As ações culturais do movimento de boicote contra o regime sionista
(last modified Wed, 26 Jul 2017 17:28:38 GMT )
Jul. 26, 2017 17:28 UTC
  • As ações culturais do movimento de boicote contra o regime sionista

"Boicote, desinvestimento e sanções", mais conhecida como BDS, é uma campanha global que preconiza a prática de boicote econômico, acadêmico, cultural e político ao regime ocupador sionista, com os seguintes objetivos: 1). Fim da ocupação e da colonização dos territórios palestinos (2). Igualdade de direitos para os cidadãos árabes de Israel (3). Respeito ao direito de retorno dos refugiados palestinos

Há três anos, cerca de 700 artistas, intelectuais e ativistas culturais britânicos ao repudiar os crimes do regime de ocupador de Al-Quds (Israel) contra a nação da Palestina, declararam um boicote de cooperação profissional e cultural com este regime e as suas entidades relacionadas. De fato, eles tinham sido aderidos ao movimento de boicote ao regime sionista, seguidamente veremos algumas das atividades deste grupo.

Ken Loach, cineasta britânico, que tem mais de 50 filmes na sua carreira e em 2016 com o filme "I, Daniel Blake» (EU, Daniel Blake) ganhou palma de ouro no Festival de Kannes. O seu filme "I, Daniel Blake» de patologia social que desafiou os serviços sociais britânicos, foi muito apreciado por críticos de cinema. O seu filme foi apresentado em muitos países, incluindo na Palestina ocupada, sabendo que ele foi partidário do movimento do boicote cultural ao regime sionista.

Ken Loach recentemente foi criticado que tem abandonado o circulo das suas sanções culturais contra o regime sionista, e apesar da crítica de outros artistas, permitindo a exibição do seu filme na Palestina ocupada. O cineasta britânico, vencedor da Palma de Ouro, há pouco tempo tinha duramente criticado a atuação da banda Radiohead  em Tel Aviv, acusando os de ignorar os palestinos e apoiar a apartheid. Loach recordou sempre o regime sionista, como um “regime de apartheid” e uns partidários do boicote cultural.

Em tais circunstâncias, “Rebecca O'Brien” a produtora de Ken Loach e a sua velha colega em resposta a tais críticas, consideraram que o ecrã do filme "Eu, Daniel Blake", em Israel, resultado de um erro. Ele anunciou que a empresa Wild Bunch sem aprovação da empresa Loach, tinha autorizado o direto da exibição nos territórios ocupados.

O'Brien disse sobre isso: pedimos a empresa Wild Bunch para não vender o direito da ecrã na Palestina ocupada. Mas durante o Festival de Cannes, as coisas passaram mais rápido do que o que pensava e na altura de movimentação no festival, foi concedido o direto da sua exibição.

Apesar dessas medidas desonestas no sentido de legitimar os sionistas, movimento global de BDS continua suas atividades.

Este movimento foi fundado em 9 de julho de 2005, por 171 organizações não governamentais pró-palestinas, aproveitando da experiência e método da luta dos pretos sul-africanos contra o governo de apartheid e com base a declaração das Nações Unidas contra o regime da apartheid de África do Sul. Os adeptos deste movimento incluem personalidades académicas, membros de sindicatos, partidos políticos e até os cidadãos residentes nos territórios ocupados.

Durante o regime de apartheid sul-africano, um dos maiores “amigos” do governo do país era justamente Israel, segundo Kwara Kekana, porta-voz nacional do movimento BDS África do Sul. “Nem todo mundo sabe disso, mas Israel fornecia armas, promovia treinamento militar para os soldados da defesa nacional, o que reforçava a apartheid. Algumas das legislações israelenses atualmente são baseadas nas da África do Sul, como a segregação e a prisão sem julgamento, chamada ‘detenção administrativa'”, relata ela.

Enquanto em seu país havia ônibus só para pessoas brancas e locais onde sós eles podiam entrar, o mesmo se aplica a Israel, com ônibus, estradas e locais apenas permitidos para judeus. Por isso, a tática de lutar contra o apartheid também foi baseada na tática que funcionou na África do Sul. “O BDS é parte da solução, os palestinos nos pediram como comunidade internacional para fazer isso até que Israel atenda às leis internacionais. Vemos as lições do BDS na África do Sul, com o boicote acadêmico, o cultural, o embargo militar, a adesão de ativistas internacionais. No final dos anos 1970, a África do Sul foi expulsa de praticamente todas as competições esportivas, incluindo as Olimpíadas, por exemplo. Foram campanhas bem-sucedidas de isolamento”, explicou Kwara.

