Nov. 17, 2016 09:01 UTC
  • O caminho de Karbala a Sham (a Caravana dos prisioneiros da Família do Imã Hussein)-5

“A morte de Hussein (S.A) ascendeu uma chama nos corações dos fieis, que jamais será apagada.”( Imã Al-Reza (S.A)

O historiador inglês Kibon disse: “Mesmo tendo se passado muito tempo depois do acontecimento de Karbala, e mesmo não existindo uma pátria comum entre Hussein e nós, mesmo com tudo isso, as tragédias que caíram sobre Hussein fazem aflorar os sentimentos de qualquer um, mesmo se a pessoa que possuir um coração duro ela sempre irá sentir simpatia por Hussein”.

 

A caravana dos prisioneiros de Karbala , já estavam no palácio do Califa , o Yazid.  No momento em que o Imã Ali Ibnol Hussein entrou no palácio e ficou perante Yazid, ele perguntou: “Ó, Yazid! O que pensas que o Mensageiro de Deus diria se nos visse com as mãos atadas assim?”

Esta frase simples, plena de sentido, pronunciada pelo Imã (S.A.), provocou lágrimas nos olhos dos que estavam presentes. Neste momento foi ordenado que as cordas fossem tiradas dos prisioneiros. Os prisioneiros foram colocados no centro do salão da mesquita onde todos os prisionei­ros permaneciam, sendo que foram colocados próximos das escadas e a cabeça do Imã Hussein (S.A.) foi colocada bem próxima do tirano Yazid ibn Mu´awiyah. Após todos estarem em suas posições uma con­versa aconteceu entre o Imã Ali Ibnol Hussein (S.A.) e o tirano Yazid, sendo que o Imã (S.A.) jamais temeu a Yazid, pois ele confiava em Deus e tinha certeza de sua crença. O Imã (S.A.) pediu que suas algemas fossem tiradas e foi prontamente atendido.

 

Yazid ibn Moáwiya ordenou a um de seus oradores que subisse ao altar e recordasse, ofensivamente e humilhantemente, ao Imã Ali ibn abi Taleb e ao Imã Hussein (S.A.). O orador se sentou no altar e iniciou seu sermão, elogiando a Yazid ibn Moáwiya e insultando a estes dois honrados Imães. O Imã Ali ibnol Hussein (S.A.), que estava ali presente, silenciou as palavras do orador dizendo: “Ó, pobre de ti! Trocastes a satisfação do Criador pela satisfação da criatura, preparando assim teu lugar no inferno.” Então, o Imã (S.A.) voltou seu luminoso rosto para Yazid e perguntou-lhe: “Permite que eu suba ao altar e diga algumas palavras que agradem a Deus, e as quais também serão prêmio e recompensa aos presentes? Yazid ibn Moáwiya se opôs, mas a multidão insistia que aceitasse, e sem ter alternativa, declarou: Se ele sobe ao altar, só descerá quando tiver desonrado a mim e a família de Abu Sufián”.

Perguntaram-lhe: “O que é que ele pode dizer?” Contestou Yazid: “Ele é da­quela família que recebeu a esperteza por meio do leite quando ainda eram lactantes.”

As pessoas insistiram tanto que Yazid se viu obrigado a aceitar, e então, chamou o Imã Ali ibnol Hussein (S.A.), que subiu ao altar e depois de exaltar a Deus, o Todo Poderoso, continuou dizendo:

“Ele que não tem início e que Sua essência é eterna e imortal, o Primeiro, sem princípio, e o Último, sem final, e depois que tenha se extinguido toda a criação Ele permanecerá e continuará eternamente... Ó, povo! Fomos agraciados com seis virtudes, sabedoria, paciência, generosida­de, eloquência, valentia, e com o preenchimento dos corações dos fiéis de amor por nós... E somos ainda mais virtuosos por sete motivos: O Profeta (Que a paz divina esteja com ele) é dos nossos, o Verdadeiro (S.A.), Mensageiro, a senhora das mulheres do universo, Fátima Azzahra (S.A.), o Imã Al-Hassan (S.A.) e o Imã Hussein (S.A.), os dois grandiosos netos do Profeta (S.A.A.S.) são dos nossos também. En­tão, quem já sabe quem eu sou, me conhece, mas quem ainda não sabe, vou me apresentar. Eu sou filho da Meca e Mena, filho de Zam Zam (uma fonte em Meca)  e Safá, eu sou filho daquele do Ali,(...). Eu neto daquele que, numa noite, foi levado da Masjedol Haram até a Masjedol Aqsa, daquele a quem Deus fez revelações, eu sou filho de Hussein, que foi martirizado em Karbala. daquele que foi afogado em seu próprio sangue.”

 

A multidão olhava para o Imã Ali ibnol Hussein (S.A.) com excitação, e ele, por sua vez, evidenciava em cada uma das suas frases a grandeza da sua linhagem e a profundidade do martírio do seu pai, o Imã Hussein (S.A.). Pouco a pouco os olhos dos presentes se encheram de lágrimas, e se ouviam leves soluços afogados em suas gargantas. De repente, foi se elevando de todos os lados da Mesquita um ruidoso pranto. Yazid ibn Moáwiya se atemorizou, e para acalmar as pessoas e evitar que o Imã Ali ibnol Hussein (S.A.) continu­asse falando, ordenou a um de seus súditos que fizesse o Azán.

