O Irã expressa extremas preocupações sobre a situação de Rohingyas em Mianmar
O Irã tem manifestado suas preocupações mais profundas sobre a continuada repressão militar de Mianmar contra os muçulmanos Rohingya.
Na segunda-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irã, Bahram Qassemi, pediu ao governo de Mianmar para travar a continuada violação dos direitos humanos dos muçulmanos e acabar com a atual situação desumana e violenta no país.
Ele ainda pediu a Mianmar que adote uma abordagem realista para estabelecimento da paz e uma coexistência pacífica com o Rohingya.
"O governo da República Islâmica do Irã está extremamente preocupado com a continuação da violação dos direitos dos muçulmanos em Mianmar, o que levou à morte e à imigração forçada", disse Qassemi.
Os líderes de Rohingya em Rakhine dizem que entre 8 a 9 mil Rohingya entraram em Bangladesh desde que uma nova onda de violência estourou em Rakhine na última quinta-feira. Pelo menos 104 pessoas morreram. O número oficial de mortes desde domingo foi de 96.
A violência e repressão começaram novamente em 25 de agosto, depois de dezenas de policiais e postos fronteiriços em Rakhine alegadamente foram atacados por um grupo que reivindicava defender os Rohingyas contra a repressão do governo em Rakhine.
Um total de 89, incluindo 12 pessoas de segurança, foi morto durante a violência.
Turquia: O mundo "cego e surdo" perante a situação de Rohingya
Enquanto isso, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, convidou a comunidade internacional a aumentar seus esforços para ajudar a comunidade muçulmana Rohingya de Myanmar. Infelizmente, posso dizer que o mundo é cego e surdo perante o que está acontecendo em Mianmar, disse ele, acrescentando que "Não é ouvido nem se vê".
Ele ainda referiu a última fuga de refugiados para o Bangladesh como um "evento extremamente doloroso", enquanto prometeu abordar a questão na Assembleia Geral da ONU no próximo mês.
O papa Francisco, por sua vez, apelou nas missas semanais que os direitos da minoria muçulmana dos rohingyas sejam respeitados.
"Tristes notícias chegaram sobre a perseguição da minoria religiosa dos nossos irmãos Rohingyas", declarou o papa diante de milhares de fiéis reunidos na praça de São Pedro para o Angelus do domingo.
"Gostaria de mostrar toda minha compaixão para com eles. E todos pedimos ao Senhor que os salve e que desperte nos homens e nas mulheres a boa vontade para ajudar-lhes, e que todos os seus direitos sejam respeitados", ressaltou.
No sábado, as forças de segurança birmanesas abriram fogo contra os civis que fugiam até o país vizinho, Bangladesh, que de sua parte deteve e obrigou que 70 imigrantes rohingyas retornassem ao Myanmar.
O ocorrido situou-se no estado de Rakáin, a oeste do Myanmar, local que é cenário há anos das fortes tensões entre a minoria muçulmana dos rohingyas e os budistas.
O governo de Myanmar considera a população Rohingya de 1,1 milhão de habitantes no país como "imigrantes ilegais" do Bangladesh. Os muçulmanos Rohingya, no entanto, tiveram raízes no país que remontam séculos. Eles são considerados pela ONU como o "grupo minoritário mais perseguido do mundo".
O governo usou um ataque militante contra guardas de fronteira em outubro de 2016 como pretexto para reforçar o bloqueio em Rakhine. Houve numerosos relatos de testemunhas anonimatos sobre execuções sumárias, estupros e ataques criminosos dos militares desde que começou a repressão. Cerca de 87 mil muçulmanos Rohingya fugiram para Bangladesh desde o ano passado em meio à repressão.