Assim como havia no país africano, também em Israel há empresas que lucram com a apartheid, segundo a ativista, como a britânica G4S, que fornecia equipamentos para as prisões e checkpoints israelenses e foi alvo do movimento BDS em 2014, anunciando que encerraria suas atividades no país. A estratégia pode ser muito eficiente, e Kwara afirma que espera que os resultados sejam mais rápidos na Palestina do que foram na África do Sul. “Vemos nos últimos dois e três anos muitas vitórias, até a igreja Presbiteriana nos Estados Unidos parou de investir em empresas ligadas à apartheid, e vemos governos também tendo posições mais fortes. Depois do massacre de 2014 em Gaza, a Bolívia, por exemplo, cortou laços com Israel. Mas exige paciência”, avalia.

A luta por auto-determinação, igualdade de direitos e contra a discriminação por parte do povo palestino existe há pelo menos cinco décadas, desde 1967, quando a ocupação israelense em territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza foi iniciada. Mas há onze anos, um novo movimento global propõe uma forma de tentar mudar esta realidade a partir de boicote, desinvestimentos e sanções (BDS), baseando-se na experiência que derrubou a apartheid racial da África do Sul.

O movimento de Boicote, desinvestimento e Sanções (BDS), é o movimento global que visa pressionar o regime sionista com alavancas econômicas a fim de terminar a ocupação do território palestino, igualdade entre cidadãos árabes e judeus que vivem na Palestina e o reconhecimento do retorno dos milhões de refugiados palestinos.

Em apoio a este movimento, foram realizadas dezenas de conferências e movimentos de protestos em várias cidades do mundo. Até agora, tinham sido debatidos importantes discussões substancialmente em torno da influência, a extensão e as questões morais no movimento de boicote, mas em qualquer caso, os apoiadores do movimento, recordando a presença de judeus e cidadãos israelitas ativos nesta campanha, rejeitaram a acusação de ser anti-Judeus.

Antes da formação do movimento popular, alguns grupos imaginavam que este regime sionista seria muito mais poderoso do que pudesse testemunhar o seu colapso, pelo menos nos próximos 25 anos, mas o aumento de pressão e supressão contra o movimento (BDS) mostra a debilidade do regime. Como exemplo, desde o início de janeiro de 2016, a empresa francesa de telecomunicações "Orange", conhecido como gigante no mundo de telecomunicação anunciou a redução das suas relações com Israel. Ao mesmo tempo, uma grande empresa irlandesa rompeu o seu contrato de cimento com o regime sionista, para sentir o aumento a intensidade da pressão do movimento de boicote a Israel. Neste sentido, igrejas, associações estudantis e ativistas sociais e movimentos regionais organizaram protestos, contra a onda de brutalidade dos líderes sionistas. Com a proliferação destes protestos, os líderes do regime sionista precipitados, iniciaram a sua atuação e uma guerra em nível mundial, com tudo o poder, contra o movimento BDS.

A nomeação do ano 2016, como ano de “ação diária contra o programa financeiro do Israel” por Omar al-Barghouti" (um dos fundadores do movimento BDS) e aderir ao menos cem pessoas a este ato, seguramente teve um impacto significativo sobre a economia do regime sionista. O regime usurpador da Palestina rejeitou todos os voos de al-Barghouti e intimidou-o e todos os defensores dos direitos dos palestinos.

Os seguidores do movimento, aqueles que moram na Cisjordânia, relatam como é a vida sob a ocupação israelense. “É um regime de apartheid e ocupação, há um muro de separação, com as colônias ilegais, estradas que não podemos usar. A juventude palestina está sendo morta e violentada nos checkpoints (barreiras controladas pelos israelenses pelas quais palestinos precisam passar para se locomover dentro do território)”, Há mais de 7.500 prisioneiros políticos, dos quais seis são integrantes do Parlamento Palestino. “Além do confisco de terras, limpeza étnica, colônias construídas apenas para judeus. É pior do que isso ainda, não tem como resumir. Muitas crianças têm que pegar ônibus e passar por dois checkpoints apenas para chegar à escola, levam o dia inteiro entre ir e voltar”. Na Faixa de Gaza, a situação é ainda pior. Identificada por Israel como local de onde partiam ataques terroristas, o território está sob cerco há dez anos, desde que o Hamas, considerado uma organização terrorista, foi eleito por voto popular para governar o local. “As pessoas lá não conseguem tratamento médico, não podem sair, não têm permissão para ter uma educação decente. Muitos palestinos deixam de estudar por causa disso. Eles não têm acesso à eletricidade, água encanada. E não se pode ir da Cisjordânia para Gaza, precisa de uma permissão especial para ir para Gaza, a qual não é fornecida para palestinos”, conta Mahmoud, um palestino conectado a BDS.

Ele aponta que as negociações de paz entre os governos israelense e palestino falharam, e dentre os cidadãos israelenses, pensamentos segregados têm ganhado espaço. Por outro lado, o BDS é um instrumento bastante efetivo, na opinião dele, por funcionar de forma a isolar Israel tanto retirando investimentos de empresas quanto de modo acadêmico e cultural. “Israel e suas instituições mantêm o apartheid, mas o BDS é eficiente porque consegue prejudicar a economia israelense. Segundo a Organização das Nações Unidas, irá afetar a economia pelos próximos dez anos em cerca de 1% a 2% da receita total, ou seja, bilhões de dólares. A empresa Caterpillar, que constrói assentamentos em terras palestinas, também está sofrendo com a tirada de investimentos”, afirma.

