Acordo nuclear com Irã é terrível, diz Trump
Presidente norte-americano recebe Emmanuel Macron em Washington
Em frente ao presidente da França, Emmanuel Macron, que faz sua primeira visita de Estado aos EUA, o americano Donald Trump afirmou que o atual acordo nuclear com o Irã é "terrível" e que quer rediscutir o trato.
"Foi um acordo terrível, e iremos discuti-lo", declarou Trump nesta terça-feira (24). "É insano; é ridículo. Nunca deveria ter sido feito."
Macron defende que se mantenha o acordo, negociado entre Irã, EUA, França e outros quatro países durante a gestão de Barack Obama, e disse que é preciso considerar a manutenção da segurança no Oriente Médio.
"Nós temos a Síria, temos eleições próximas no Iraque, [precisamos de] estabilidade para preservar nossa aliança na região. O acordo é parte desse contexto", afirmou o francês, que disse que é preciso conter a presença do Irã no Oriente Médio.
O atual acordo impõe travas ao programa nuclear iraniano em troca de alívio nas sanções internacionais.
Trump é um crítico feroz da negociação, e afirmou que os EUA gastaram "barris de dinheiro" e o Irã continua a fazer testes balísticos e a disparar mísseis.
"Que tipo de acordo é esse?", declarou. Ele disse que o Irã "parece estar por trás de todos os problemas" no Oriente Médio, e citou a Síria e o Iêmen.
Já Macron argumenta que os EUA e os outros países aliados têm um papel "muito importante" na estabilidade da região, e que o Irã, principal aliado do presidente sírio, Bashar al-Assad, pode invadir a Síria se os outros países se retirarem.
Esta é a primeira visita de Estado de um líder estrangeiro nos EUA desde a eleição de Trump, em novembro de 2016. Macron ficará no país por três dias.
Os dois presidentes terão reuniões, darão uma entrevista coletiva à imprensa e participarão de um jantar de Estado nesta terça, na Casa Branca. Com informações da Folhapress.
França diz que está disposta a discutir um novo tratado com Irã
"Nós queremos trabalhar a partir de agora em um novo acordo para o Irã", disse Macron, durante uma entrevista na Casa Branca. É uma mudança completa de rumo, depois de o francês afirmar que "não havia plano B" para o Irã e que a melhor opção era a atual.

"As pessoas podem facilmente mudar de opinião", disse Macron. "Nós discordamos em relação ao atual acordo, mas estamos superando essa diferença ao decidir trabalhar juntos rumo a um novo pacto."
Para ele, as novas negociações devem contemplar soluções para a estabilidade política do Oriente Médio, incluindo a situação da Síria, que vive uma guerra civil há sete anos e que deve precisar de esforços de reconstrução em breve.
O francês, porém, defende que o atual acordo continue de pé, e que um novo tratado contemple o período após 2025, quando a maior parte das atuais disposições expira. "Não é que vamos rasgar e começar do zero, mas vamos construir algo novo que contemple todas as nossas preocupações", afirmou Macron.
HISTÓRICO
O atual acordo, que impõe travas ao programa nuclear do Irã em troca de alívio nas sanções internacionais, foi costurado em 2015, pelo então presidente americano Barack Obama e pelos líderes do Irã, França, Reino Unido, Alemanha, China e Rússia.
Macron defende a importância do atual acordo e alertou nesta semana que, se os EUA ou outros países deixarem o pacto, pode haver repercussões na estabilidade política da região. Mas o francês disse nesta terça que o país "não é ingênuo" em relação ao tema e que não quer cometer os mesmos erros do passado -pedindo que as negociações incluam o fim dos testes nucleares pelo Irã. Trump, um dos principais críticos do acordo, abraçou Macron ao final do pronunciamento do francês e disse: "Eu gosto muito dele".
"Nós temos muito em comum. Nós podemos mudar, ser flexíveis. Na vida, é preciso ser flexível", declarou o republicano. "A França é um grande país, e será elevada a novas alturas com esse presidente." O americano insistiu que outros países do Oriente Médio contribuam para uma eventual reconstrução da Síria, e voltou a criticar duramente a atual negociação com o Irã.
Os EUA ameaçam deixar o acordo caso nada seja alterado. Ele ainda afirmou que, se o Irã continuar a ameaçar os EUA, "vai pagar um preço que poucos países jamais pagaram". Trump e Macron deixaram o salão abraçados, apoiando as mãos nas costas um do outro.