Arábia Saudita: mudanças perigosas na região?
(last modified Sun, 25 Jun 2017 22:51:22 GMT )
Jun. 25, 2017 22:51 UTC
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​​Mohamad bin Salman, filho do rei saudita Salman bin Abdulaziz Al Saud foi designado como o novo herdeiro do trono. Será importante analisar esta mudança que não é simples, porque adquire um significado forte na situação instável na região.

Em primeiro lugar, cabe salientar que o novo herdeiro é quem já dirigiu e encorajou a agressão contra o Iêmen, que implica por um lado ratificar seu mandato e, por outro, aceitar as demandas enquanto a melhorar substancialmente o orçamento para financiar as tropas que combatem nessa guerra. Note-se que não só mantém seu posto como ministro da Defesa, mas também foi designado como vice-primeiro-ministro do reino árabe.

Em segundo lugar, o mês de abril, o rei Salman nomeou o irmão Mohamad, o príncipe Khaled bin Salman bin Abdulaziz Al Saud como o novo embaixador saudita para os EUA, que foi sido um piloto na Força Aérea e foi diretamente envolvido na agressão contra Iêmen. Além disso, ele nomeou outro de seu filho, Abdulaziz Bin Salman Bin Abdulaziz Al Saud, como ministro das questões energéticas no país, confirmando que o poder familiar está concentrado com laços abertos com Washington para futuros negócios de armamentos e receber ordens, que já se ocorreram com a visita geoestratégica Donald Trump.

Em terceiro lugar, Mohamad foi o segundo na linha de sucessão no país árabe depois de seu primo, Mohammad Bin Nayef Bin Abdulaziz Al Saud, o que implica um reforço claro de seu pai na administração para marcar a linha dura de seu mandato e deixar a opção de nomeá-lo em breve como o novo rei. Relativo a este substituído, Bin Nayef, se conhece que há expressado sua lealdade ao Mohamad, sem conflito por ser destituído do seu cargo.

Esta decisão do rei saudita permite perceber que a tensão na região vai aumentar paralelamente às ameaças da NATO a Rússia, Irã, Venezuela e outras inações subordinadas à hegemonia imperial, já que a ideia é gerar novos conflitos ou exacerbar ou agonizar os já existentes, a fim de esquentar o mercado de armas, enquanto se manipulado o povo com medo de um confronto, permitindo melhor domínio da população e reprimir diretamente, sem consequências.

A escolha indica que o poder deve concentrar-se em pessoas absolutamente fieis aos princípios do reino, aqueles que estão vinculados ao terrorismo de Daesh e Al Qaeda como público que não é uma política real e assim à aliança com os inimigos tradicionais da nação palestina como são o regime de Israel e dos Estados Unidos. Não se pode esquecer que é uma monarquia e a política é decidida pelo rei, sem levar em conta as opiniões dos cidadãos, mas com base em sua própria convicção de que é bom ou ruim para o seu feudo.

Quem é o Mohammad Bin Salman

O rei saudita Salman designou seu filho Mohammed Bin Salman como príncipe herdeiro, substituindo seu sobrinho, Mohammed Bin Nayef, como sucessor do trono. A nomeação do atleta de 31 anos completa uma remoção gradual de poderes de Bin Nayef, 57, e marca uma dramática mudança de poder para uma geração mais jovem de Sauditas em um reino onde mais de metade da população tem menos de 25 anos.

Nascido em 31 de agosto, 1985, o perfil público do príncipe cresceu rapidamente desde que seu pai subiu ao trono, acumulando extraordinário poder e influência a uma velocidade vertiginosa. Nutrindo o perfil público de um reformador, o príncipe Mohammed Bin Salman é o principal proponente da Visão 2030, um ambicioso plano de 15 anos lançado em 2016 para diversificar e modernizar a economia dependente do petróleo.

Entre seus cargos mais proeminentes é presidente do Conselho de Assuntos Econômicos e de Desenvolvimento, um grupo de ministros sauditas que supervisionam a política em questões econômicas e sociais, como educação, saúde e habitação.

Bin Salman também preside um corpo a cargo do gigante estatal do petróleo, Aramco, tornando-o o primeiro membro da família dominante a supervisionar diretamente a companhia estatal do petróleo que há muito foi governada por tecnocratas.

Mais controversamente, ele também detém o cargo de ministro da Defesa e é o principal arquiteto da devastadora guerra de dois anos da Arábia Saudita no Iêmen, que matou mais de 10 mil civis.

Graduado de direito da Universidade King Saud de Riad, o príncipe saudita tem reputação de ser "agressivo e ambicioso", disse Bruce Riedel, o ex-oficial da CIA. Como um jovem príncipe com múltiplas carteiras e responsabilidades, diplomatas ocidentais o apelidaram de "Sr. de Tudo".

No ano passado, em um perfil para Bloomberg Businessweek, o jovem príncipe disse que trabalha 16 horas por dia e inspiram-se nos escritos do primeiro-ministro britânico Winston Churchill e da arte da guerra de Sun Tzu.

O jovem príncipe é visto como próximo da administração norte-americana de Donald Trump e porventura está por trás do aumento de tensões de Riad com o Irã e sua tentativa de isolamento do Qatar.

Em uma entrevista rara e abrangente em maio, o poderoso príncipe disse que não havia espaço para o diálogo com o Irã, acusando o rival regional de Riad de "controlar o mundo islâmico".

Em termos estratégicos confirma-se que Mohamad Bin Zayed Al Nahyan, o príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos (EAU), é um mentor de bin Salman, segundo revelou a mídia um plano para tornar o príncipe herdeiro adjunto Saudita, Mohamad, acedeu ao trono antes do final deste ano, aconselhados para que possa obter o apoio dos Estados Unidos através de uma campanha midiática intensa que fez dele um herói nacional.

A estratégia que proporia Bin Salman Al Nahyan seria supostamente acabar com o governo wahabista e tenderia que abrir um forte canal de comunicação com Israel. No ano passado, foi revelado que tanto Riad como o regime Tel Aviv, sem relações diplomáticas, fizeram todo o seu esforço para impedir a assinatura do Acordo Nuclear República iraniana com a participação da Casa Branca.

Alguns analistas sustentam que príncipe Mohammad Bin Nayef levaria a uma luta interna pelo poder afetando o rei Salman, uma vez que a atual reestruturação é uma maneira direta para aumentar a influência deste ramo da árvore genealógica do Al Saud. Os relatórios mostram que já começaram os críticos e protestos em todo o país, além da implantação de forças de segurança nas ruas centrais da cidade capital de Riad, o que indicaria a manifestação de movimentos de oposição no reino.

Esta pode ser uma situação favorável para opositores do regime a tomar as ruas, embora o risco da morte iminente a protestar pela política unívoca do rei e a falta de garantias democráticas mínimas. É uma possibilidade.

O que está claro é que as tensões vão piorar na região, dada à continuação da linha dura da Casa Al Saud e a região deveriam suportar alianças públicas entre regimes ditatoriais. No entanto, o avanço das forças sírias e iraquianas e a defesa sólida do Iêmen, por dar exemplos, preveem também que o polo multicor da democracia será restaurado em breve, em termos históricos, mas difícil de definir de precisar em suas consequências.

Por: Carlos Santa María Carlos

-Santa Maria é doutor em Filosofia e Ciências da Educação, professor universitário, colunista de diversos meios de comunicação nacionais e internacionais e tem escrito dezesseis livros sobre o campo político e educacional humano,.

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