Ago. 26, 2017 14:01 UTC
  • O crescimento de extrema direita e a islamofobia na Europa 6

Neste programa aborda-se o tema da oposição dos partidos de extrema direita à União Européia

Cumprimentos cordiais a todos os estimados ouvintes da Voz Exterior da República Islâmica de Irã, estamos a seu serviço com outro programa  da série “O crescimento de extrema direita e a islamofobia na Europa”. No programa anterior falamos sobre a xenofobia e o antislamismo como dois dos mais importantes índices da corrente de extrema direita na Europa. Neste programa, estudamos outra característica de extrema direita na Europa e é a oposição destes partidos à União Européia. O nacionalismo extremo, o racismo e a xenofobia  fazem parte do projeto de integração européia. Um projeto cujo propósito é a redução dos sentimentos nacionalistas e o fortalecimento das normas e os valores europeus tendo em vista criar uma sociedade multicultural e redefinir a identidade dos cidadãos europeus.

Os partidos e movimentos de extrema direita vêem em unanimidade dos países europeus, um golpe forte à identidade e cultura de cada país. Eles pensam que a história de cada Estado é diferente e não pode ser imposto uma política cultural única. A oposição a uma sociedade multicultural baseia-se em que a cada nação tem suas próprias fronteiras e identidade. Por exemplo, a extrema direita na França afirma que a aglutinação deste país em uma organização ultranacional, isto é a União Européia, causou o declive da soberania econômica, política e cultural  Francesa . Neste sentido, o partido de Frente Nacional em 2004 criticou à União Européia como o último passo em direção a um governo mundial e pediu reconsideração de todas as disposições do Tratado de Roma.

A presidente do partido de Frente Nacional, Marine Lhe Pen, disse que na sua opinião a  França deve abandonar a União Européia e restaurar suas fronteiras anteriores, e enfrentar-se seriamente com os cidadãos de dupla nacionalidade. Um dos lemas do líder da Frente Nacional, na campanha das eleições presidenciais da França de abril de 2017 é o referendo para a saída da França da União Européia. Alarmados pelo desaparecimento do âmbito nacional com a expansão da União Européia, o processo de globalização, a crise da zona euro e a onda dos  refugiados na Europa,  surgiram partidos ultra-radicais que propiciam um contexto adequado para o crescimento da extrema direita. Os partidos de extrema direita amparam-se no sentimento nacionalista para defender sua rejeição a uma convergência na Europa. Os partidos de extrema direita, considerando a particularidade do nativismo, opõem-se às políticas de integração da União Européia e  vêem-nas como uma ameaça e perda de suas fronteiras nacionais.

A volta ao nacionalismo extremo, sobretudo entre os europeus, com o fim de eliminar as consequências do fascismo e o nazismo, após a Segunda Guerra Mundial, elegeu o caminho da cooperação, a integração e a solidariedade no marco do transnacionalismo selecionado e levou-o à  prática, o que não só tem sido um fracasso, mas também um passo para atrás. Este regresso põe em risco a continuidade de todos os lucros da União Européia. A parte das políticas xenófobas e anti-migrantes dos partidos de extrema direita, o poder exercido por este coletivo funda-se no interesse e as prioridades nacionais e não nos interesses comuns europeus, o que  provocará a divergência e a discórdia entre os países europeus. A instabilidade dos sistemas políticos europeus que se deve principalmente à concorrência entre os partidos, junto com o aumento da violência contra as minorias e os migrantes, seguirá promovendo a coerência e a eficácia dos governos europeus. O conjunto destes fatores, dirigirá a Europa, após décadas de progresso, estabilidade e paz, para o radicalismo e a debilidade de seu lugar a nível internacional.

O referendo da Grã-Bretanha para sair da União Européia no dia 23 de junho de 2016 foi um grande choque político econômico.  Ainda que os  simpatizantes da campanha “brexit” pertenciam aos partidos e grupos sócio-políticos, pode ser dito especificamente que todos os partidos e grupos de extrema direita populistas britânicos eram membros ativos de dita campanha. Todos os partidos de extrema direita na Europa receberam com beneplácito o resultado do referendo do Reino Unido em prol de a saída da União Européia e todos falaram  de deixar o bloco comunitário em caso de tomar o poder.

