Novo chefe da ONU promete lidar com abuso sexual
O novo chefe das Nações Unidas prometeu combater os abusos sexuais cometidos por "guardas da paz" da ONU em todo o mundo, declarando planos de elaborar uma nova abordagem de "mudança de jogo" para abordar a questão.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que sucedeu a Ban Ki-moon em 1º de janeiro, designou uma força-tarefa de nove membros na sexta-feira para elaborar uma nova estratégia visando melhorar a resposta à série de relatos prejudiciais e crescentes de abuso sexual Forças de paz da ONU.
De acordo com o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, a força-tarefa "relatará rapidamente como podemos avançar de novas maneiras, de maneiras mais ousadas, que podem quebrar alguma porcelana".
Dujarric afirmou ainda na sexta-feira que a força-tarefa apresentará uma "estratégia clara, mudança de jogo para conseguir uma melhoria visível e mensurável na abordagem da organização para prevenir e responder à exploração e ao abuso sexual".
As missões de paz da ONU foram atingidas por dezenas de relatórios apontando para o abuso e a exploração sexual, mas os estados contribuintes de tropas têm relutado em processar os acusados.
A nova abordagem fará parte de um relatório que Guterres deve apresentar à Assembléia Geral da ONU em fevereiro sobre as medidas tomadas para enfrentar o escândalo.
Em 2016, o relatório anual apresentado por Ban detalhou 69 alegações de abuso e exploração sexual contra tropas da ONU de 21 países.
Esse número subiu para 82 reclamações em meados de dezembro, de acordo com o site do Departamento de Manutenção da Paz da ONU, a maioria das quais envolveu as forças da MINUSCA (Missão Multidimensional Integrada de Estabilização das Nações Unidas na República Centro-Africana).
Grupos de direitos humanos queixaram-se da falta de responsabilização das forças de paz que servem em missões da ONU. Muitos têm evitado investigação completamente ou recebido punição leve.
Sob as regras da ONU, cabe a esses países tomar medidas contra os seus nacionais que enfrentam alegações credíveis de abuso e exploração sexual enquanto servem sob a bandeira da ONU.
O porta-voz das Nações Unidas sublinhou ainda que o organismo mundial não estava iludido de que poderia "aniquilar" essa má conduta, mas enfatizou que Guterres queria reforçar a resposta.
"É sobre como reagimos, como colocamos as vítimas no centro e é sobre a prestação de contas", disse Dujarric.
Quase 100.000 soldados e forças policiais de 123 países servem em missões de paz da ONU.