos naturais são o espelho da sabedoria e as pessoas deveriam aprender com eles. Muitas famílias iranianas colocaram uma cópia do Divan de Hafez (livro da poesia lírica) na mesa onde arranjam a mesa do Haftseen (ou seja, a mesma especifica por ocasião do Norwruz cujos nomes de objetos começam com a letra de “S”) e leem alguns dos versos desse grande poeta iraniano nos momentos de virada do ano. As pessoas vivem com Hafez há séculos e o chamam de Lesan al-Ghaib (Língua do Mundo Oculto), pois ele conhecia de cor o nobre Alcorão e seus poemas estão repletos de admoestações do Alcorão. Hafez nos ensina que a vida deste mundo é cheia de altos e baixos e que se deve ser firme como uma rocha diante de constantes mudanças no mundo. Devemos estar satisfeitos com o que Deus decretou e determinou para nós. Uma das lições que Hafez nos ensina é manter-se distante da hipocrisia e ser honesto primeiro consigo mesmo e depois com os outros.