Parlamento português condena decisão de Trump sobre Jerusalém
O parlamento português aprovou, com votos favoráveis de todos os partidos, um voto apresentado pelo Bloco de Esquerda, PS e PAN que “condena o reconhecimento de Jerusalém como capital do Estado de Israel pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump”.
O documento foi aprovado por PSD, PS, PCP, BE, PEV, PAN e teve também votos a favor do CDS-PP, incluindo da sua presidente, Assunção Cristas, mas a bancada centrista dividiu-se nesta matéria, com cinco deputados a absterem-se e dois a votarem contra. Também o socialista João Soares se absteve.
Sobre o mesmo tema, foi igualmente aprovado um voto apresentado por PSD e CDS-PP que exprime “preocupação pela decisão do presidente dos Estados Unidos”, com votos favoráveis de todas as bancadas menos PCP e PEV, que se abstiveram, assim como o deputado do PS João Soares.
O PCP apresentou também um voto a condenar a decisão da administração norte-americana, e ainda a expressar “solidariedade com o povo palestiniano” e a defender “o direito do povo palestiniano ao reconhecimento do seu próprio Estado, nas fronteiras anteriores a 1967”, que foi rejeitado.
O voto de condenação dos comunistas obteve votos favoráveis de PCP, BE, PEV e de seis deputados socialistas e a abstenção de PS e PAN, mas acabou rejeitado com os votos contra de PSD e CDS-PP e de quatro deputados socialistas.
Confrontos e manifestações
Várias localidades da Cisjordânia foram hoje palco de confrontos entre manifestantes palestinianos e militares israelenses, enquanto na Faixa de Gaza populares queimaram fotografias de Donald Trump e de Benjamin Netanyahu e bandeiras dos Estados Unidos e de Israel.
Os incidentes registaram-se em protestos contra a decisão, anunciada na quarta-feira pelo presidente dos Estados Unidos, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e de transferir a embaixada norte-americana de Telavive para a cidade considerada santa por cristãos, judeus e muçulmanos.
O líder do movimento radical Hamas, que controla a Faixa de Gaza, apelou hoje a uma nova Intifada, depois de logo na quarta-feira dirigentes do movimento terem declarado três “dias de ira”, entre hoje e sábado.
Na Cisjordânia, grupos de centenas de manifestantes incendiaram pneus e lançaram pedras contra tropas antimotim.
Na cidade bíblica de Belém, as tropas dispararam canhões de água e lançaram granadas de gás lacrimogéneo para dispersar uma manifestação e em Ramallah, sede do governo palestiniano, manifestantes incendiaram dezenas de pneus, provocando uma espessa nuvem de fumo negro sobre a cidade.
A decisão de Donald Trump contraria a política seguida há décadas pelos Estados Unidos em relação a Jerusalém e a posição aceite pela comunidade internacional de que o estatuto da cidade deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.
Nos territórios palestinianos, as escolas e lojas não abriram hoje, primeiro de três “dias de ira” em protesto pela decisão do presidente norte-americano.
Protestos foram realizados em várias localidades e também em Jerusalém, junto à Porta de Damasco, na cidade velha.