O esplendor do cinema iraniano no Festival de Cannes
(last modified Mon, 30 May 2016 18:54:28 GMT )
May 30, 2016 18:54 UTC
  • O esplendor  do cinema iraniano no Festival de Cannes

A concessão de dois prêmios do Festival de Cinema de Cannes ao cineata iraniano tem estourado a bomba de alegria entre os admiradores do cinema e as autoridades culturais. Os artistas parabenizaram as pessoas envolvidas na produção do filme o “Vendedor". A seguir vamos abordar este evento.

O cinema iraniano durante os últimos anos, tem tido uma forte presença em festivais de cinema ao redor do mundo e conseguiu ganhar a admiração e o elogio do mundo. Nos últimos anos, uma das arenas que os filmes iranianos tiveram brilhos, foi o Festival de Cannes, na França. Um festival que no domingo fechou a sua 69ª edição.

No livro do Festival de Cannes, têm sido registrados 44 vezes os nomes de cineastas iranianos, tendo um recorde, o Abbas Kiarustami, com oito vezes.

O cinema iraniano estreia neste festival com o filme “Ciro, o Grande" em 1961, da seção de competição de curto-metragens, novamente em 1964, o país estava presente com o filme "Alvorada" que recebia o prêmio de supremo conselho técnico.

Até 1979, (o ano da vitória da Revolução Islâmica), alguns filmes iranianos estiveram participados em diferentes setores deste festival, todavia, a primeira presença depois da revolução iraniana foi em 1980. O Irã se mantem esta participação até hoje e com certas frequências.

O sucesso do Irã no Festival de Cannes teve início em 1992, quando os franceses descobriram o Abbas Kiarustami. Naquele ano, além de participação de uma animação chamada "Ghalb" (Coração), que foi estreado na parte do curto-metragens, o filme “Vida e mais nada” na seção de "Um certo olhar" e ganhou dois prêmios de Rossellini e tem sido selecionado o melhor filme da secção de ” Um certo olhar”. Naquele ano, Majid Majidi teve uma participação brilhante no festival com o seu filme "Baduk" apresentado na seção de "15 dias dos diretores" e foram exibidos dez filmes de animação do Irã, na seção de "sempre o cinema”.

Kiarostami no ano seguinte participou de novo no Festival e pela primeira vez competiu com outros cineastas mundiais, com um longa-metragem. Em 1997, no quinquagésimo ano de fundação do Festival, Kiarostami ganhou a Palma de Ouro com o seu filme “Gosto de cereja”.

Em 2001, "Reza Mir Karimi" ganhou uma fama global com o seu filme” zir e Noor Mah” (a baixa da luz da Lua), foi o primeiro trabalho religioso e positivo do cinema iraniano, que tem ganhado o sucesso global.

O brilho e sucesso do cinema iraniano, paralelamente em outros eventos cinematográficos em tudo mundo, continuou em Cannes e entre 2004 a 2008 tiveram participado outros filmes iranianos neste festival, ganhando prêmios.

Sexagésima nona edição do Festival de Cannes, foi realizada de 11 a 22 de Maio de 2016, na cidade costeira no sul da França. Neste evento, o cinema iraniano teve a presença com alguns representantes em várias seções. O jovem diretor iraniano "Asghar Farhadi" tinha participado da seção principal com seu filme "Forushandeh" (o vendedor), o filme "Varunegui" (inversão) de Behnam Behzadi apresentado em "Um certo olhar" e também as empresas públicas e privadas de filme do Irã tiveram uma forte presença no mercado de filmes do festival de Cannes.

Segundo a informação da Fundação do cinema de Farabi, durante a atividade de dez dias do mercado internacional de filme de Cannes, esta Fundação através da “Tenda do cinema iraniano” teve constantes negociações no sentido de apresentar os filmes iranianos. Também o Pavilhão da Fundação de Farabi, como uma das empresas ativas na tenda, tinha assumido a responsabilidade pela organização das participantes iranianos e foi realizadas reuniões com representantes de mais de cinquenta eventos credíveis do cinema como da Veneza, Montreal Moscovo, Locarno, Toronto, Berlim, Tóquio, Xangai, Nantes etc.

Também na área da venda de direitos autorais dos filmes houve extensas negociações com as companhas norte-americanas, da Inglaterra, China, Singapura, Turquia, Austrália.

No campo da co-produção, algumas empresas de Argélia, Republica Checa, Espanha, Turquia e Malásia, expressaram o seu interesse de desenvolver um trabalho conjunto com iranianos.

Houve outras atividades no mercado internacional do Filme, no sentido de identificar alguns produtos adequados para participar no festival internacional de "Fajr" e o festival dos filmes infantis.