Os resultados dessa consulta popular britânica foram resultados de esforços despregados por políticos populistas de direita em Europa nos últimos anos.

Entre os sucessos obtidos por estes partidos no ano passado, pode ser aludido aos seguintes casos: Pela primeira vez, os partidos conseguiram estar no Parlamento Europeu, ademais o Partido pela Liberdade (Holanda) superou a todos os partidos em concorrência, a Partido Lei  e Justiça (Polônia) tem a maioria absoluta nas duas Câmeras de seu país, o candidato do Partido Liberal da Áustria com muito pouca diferença nas eleições presidenciais de 2016, perdeu ante seu rival, o Partido Verde, e a Frente Nacional da França tem uma grande oportunidade para as eleições presidenciais do próximo ano.

O partido Alternativa para Alemanha, com aproximadamente o 15 por cento de popularidade, tem muitas probabilidades de somar uma boa quantidade de votos nas eleições parlamentares do próximo agosto e entrar na linha dos partidos influente deste país.

A União Européia formou-se em 1957 por iniciativa de seis países (Alemanha  ocidental, França, Itália, Países Baixos, Bélgica e Luxemburgo) à margem da  Convenção de Roma como um mercado comum. Depois de quase seis décadas, o número de seus membros atinge 28 países. Durante este período, o mercado comum para liderar o caminho da convergência e integração em diversos campos, converteu-se em uma união econômica e monetária.  Dos 28 países membros da União  Européia, 19 até hoje estão unidos na denominada zona euro e têm adotado o "euro" como unidade monetária .

Todos os membros da Eurozona  aceitaram os princípios das "quatro liberdades" para garantir a livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoas. Os 19 países da zona euro lembraram  gerenciar um banco central conjunto e uma unidade monetária única baseados em uma série de critérios que regem o déficit orçamental, a inflação, os níveis de dívida, etc., no entanto, estes critérios não são respeitados em muitos casos.

Não obstante, a União Européia, depois de fazer frente a várias crises políticas, sua unidade econômica e social na consecução de seu projeto final não tem tido valor nem entre seus integrantes e menos tem atraído a outras. Um grande número de partidos de Europa, desde a extrema esquerda à extrema direita, têm expressado sua rejeição a seguir na União Européia e suas bases filosóficas e políticas. Eles pedem regressar às fronteiras passadas e acham que este é o melhor caminho para defender em frente à crise.

A União Européia, após seis décadas de vida, tem atingido grandes lucros em diversos campos da integração européia mas agora o repto mais importante é continuar o projeto. É por isso que algumas famosas figuras políticas européias, como François Fillon, o candidato presidencial com maior probabilidades de entrar no palácio de Elíseo, depois das eleições presidenciais francesas, aborda o aumento do desenvolvimento da Europa e aplicar um controle estrito das fronteiras para impedir a entrada dos refugiados e tratar de fortalecer a coesão entre os membros  de União Européia.

No entanto, fora da UE, vê-se que devido às mudanças que estão ocorrendo em Europa, este continente não pode prescindir dos refugiados e imigrantes na busca do fortalecimento de sua unidade e coesão interna. Agora o  novo inquilino da Casa Branca, Donald Trump, tenta proteger do colapso da União Européia. Para perto de as fronteiras marítimas e terrestres da Europa, no Oriente Médio e no Norte da África existem  centros críticos depois de anos de colonialismo e o domínio de Europa, e isto é a origem da migração de seus cidadãos para Europa que fogem do conflito, a insegurança e a crise econômica e social de seu países.   O crescimento da tendência para os partidos de extrema direita de Europa é produto do projeto de integração européia que após mais de sessenta anos  desenhado em uma divergência negativa.

 

 

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