Xeque Issa Qassem, um astro no céu do mundo islâmico
A revogação da cidadania do renomado clérigo xiita, o xeque Issa Qassem, um líder revolucionário no Bahrein por regime do Al Khalifa, registrou reações variadas, inclusive do líder da Revolução Islâmica do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
Ele no seu pronunciamento em uma reunião com um grupo de famílias dos mártires, ao afirmar que os grupos terroristas takfiris não se diferenciam entre xiitas e sunitas na prática dos seus atos e que os seus objetivos seriam atingir todos os muçulmanos que acompanham a Revolução Islâmica e se consideram inimigo dos EUA, referiu aos acontecimentos em curso no Bahrein e declarou: "No Bahrein, o assunto não é ser xiita ou sunita, mas a questão principal envolve a imposição de um governo tirânico de uma minoria arrogante e egoísta a uma vasta maioria".
O Líder da Revolução Islâmica considerou a agressão dos governantes do Bahrein contra xeque Isa Qassem uma prova da sua ignorância. Ele apontou: "Xeque Qassem é uma figura que dirigiu um dialogo popular enquanto existia o espaço para um conversa pacífica, impedindo as reações radicais e armadas, mas os governantes deste país não entendem que a agressão contra este líder revolucionário significa desobstruir o caminho a frente da juventude bahreinita para qualquer ação contra o regime”.
O aiatolá Khamenei ao mencionar os poderes arrogantes, os seus seguidores que não conhecem o povo e o nível da religiosidade dessa sociedade, e os seus cálculos errôneos, disse: "O caminho certo é seguir o Islã e ser confiante em Deus Todo-Poderoso. Somente uma nação devota e com firme determinação pode superar e avançar os obstáculos”.
Xeque Issa Qassem é uma das figuras proeminentes do mundo islâmico, que pretende mudança na sua sociedade, através dos meios pacíficos e sem violência. Ele nasceu em 1938 em uma região no Bahrein chamada Aldraz. Em 1964 Qassem iniciou os estudos religiosos no Seminário do Najaf no Iraque, onde tinha participado nas aulas de renomados jurisprudentes como Mohammed Baqir al-Sadr.
Ao completar os estudos, regressou em 1972 ao Bahrein. Em 1973 Qassem foi convidado para elaboração da Constituição do Bahrein, criação da Assembleia Nacional e os três poderes independentes no país. O aiatolá Xeque Ahmed Isa Qassem dedicou a sua vida para proteger e divulgar a religião e os ensinamentos religiosos. Ele desenvolveu as suas atividades através das orações da sexta-feira, congregação na mesquita no Bahrein, participação das reuniões políticas e religiosas e a realização do evento islâmico.
Em 2011, inspirado por movimento do Despertar Islâmico junto com outras figuras religiosas islâmicas, ao defender um regime democrático, baseado nas aspirações da população promoveu manifestações em massa. O governo do Bahrein lançou uma brutal repressão sobre os protestos pacíficos e pediu as forças da Arábia Saudita para intervir visando reprimir os opositores. Dezenas de pessoas foram mortas e as forças de segurança prenderam outras centenas de pessoas. E desde o início das manifestações populares em 2011 contra o regime monárquico no poder, dezenas de mesquitas foram fechadas. Protestos quase diariamente foram realizados contra o regime de Al Khalifa, e os manifestantes exigiam a saída da família real do poder. O Governo de Bahrein, ao intensificar as suas medidas de controle e repressão, ordenou prender o xeque Ali Salman, líder do Movimento islâmico de Al Wefaq. O tribunal de apelação em Bahrein sentenciou o aumento da pena de prisão do Ali Salman de quatro para nove anos.
Os métodos e práticas de líderes islâmicos no combate a opressão e tirania, são baseados em nobres ensinamentos religiosos e sem recorrer à violência. O Profeta Mohammad (P.E.C. E) sempre que divulgava a mensagem do Islã, primeiramente convidava o povo a aceitar a religião. Uma das principais razões que o Islã conseguiu rapidamente se propagar deve-se a conduta do Profeta do Islã. De fato, era o bom comportamento do Profeta que atraia os não muçulmanos e em seguida aceitavam o islamismo. O Imam Hussein, o terceiro guia xiita, foi um exemplo para a humanidade pela resistência à opressão e injustiça, ele não migrou para o Iraque para lutar, foram às tropas do inimigo (o tirano do seu tempo o Yazid) que o seguiram e o assassinaram junto com os seus familiares, filhos e companheiros. Aliás, o segredo da vivacidade do levante do Imam Hussein (S.A), depois de quase 1400 anos, é o seu modo de lutar contra o governo tirano do seu tempo.
O Mahatma Gandhi, foi um ativista da não-violência que conseguiu expulsar os britânicos do vasto território da Índia. Ele fala da influência do Imam Hussein na sua vida dizendo: "Eu já li e estudei a vida do Hussein, este grande mártir da religião islâmica e sei a história da batalha de Karbala e cheguei à conclusão de que se a Índia pretende ser um país vitorioso e independente, tem que seguir o modelo da luta de Imam Hussein.”.
Abbas Mahmoud El Akkad, poeta e famoso escritor egípcio, sobre Imam Hussein disse: O levante de Hussein, é um dos genuínos movimentos históricos, no campo religioso ou político.
Imam Khomeini, o grande líder da Revolução Islâmica e o fundador da República Islâmica do Irã também, seguiu o modelo da luta de Imam Husseim (S.A) na sua campanha contra o governo autoritário de Mohammad Reza Pahlavi. Ele, até os últimos dias da vitória da Revolução Islâmica, rejeitava qualquer movimento armado organizado. É por isso que a Revolução Islâmica era um dos raros movimentos populares e revolucionários que teve sucesso com menores perdas humanas. Aqueles que foram assassinados durante a Revolução Islâmica, foram vítimas dos atos dos defensores fanáticos do sistema monárquico. O grande apoio do Mohammad Reza Pahlavi era o seu exército, mas quando generalizou o movimento do Imam Khomeini no Irã, exército também se juntou ao povo.
Um dos motivos que o movimento do Despertar islâmico no Egito e em alguns outros países muçulmanos não alcançou o seu objetivo, foi o ritmo acelerado deste movimento e a não institucionalização das exigências dos revolucionários em todos os segmentos da população e pela falta de liderança e coerência.
Isso tem levado as organizações opostas ao movimento do Despertar islâmico, restaurar as estruturas governamentais anteriores, desviando o rumo do movimento popular contra regimes opressores e destruí-lo.
O xeque xiita, Issa Qassem com base na experiência histórica dos anciões e guias religiosos, nestes últimos seis anos, tentou elucidar o povo do Bahrein e todo o mundo sobre a tirania do governo de Al Khalifa. Esse objetivo não era alcançável a não ser com a persistência, perseverança, paciência e pelo uso de métodos não-violentos na luta contra o Estado de Al Khalifa.
A revogação da sua cidadania é um sinal de desespero da família de Al Khalifa perante a tolerância e perseverança deste combatente convicto e piedoso. A repressão severa do movimento e luta pacífica do povo pelos seus direitos contra uma minoria tirânica por parte do regime Al-Khalifa, não tem justificativa para o povo de Bahrein e nem para o mundo. Até alguns governos ocidentais que apoiavam o Al Khalifa, para manter o seu prestígio humanitário, denunciaram o seu gesto de retirar a cidadania do xeque Issa Qassem.