A cerimônia de atribuição dos prémios da 69ª edição de Cannes com a concessão do prémio ao melhor filme, para além de atribuição do troféu ao "I Daniel Blake" feito por "Ken Loach" terminou com mais dois prêmios para o cinema iraniano. Nesta cerimónia, o filme "Vendedor" de Asghar Farhadi ganhou a Palma de Ouro para o melhor roteiro e a palma de ouro para a atuação que foi para "Shahab Husseini", como o melhor ator.

Shahab Husseini depois de receber o troféu disse: “Tenho certeza que a alma de meu pai está me vendo neste momento, este prémio vem do meu povo, portanto, eu o devolvo a eles. Ofereço este troféu com todo o amor e carinho ao povo do meu país”. Shahab Husseini, em seguida, acrescentou que, com este prémio, deixa o seu trabalho ainda mais difícil e tinha que fazer mais esforços. Ele afirmou que somente a arte e cultura podem criar afinidades entre as pessoas e são as melhores alternativas a guerra.

Asghar Farhadi, por sua vez disse: Eu estou muito feliz e realmente não esperava que depois de melhor ator, o filme ainda receba outro prêmio. “os meus filmes geralmente são tristes, mas estou feliz, que com esta conquista que pode contentar o meu povo”.

Farhadi participou em 2013 com o filme "Gozashteh" (passado) na seção de competição em Cannes, e tinha ganhado o premio da Igreja Mundial do Festival de Cinema de Cannes e recebendo o troféu de melhor atriz (Berenice Bejo).

O "Vendedor" é o sétimo filme de Asghar Farhadi, e foi estreado pela primeira vez em Cannes. Este filme conta a história de um jovem casal num teatro, com atuações de Taraneh Alidusti e Shahab Husseini. Eles estão apresentando a famosa peça de "Arthur Miller" chamada "morte do vendedor", mas alguns acontecimentos iriam mudar o rumo de suas vidas.

O canadense "Eric Mular" o critico de La PRESS escreve: o “Vendedor” é um filme que chegou ao festival nos últimos momentos, embora a qualidade geral do Festival deste ano fosse melhor, mas até a sexta-feira a noite, não tínhamos visto uma obra relevante. O resultado: o Asghar Farhadi, com seu filme elevou o nível da concorrência. Vendedor, obviamente, não tem o mesmo impacto que o filme de “Separação", mas podemos elogiar a habilidade e profissionalismo do diretor. O desenrolo do processo dramático do filme é perfeito e sem interrupção percorre até chegar ao seu auge espetacular. O drama psicológico de Farhadi mostra a sua elevada percepção das intenções internas dos homens e afetou maravilhosamente o seu interlocutor.

"Deborah Yang," uma crítica de "Hollywood Repórter” depois de assistir o filme, tem admirado a atuação dos atores e escreve: “Nas cenas do filme, apareceram um grupo de atores que são inesquecíveis. A cenografia do filme é impressionante em que em dois apartamentos que Farhadi utiliza, mesmo as portas e janelas são locuções de uma interação social”.

O crítico de "Gardian", o Peter Berdshaw considera o filme de vendedor, como uma película bem feita e um valioso drama e por isso parabenizou o Farhadi.

É interessante saber que, ao contrario de destacados críticos que tinham analisando aspetos técnicos e as características do filme, foram também pessoas descontentes pelo sucesso de Farhadi em que não hesitaram a criticar o Irã.

A rede de Al-Alam, numa reportagem demonstrou o desprezo da Arábia Saudita pelo cinema iraniano e noticiou: o jornal saudita "a Meca" em um artigo afirmando que a civilização islâmica se deve ao povo do Irã, confessa a debilidade cultural da Arábia Saudita contra o Irã. O jornal acrescentou: “Irã está percorrendo o mundo com a sua indústria cinematográfica profissional. Hoje a cultura iraniana, em particular o seu cinema, se tornou mais perigoso do que o seu politico para os sauditas”.

Segundo a reportagem da rede Al-Alam, o autor do artigo, referindo-se algumas obras notáveis do cinema do Irã e tinha enfatizado: “Já havia falado sobre o filme “o Reino de Salomão” que teve qualidade em níveis dos filmes do Hollywood e tinha dito que, como este filme preocupava os lobbies sionistas”. Obviamente que isto não é a única conquista da influencia do cinema iraniano em nível mundial, mas o Irã com outros filmes como "o profeta Jose" e "Mohammad, o Mensageiro de Deus" está impressionando o mundo.

Autor saudita do artigo, no final, muito decepcionado escreveu: “o Irã alcançou todo este sucesso, enquanto a Arábia Saudita é o único país no mundo que ainda não tem um cinema”!