A voz se levantou: “Allahu Akbar, Allahu Akbar, Allahu Akbar, Allahu Akbar... Deus é o Maior”. Repetiu quatro vezes.

O Imã (S.A.), que ainda se encontrava sobre o altar exclamou: “Assim é, Deus é o Maior, o mais Magnífico, o mais Glorioso e mais Digno de temor do que qualquer outro.”

“Ash-hado an la ilaha ell-Allah”. Testemunho que não há divindade além de Deus.

O Imã (S.A.) exclamou mais uma vez: “Assim é! E juro que meu cabelo, minha pele, minha carne, meu sangue, meus ossos e minha mente testemunham o mesmo.”

“Ash-hado anna Muhammadan Rasull-Alllah.” Testemunho que Mohammad é o Mensageiro de Deus.

Todos se encontravam com a cabeça abaixada, escutando com atenção o chamada à oração e o que o Imã (S.A.) falava. Quando o orador disse: “Muhammadan Rasull-Alllah” os presentes levantaram as cabeças, dirigindo os olhares ao Imã (S.A.). Uma cortina de lágrimas cobria seus olhares, era como se vissem no Imã (S.A.) o próprio Profeta Mohammad, o Mensageiro de Deus (P.E.C.E). O Imã (S.A.) tirou o turbante da cabeça e exclamou: “Ó orador! Por esse Mohammad que acabas de pronunciar, silencie por um momento!” O orador calou e as pessoas fizeram um silêncio maior ainda. Ya­zid ibn Moáwiya estava muito preocupado, já que nem a chamada da oração conseguiu acalmar o Imã (S.A.).

O Imã voltou seu rosto iluminado para Yazid e disse: “Ó Yazid! Este querido e grandioso Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) é teu avô ou meu? Se tu afirmas que é teu, estarás mentindo! E se disseres que é meu, pergunto. Porque matastes aos meus familiares, os despojastes de seus pertences e tor­naste prisioneira a minha família? Ó, Yazid! É com este comportamento que consideras a Mohammad, Mensageiro de Deus (P.E.C.E) e viras teu rosto em direção a Meca para realizar tuas orações? Quão infeliz serás, quando meu avô te enfrentar no Dia do Juízo Final.”

Yazid ibn Moáwiya ordenou que recitassem o Iqámah para que fosse iniciada a oração, mas, as pessoas estavam tão enfurecidas que algumas delas saíram da Mesquita antes mesmo de realizar a oração, e então, o Imã (S.A.) desceu do altar.

Certa vez o Profeta relatou a Fátima sobre o martírio de seu filho, Hussein, e o que aconteceria a ele; esta, por sua vez, lamentando-se muito, perguntou: “Ó pai, quando será isto”? O Mensageiro (S.A.A.S.) disse: “Em uma épo­ca em que nós dois e Ali não mais existiremos”. Fátima exclamou: “Ó pai, quem chorará por ele e quem rezará por sua alma?” O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) respondeu: “ Ó Fatima, as mulheres da minha nação chorarão pelas mulheres da minha família e os homens da minha nação chorarão pelos homens da minha família, e a tristeza deste acontecimento será passada para as gerações futuras. E quando chegar o Dia do Juízo, tu intercederás pelas mulheres e eu pelos homens, que choraram com tristeza pelo Imã Hussein (A. S.), e todos eles serão postos no Paraíso. Ó Fatima, todos os olhos chorarão no Dia do Juízo, exceto os olhos que, em vida, choraram pelo Imã, estes estarão alegres e satisfeitos.”

Logo a seguir começou a Zeinab alKobra, a tia do Imã Ali ibl Husseim (S.A) a falar dizendo:

Deus disse no Alcorão Sagrado: E o destino daqueles que comete­ram o mal será pior, pois desmentiram os versículos de Deus e deles escarneceram! Ó Yazid, Deus e Seu Profeta disseram que pecar e considerar os Seus sinais falsos é igual a ridicularizá-los. Ou seja, negar o sinal de Deus, considerá-lo insignificante. Aquele que trilha o caminho do pecado e persiste nele irá, de acordo com o veredicto do Alcorão, negar os sinais de Deus, eventualmente os ridicularizarão, e merecerão a punição divina. Ó Yazid, achas que nos tornamos humi­lhados e desonrados devido ao martírio de nossos familiares e nosso aprisionamento? Por ter nos fechado os caminhos, nos capturado e conduzido de um lugar a outro, achas que Deus retirou Suas bênçãos de nós? Achas que matando pessoas santas vos tornastes grandioso e respeitável, e que Deus Vos olha com carinho e bondade? Por isso, e devido a seu pensar desvirtuado, vos tornastes arrogante e orgulhoso. Vos tornastes jactancioso por ver os acontecimentos ocorrerem em seu favor. Vos esquecestes, entretanto, o que Deus disse: ‘Os incrédulos não devem pensar que Nosso termo é em seu favor. Nós lhes demos um prazo apenas para que aumentem seus pecados. Para eles haverá um humilhante tormento.

Continua.....

 

 

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