Ele explica que o BDS é um movimento de direitos humanos, que trabalha de forma pacífica a partir de três objetivos: acabar com a ocupação israelense, com o regime de apartheid e com a discriminação, e dar o direito de retorno aos palestinos refugiados, o que já foi inclusive determinado pela ONU. A possível solução de um ou dois estados não é pauta do movimento, de acordo com Mahmoud. “Os nossos direitos são o requisito mínimo para qualquer solução política. As pessoas precisam ter seus direitos, o povo palestino deve ter o direito de auto-determinação para a solução”, apontou.

As demandas do movimento boicote ao regime sionista

A agencia de noticias de BNC escreveu em um relatório: “as autoridades israelenses depois de fracasso dos seus esforços contra o movimento ao redor do mundo, estará usando ferramentas da força e chantagem contra os líderes cívicos para deslegitimar BDS e apagar o movimento”.

Os ativistas do movimento neutralizaram também a onda crescente mediática e social e dos esforços de legisladores federais e estaduais norte-americanos (que foram formados com o lobby e o incentivo dos sionistas judeus) para suprimir o movimento boicote. No estado de Massachusetts em julho, no senado estadual, a emenda do anti-boicote foi reprovado pelos grupos pró-palestino. O tema desta alteração foi formar uma lista negra das empresas e apoiadores do movimento BDS que contrariassem os interesses de Israel. Os apresentadores desta emenda já tinham conversado diretamente com muitos legisladores, com o intuito de preparar o terreno para aprova-la no Senado.

No Reino Unido, foi rejeitado também o plano experimental de proibição do movimento do boicote no supremo corte britânica. Ocorreu a mesma rejeição na França de impedir a reunião do movimento boicote.

De fato, o movimento do boicote em France está crescendo com todo o rigor e os lideres do movimento dizem que a lógica de apaziguamento e omissão da comunidade internacional perante a opressão e atrocidades sionistas, está substituindo gradualmente pela pressão constante internacional contra Tel Aviv. Exatamente o que ocorreu na África do Sul e que acabou com regime apartheid neste país.

 Espalhar o movimento boicote na Europa

Quando afirmamos que o movimento tem ganhado mais relevância desde 2016, não seria muito longe da realidade. Os estudantes europeus e americanos em apoio a este movimento estão apoiando o movimento. Os sindicatos e organizações estudantis no Canadá, nos Estados Unidos e Reino Unido cancelaram todos os investimentos do regime sionista em escolas e centros de treinamento. Rahim Kora, um graduado da Universidade da Califórnia, dizia: sabemos que estes estudantes se ocupam futuramente empregos no país e de fato, espera-se que essas pessoas formariam opiniões do povo e da política do governo contra Israel. Agora todos os povos do mundo entenderam que as alegações da igualdade e dos direitos humanos, não teriam sentido sem a recuperação dos direitos de muçulmanos palestinos e resolver o problema da ocupação.

Numa iniciativa chamada “Artistas em Defesa da Palestina,” uns 700 artistas ingleses, fizeram um compromisso, em 14 de fevereiro de 2016, de boicotar Israel em reação ao que classificaram de “catástrofe palestina”.

A campanha dos artistas disse: "nós aceitamos de não tiver nenhuma atividade e cooperação profissional com Israel ou com entidades associadas a ele".

Os artistas ingleses neste compromisso afirmaram: Israel, desde a guerra de Gaza, com os ataques contínuos ao solo do povo palestino, não respeita jamais a seu sustento e seu direito da vida política. Israel luta também contra as instituições culturais palestinas e evita a livre circulação de ativistas culturais palestinos. Estes artistas advertem de que o regime sionista tem procurado a dominação cultural na Cisjordânia e em outras regiões dos territórios ocupados. “Avisamos a Netanyahu, Tel Aviv ou Ashkelon e Ariel que até Israel respeitar o direito internacional e não acabar com a sua opressão colonial e atrocidades contra os palestinos, não tocaremos nenhuma musica em Israel, não aceitaremos nenhum prêmio por parte deste regime e não participaremos de exposições, festival ou conferências e oficinas de trabalhos nos territórios ocupados”.

Boicote cultural o regime sionista

Agora, no meio do ano 2017, o movimento global de boicote a Israel anunciou que desde o início do ano registrou várias vitórias no campo econômico, social e cultural do seu movimento. Ele relatou que esta ampla coalizão de dentro e fora da Palestina, ganhou muito sucesso no campo de grandes problemas e o avanço na luta palestina em recuperar os direitos da nação palestina. O movimento global de boicotar o Israel salientou que intensificaria suas atividades no campo de sanções contra instituições e organizações científicas e culturais do regime sionista até acabar com a ocupação da Palestina.