Nov. 01, 2016 10:13 UTC
  • O caminho de Karbala a Sham (a Caravana dos prisioneiros da Família do Imã Hussein)-3

A cabeça do Imã Hussein (S.A) foi trazida a Ubaydillah ibn Ziyad e colocada na sua frente, e ao mesmo tempo, as mulheres e as crianças prisoneiros dos Ahlul Bait foram trazidas a Ubaydillah ibn Ziyad.

Zainab al-Kubra se sentou de forma incógnita, e então, Ubaydillah ibn Ziyad perguntou quem era aqula mulher, os soldados responderam que era Zainab al-Kubra. Neste momento ele chegou perto dela e disse: “Louvado seja Deus que desmasca­rou, matou e desmentiu vocês.” Ela (A.S.) respondeu: “Louvado seja Deus que nos agraciou com seu Profeta Mohammad e nos protegeu das impurezas.

Em verdade, o pecador é quem é desmascarado, não nós”. Ubaydillah ibn Ziyad disse: “O que acha da ação de Deus com vocês?” Ela (A.S.) disse: “Eu acho maravilhoso. São parte de um grupo cujo Deus os escolheu para combater pela Sua causa e serem martirizados. Tu se encontrarás com eles e será julgado e cobrado por tê-los matado. Que a maldição de Deus caia sobre você”. Então, Ubaydillah ibn Ziyad ficou nervoso e quis bater nela. Neste momento Amro ibn al-Hareth disse: “Ela é uma mulher, e a uma mulher não se cobra pelas suas palavras.” Então ele disse: “Deus me aliviou do seu tirano Hussein e os rebeldes dos Ahlul Bait”. E ela (A.S.) disse: “Por Deus, tu matou meus filhos, e minha geração, será que isso era o bastante para te satisfazer”. Ubaydillah ibn Ziyad olhou para o Imã Ali ibnol Hussein (A.S.) e perguntou: “Qual é o seu nome?” O Imã (A.S.) respondeu: “Ali ibnol Hussein.” Então, Ubaydillah perguntou: “Como? Deus não matou Ali ibnol Hussein?” O Imã (A.S.) respondeu: “Tive um irmão de nome Ali que foi morto por teu povo. Não foi Deus quem o matou!” Ubaydallah ibn Ziád perguntou: “Não foi Deus que o matou?” O Imã pronunciou o seguinte versículo: “Deus chama as almas quando morrem...92”. Ubaydillah ibn Ziyad enfurecido, gritou: “Como te atreves a me contradizer?!”. E com altivez e soberba ordenou a seus oficiais que matassem o Imã (A.S.).

Neste exato instante Zainab Al-Kubra (A.S.) se levantou e abraçou o Imã (A.S.) e o protegeu dos soldados, dizendo: “Tu não deixaste vivo a nenhum de nós, se decides matar a Ali ibnol Hussein, deverás matar-me também!”

O Imã (S.A) pediu a sua tia que guardasse silêncio e então disse a Ubaydillah ibn Ziyad: “Ó filho de Ziád! Tratas de ameaçar-me? Não sabes que já estamos acostumados a que nos matem e que o martírio é uma honra para nós?”

Neste momento Ibn Ziyad olhou para os dois e disse: “Deixem-no para ela.”

Diversos acontecimentos e corajosos atos de protesto aconteceram dentro do palácio de Kufa, e nós devemos mencioná-los para que fiquem registrados. Entre estes atos de coragem está a posição de Zaid ibn Arqam, o qual viu que Ubaydillah ibn Ziyad cutucava os abençoados lábios e dentes do Imã  Hussein (S.A) com o seu cajado. No momento em que percebeu isso Zaid ibn Arqam, sem temer, disse em voz alta: “Tire teu cajado dos lábios do Imã Hussein (A.S.). Por Deus, o qual não há divindade além Dele, já vi esses lábios beijando a face do Mensageiro de Deus”. Então, os dois discutiram e Zaid ib Arqam se levantou dizendo: “Vocês, ó árabes, serão servos depois deste dia. Mataram o filho de Fátima e escolheram o filho de Marjaba93, que mata os bons homens e serve aos piores. Vocês aceitaram a humilhação.”

E entre as posições corajosas e importantes está a de Abdallah ibn Afif al-Azdi, que condenou e repudiou este crime cometido pelo exército de Ubaydillah ibn Ziyad contra a família do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) em Karbala. Quando este homem ouviu o discurso que Ubaydillah ibn Ziyad fez na Mesquita al-Adham94 de Kufa, elogiando a Yazid ibn Mu´awiyah e agradecendo a Deus pela sua vitória e pela derrota de Hussein ibn Ali (A.S.) e seus seguidores, ele viu que ninguém entre a multidão protestou, pois todos estavam com medo ou simplesmente tinham sido comprados. Mas Abdallah se levantou e disse em voz alta: “Ó filho de Marjana, ó mentiroso e filho do mentiroso, você e seu pai, e também aquele que te escolheu e o pai dele. Vocês matam os filhos dos profetas e falam em justiça e verdade?” Algumas discussões aconteceram e a história relata que este homem, que era cego, ao sair da mesquita foi perseguido por agentes enviados por Ubaydillah ibn Ziyad com o intuito de matá-lo, e mesmo sendo cego, ele os combateu e os enfrentou até ser martirizado.

Vários grupos condenaram e protestaram contra as atitudes de Ubaydillah ibn Ziyad entre eles:

O grupo de Al-Mokhtar al-Thaqafi, o qual liderou uma revolução contra todos aqueles que participaram do combate ao Imã Hussein (A.S.), os perseguiu e se vingou de todos eles.

Estes protestos corajosos eram muito importantes, pois humilharam e diminuíram a posição de Ubaydillah ibn Ziyad perante as pessoas. Os protestos começaram a se virar contra Ubaydillah, e as pessoas começaram a se sampatizar com a causa do Imã Hussein (A.S.). A população de Kufa chorava pela tragédia e estava arrependida pelo crime que cometeram, e isso estava deixando Ubaydillah ibn Ziyad muito pecupado, pois os discursos de Zainab, Fátima, Om Kolthum e Ali ibnol Hussein (A.S.) estavam fazendo efeito.

Ubaydillah ibn Ziyad escreveu uma carta a Yazid ibn Mu´awiyah o informan­do sobre o assassinato do Imã Hussein (A.S.) e perguntando-o o que deveria fazer com os prisioneiros, se era para serem executados, enviados a Medina ou mantidos na prisão. Yazid o respondeu ordenando que ele mandasse os prisioneiros a Sham, juntamente com as sagradas cabeças dos mártires, sendo que até a data da viagem os prisioneiros dos Ahlul Bait (A.S.) foram mantidos em uma prisão que ficava ao lado da Mesquita Al-adham, onde diariamente as pessoas se uniam e choravam, lamentando-se pela tragédia que caiu sobre os Ahlul Bait (A.S.). Como resposta, os agentes de Ubaydillah ibn Ziyad desfilavam pela cidade com as cabeças sagradas do Imã Hussein (A.S.) e dos mártires.

 

Continua...

 

 

Tags