Ban Ki-moon conclui seu mandato como Secretário-Geral da ONU
(last modified Sat, 31 Dec 2016 18:59:49 GMT )
Dez. 31, 2016 18:59 UTC
  • Ban Ki-moon conclui seu mandato como Secretário-Geral da ONU

O sul-coreano Ban Ki-moon termina hoje seu mandato como Secretário-Geral das Nações Unidas, cargo que será assumido amanhã pelo português António Guterres.

Ban, de 72 anos, tem como última atividade à frente da organização dos 193 Estados-membros a participação na cerimônia de fim de ano que tradicionalmente ocorre na famosa praça nova-iorquina de Times Square.

Ontem, o diplomata despediu-se dos funcionários da ONU e deixou a sede da entidade mundial, à qual muitas especulam que ele poderia voltar como presidente de seu país, um tema a respeito do qual não se tem querido adiantar nada.

O oitavo Secretário-Geral em 71 anos de história das Nações Unidas cumpriu dois mandatos de cinco anos, nos que teve que lidar com desafios complexos, entre eles conflitos sangrentos e o auge do terrorismo, que desencadearam um fluxo de imigrantes e refugiados sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial e da existência a mais de 60 milhões de deslocados.

Além disso, sua gestão à frente do também conhecido como 'trabalho mais impossível do mundo' coincidiu com uma maior clareza sobre o impacto da mudança climática e a urgência de enfrentá-lo, o incremento das desigualdades e um perigoso ressurgimento da discriminação, da intolerância, do racismo e das mensagens de ódio.

Após uma década no cargo, Ban deixa importantes conquisas na luta contra a mudança climática, na prevenção e solução de conflitos armados, na defesa dos direitos humanos e no impulso ao desenvolvimento sustentável, coincidem observadores.

Particular relevância têm os instrumentos multilaterais atingidos no ano passado, a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e o Acordo Climático de Paris.

No entanto, deixa o posto com tarefas pendentes para a comunidade internacional, como o fim do colonialismo, o triunfo da paz em cenários de crises - entre eles Síria, Iêmen, Sudão do Sul e Palestina-, a eliminação da pobreza, a redução das desigualdades e o pleno respeito à Carta da ONU.

Seu trabalho foi por momentos afetado por pressões de potências, que com sua poderio financeiro e militar tentam impor uma agenda global subordinada a seus interesses.

Nesse sentido, segue vigente a pergunta que tantas vezes se escutou aqui durante o processo para eleger seu sucessor, relacionada com a independência do Secretário-Geral e sua capacidade de velar de maneira efetiva pelo cumprimento dos propósitos e princípios da Carta, sobretudo a soberania, a não ingerência e a solução pacífica de controvérsias.

A partir de amanhã, o escritório do 38 andar do quartel-general de Nações Unidas terá um novo ocupante, o português Guterres, que assegurou que apostará pelo diálogo, pelo multilateralismo, pela igualdade de gênero e pela atenção aos mais vulneráveis.

O ex-premiê português disse ter consciência das limitações que possui um Secretário-Geral, e de seu papel como facilitador do protagonismo dos Estados-membros da ONU na solução dos problemas.

 

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