Hajj; instrumento do regime saudita para ajuste de contas políticas
Finalmente, após vários meses de negociações entre Teerã e Riad, as políticas regionais da Arabia Saudita afetou também, o dever mais importante dos muçulmanos, e os peregrinos iranianos não foram permitidos presenciar neste ano a maior peregrinação(Hajj).
A Organização de Hajj e Peregrinação da República Islâmica do Irã, no dia 29 de maio, em um comunicado explicou, seus esforços para enviar os peregrinos iranianos ao Hajj e a oposição da Arábia Saudita a respeito. "Agora, após perder muito tempo no planejamento da viagem de peregrinos iranianos, e a não se cumprir as demandas legítimas da República Islâmica, se anuncia que, por sabotagem do governo saudita, os queridos peregrinos da República Islâmica do Irã estão excluídos de se apresentarem na cerimônia de Hajj maior deste ano em curso por responsabilidade do governo saudita”.
Desde 2003, as políticas da Arábia Saudita está fracassando, perdendo gradualmente sua posição na região. A queda do regime iraquiano de Saddam em 2003, foi o início da decadência de posição da Arábia Saudita no oeste da Ásia. As posteriores mudanças no Iraque e a formação de três governos xiitas (dois governos de Nuri Al Maleki e o de al-Ebadi), e o apoio do Saud aos grupos e personalidades sunitas que alguns deles como Tariq Al Heshemi estão sendo acusados de estarem envolvidos nos atentados terroristas e explosões no Iraque, mostrou que o regime saudita não suporta a nova estrutura política do Iraque. Inclusive existem evidências sobre o apoio de al-Saud aos terroristas de Daesh no Iraque, e seus esforços para absorver a algumas personalidades xiitas criando divisão entre os grupos xiitas iraquianos.
Depois da queda do regime de Saddam em 2003, os protestos anti governamentais no oeste da Ásia e no norte da África, consideravam-se o segundo golpe forte aos interesses da Arabia saudita nesta região. Devido a estes protestos, caíram os governos partidários de al Saud: Zine al Abidine Ben Ali na Tunísia, Hosni Mubarak no Egito, Moamar Qadafi na Líbia, Ali Abdullah Saleh no Iêmen, e debilitaram-se as bases de poder de alguns aliados importantes de al Saud no Bahrein, Jordânia e os Marrocos. Tal condição anuncia a formação de uma nova ordem no oeste da Ásia onde a Arábia Saudita tem perdido sua posição anterior.
A queda do regime basista no Iraque em 2003 e o colapso dos aliados da Arábia Saudita em 2011, alteraram o equilíbrio de poder regional a favor do rival mais importante do país árabe, isto é a República Islâmica do Irã. Por isso, Al Saud recorreu a criar insegurança na Síria e no Iraque, apoiando a grupos terroristas. O resultado desta política foi centenas de milhares de feridos e mortes na Síria e Iraque. 11 milhões de sírios foram desalojados e milhões de iraquianos perderam seus lares. Assim mesmo, destruíram-se as infraestruturas sociais e econômicas, especialmente na Síria. Apesar disto, al Saud não conseguiu o resultado desejado nestes dois países árabes, isto é debilitar a posição da República Islâmica do Irã na região do oeste da Ásia.
Os triunfos do movimento Ansarolla no Iêmen põem de manifesto o fracasso das políticas sauditas. Finalmente, o presidente pró saudita do Iêmen, Mansur Hadi fugiu, em 2014 do país e refugiou-se em Riad junto com os membros de seu gabinete.
Al Saud, tinha o Iêmen como seu pátio traseiro, pelo que não suportou a nova situação, e entrou diretamente em uma guerra iniciada desde 26 de março de 2015.
A crise no Iêmen não teve o resultado desejado para Al Saud. Inclusive a resolução 2216 do Conselho de Segurança, emitida em apoio a Mansur Hadi e o ataque da Arabia saudita, não conseguiram separar o movimento Ansarollah de sua posição superior na atual estrutura política do Iêmen. Ao mesmo tempo, Al Saud sofre uma forte pressão de opinião pública. Alguns recursos do regime sionista escreveram, os países muçulmanos chamam a Israel como o regime assassinos de meninos, enquanto a Arábia Saudita que se autoproclama Guardiões dos Lugares Santos, matam aos meninos e mulheres no Iêmen.
A crise do Iêmen não foi o fim dos fracassos de al Saud no oeste da Ásia em frente a seu antigo rival, isto é o Irã. A Arábia Saudita considerou o acordo entre o Irã e o Grupo 5+1 na contramão de seus interesses regionais, e fez todo o possível para destruir o processo do acordo nuclear no país persa. Al Saud esforçou-se em propor o caso nuclear iraniano na comunidade internacional como um ato de segurança, e promover a iraniano-fobia e xiie-fobia mediante de seus meios. Mas o fim das negociações nucleares mostrou outro fracasso da Arábia Saudita, frente ao Irã.
Alguns consideram que a trágica estampida em Mina que motivou a morte de centenas de peregrinos, procurava provocar a forte reação do Irã contra a Arábia Saudita gerando uma crise de segurança na região.
Inclusive, se não aceitamos esta ideia, induvidavelmente, a execução de Sheikh Nimr procurava provocar os iranianos. Depois do ataque de algumas pessoas à embaixada da Arábia Saudita em protesto à execução de Sheikh Nimr, e apesar de que o governo e as autoridades iranianas condenassem este ataque, Riad rompeu unilateralmente suas relações com Teerã, e alguns países da região como o Djibouti, o Sudão e os Camerões seguiram a mesma política em congelar suas relações com o Irã.
Al Saud expandiu suas políticas anti iranianas na região, e impediu que os iranianos participassem das cerimônias de Hajj. O regime saudita, baixo a sombra do silêncio dos países islâmicos e a falta de reação diante das medidas deste regime para criar a divisão na comunidade muçulmana, não só não aceitou a responsabilidade da tragédia da Mina, mas sim em um ato desumano e ilegal não permitiram a presença dos iranianos na Meca para fazer a peregrinação maior (Hajj).
Os sauditas impondo condições estritas e pessimistas à Organização de Hajj e Peregrinação da República Islâmica do Irã, trataram de impor ao país persa um acordo humillante e mostrar desta maneira seu poder na região. Não obstante, a República Islâmica do Irã recusou as condições de al-Saud para a peregrinação maior, que motivou que os sauditas recorressem enganar a opinião publica.
Adel bin Ahmed al Jubeir, ministro de exteriores da Arábia Saudita acusou o Irã a politizar Hajj, não obstante, foram os sauditas quem tomaram uma política hostil frente ao Irã.
Não é a primeira vez que os sauditas utilizam o Hajj como um instrumento de política para conseguir seus interesses. Al Saud tem impedido durante os últimos anos a presença dos cidadãos sírios a participarem nos rituais de Hajj. Isto ocorre enquanto permite aos árabes israelenses viajar à Arábia Saudita.