Set. 25, 2017 07:32 UTC
  • Islamofobia no Ocidente 11

Neste programa seguimos abordando a ignorância dos governos antiislâmicos ocidentais sobre o assassinato de muçulmanos de Myanmar.

Os muçulmanos em todos os países do mundo, já seja de maioria  ou minoria, vivem pacificamente junto aos seguidores de outras religiões.

Esta vida pacífica e reconciliadora continua em vários países. Mas a onda de islamofobia nas últimas duas décadas estendeu-se a muitas partes do mundo. Grã-Bretanha,  Estados Unidos e outros países ocidentais, por diversas razões, após a vitória da Revolução Islâmica do Irã e, mais intensamente após o fim da Guerra Fria e o colapso dos regimes comunistas, tentaram mostrar uma cara  extremista e violenta dos ensinos justos e pacíficos do Islã. Assim, a islamofobia, e depois desta, uma política  antiislâmica no marco de objetivos à longo prazo, foram promovidas para justificar as políticas dos governos ocidentais nos países islâmicos. O Ocidente, com o colapso do bloco oriental, precisava de um inimigo para prosseguir com seus objetivos de longo prazo nos países islâmicos, pelo que a islamofobia e o anti-Islã foram a base de sua política de hostilidade. Esta política dos governos ocidentais em outras partes do mundo também tiveram   efeitos devastadores na vida dos muçulmanos, especialmente das minorias. Hoje em dia, os muçulmanos rohingyas são assassinados em Myanmar só pelo fato de professar sua religião.

Se a minoria muçulmana rohingya tivesse uma religião diferente do Islã, seguramente, teria sido diferente a reação dos governos ocidentais e das organizações humanitárias. Ainda que o recente assassinato de muçulmanos em Myanmar e a deslocação de dezenas de milhares deles, contrário ao passado, tem provocado uma onda de solidaridade de diferentes  países do mundo. No entanto, a onda de simpatia não tem ido para além e o governo de Myanmar e a figura ilustre neste governo, Aung San Suu Kyi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 1991  não têm sido criticados oficialmente por nenhum governo ou organização internacional, especialmente, dos governos ocidentais. Inclusive alguns estadistas, em uma reunião com Aung San Suu Kyi,  de alguma maneira, têm tratado de dirigir o recente massacre de muçulmanos, a uma situação provocada por esta mesma etnia rohingya.

O premiê índio, Narendra Modi, após conversas com Aung San Suu Kyi, apoiou as posições do Governo de Myanmar contra os muçulmanos rohingyas. O Governo birmano afirma que o ataque de um grupo rebelde  rohingya  à polícia, no dia 26 de agosto passado, foi a razão do confronto contra esta minoria muçulmana. Segundo estatísticas oficiais, mais de 400 rohingyas foram  assassinados recentemente. Por suposto, segundo estatísticas não oficiais, o número de mortes supera  milhões . Alguns relatórios indicam que o exército birmano estam queimando cadáveres de muitos muçulmanos para eliminar as impressões de um crime em massa.

Como os muçulmanos rohingyas carecem de qualquer  documento de identidade, não pode ser feito um balanço real dos assassinatos. O Governo de Myanmar não reconhece à minoria muçulmana como seus cidadãos, por isso, na prática, os rohingyas carecem de direitos de cidadania. Os budistas de Myanmar afirmam que  os muçulmanos são estrangeiros e, por tanto, consideram legítimo e permissivel qualquer comportamento desumano e discriminatorio contra esta etnia islâmica. Não há dados precisos sobre a população muçulmana de Myanmar, mas se estima em 1,1 milhão de pessoas. Quase todos os muçulmanos rohingyas vivem na província de Rajine, situada na costa ocidental de Myanmar. Rajine é uma das províncias mais desfavorecidas de Myanmar, onde a maioria dos muçulmanos rohingyas vivem em acampamentos e não têm direito a sair desta zona sem a permissão do Governo central. Segundo documentos históricos, os muçulmanos rohingyas estabeleceram-se em Myanmar desde o século XII. A maioria dos muçulmanos rohingyas emigraram em procura de trabalho a Myamar  centenas de anos atrás, entre 1824 e 1948, durante o domínio britânico da península índia, desde então Myanmar foi conhecido como Birmania e era uma capital provincial da Índia sob o domínio  britânico,  pelo que a imigração dos muçulmanos rohingya foi considerado uma deslocação  interna.  Em 1947, Myanmar deixou o domínio colonial da Grã-Bretanha e declarou-se independente. Em Myanmar havia vários anti muçulmanos entre os budistas. Após a independência de Myanmar, a imensa maioria dos muçulmanos ficaram despojados da cidadania de Myanmar, e o governo de Myanmar considerava-os imigrantes que haviam chegado de forma "ilegal" desde A Índia e Bangladesh durante a dominação britânica. Ainda que os muçulmanos rohingyas deram-lhes inicialmente cartões de identidade e inclusive a cidadania pelo que alguns também chegaram ao parlamento, o golpe militar mudou tudo em 1962. A partir desse momento, todos os cidadãos deviam ter um cartão de identificação nacional, enquanto aos rohingyas só lhes davam cartões que os descrevia como estrangeiros.

Nos últimos anos, a onda de islamofobia e anti-Islã no Ocidente, estenderam-se a Myanmar entre os budistas extremistas e, mais que nunca, os muçulmanos têm sido objetivo de ataques racistas e violentos. No entanto, nos recentes assassinatos dos muçulmanos de Myanmar, o Governo de Myanmar participa oficialmente. Anteriormente, o exército deste país asiático era o único observador do violento comportamento dos budistas contra os muçulmanos. Agora, com o pretexto de conter a grupos extremistas muçulmanos, os militares estão envolvidos nos massacres dos rohingyas. Aldeanos muçulmanos que conseguiram escapar da província de Rajine e entraram em Bangladesh,  denunciaram de que os soldados birmanos queimam suas casas  e matam os muçulmanos. Segundo o Observatório de Direitos Humanos, as imagens tiradas por satélite dos povos pertencentes à minoria rohingya corroboran a destruição e queima de 99 %  dessa região.  O jornal britânico The Guardian informou que milhares de pessoas na província de Rajine ou na fronteira entre Myanmar e Bangladesh estão morrendo de fome, privadas de necessidades básicas como medicinas e água potável.

Muitos pensaram que terminado o golpe de Estado do governo militar em Myanmar, com a chegada de Aung San Suu Kyi, a figura ilustre e internacional ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, terminaria o comportamento racista contra os muçulmanos Rohingya. Mas não só não ocorreu isto, e também que os rohingyas se enfrentam a uma política de destruição total por parte do exército birmano. Aung San Suu Kyi não só não respondeu as críticas por sua falta de ação diante o massacre dos muçulmanos rohingyas, mas que segue vinculada aos trabalhadores de ajuda internacional com os  terroristas em seu país. O Governo de Myanmar, por esta mesma razão, tem bloqueado a entrega de ajudas humanitárias de organizações , como  as Nações Unidas, a milhares de muçulmanos rohingyas. Ainda que haja movimentos nos meios de comunicações e os países islâmicos para evitar o assassinato e a expulsão dos muçulmanos em Myanmar, enquanto não tenha uma resolução internacional séria para pressionar o Governo de Myanmar, é pouco provável que as autoridades birmanas detenham a detenção e a deportação dos muçulmanos em Myanmar. Apesar das advertências das Nações Unidas sobre a gravidade da situação dos muçulmanos Rohingya, não há indícios de que os governos ocidentais defensores de Aung San Suu Kyi tratem de seguir  além das críticas do Governo de Myanmar.

 

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