A Tragédia de pisoteamento em Mina (4)
Apenas os peregrinos do sexo masculino, em certos horários limitados podem entrar no cemitério de Baqi. Rezar e oração, bem como a visitação dos túmulos já destruídos dos Imames xiitas continuam proibidos e infração das ordens tem consequências severas com ameaça e intimidação. Na Arábia Saudita não existe a liberdade religiosa e o wahabismo, de fato, propaga ideias pervertidas e extraviadas.
No programa anterior, depois de uma breve explicação de dois grandes acontecimentos trágicos que ocorreram durante o Hajj de 2015, ou seja, a queda do enorme guindaste na Mesquita Al-Haram e a grande tragédia da debandada dos peregrinos em Mina, foi transmitido os depoimentos de "Mohammad", um iraniano que tinha participado na peregrinação do ano passado e estava presente durante os acontecimentos.
Convidamos os nossos leitores a ver o resto desta história: "chegamos a Medina, a cidade do último Mensageiro de Deus. Estávamos todos ansiosos para visitar a Mesquita do Profeta (Al-Nabi). Nesta mesquita, que reunimos para ouvir as instruções e palavras do sacerdote da caravana que nos explicou a história, as características e virtudes da mesquita. Mas, de repente, vieram alguns agentes de segurança sauditas e nos dispersaram. Não foi claro porque eles tinham evitado o nosso encontro e a narração do sacerdote da caravana na mesquita do Profeta. No dia seguinte, durante visitas a vários locais históricos e religiosos de Medina e seus arredores tentamos se reunir, mas os agentes sauditas nos incomodaram, para mim, este comportamento evidenciava de que a atmosfera da Medina era de completa repressão". Mohammad continua a sua história dizendo que mesmo na Mesquita de Al-Nabi, também as forças de segurança da Arábia não deixavam os peregrinos em paz. Eles sob o pretexto de estabelecer a ordem dificultavam a realização dos rituais e orações de pessoas entusiasmadas que, depois de anos de espera tinham ido ao encontro do seu amado Profeta. Os agentes sauditas afastavam os peregrinos do santuário do Profeta, eles por seus desesperos e medos não se aproximavam e se reverenciavam e rezavam a distancia ao tumulo do Profeta. Estas medidas foram muito rigorosas e abrangentes no cemitério de Baqi, onde se encontra túmulos de muitas personalidades proeminentes do Islã. A esposa, certo número de seus filhos, tio e dois primos do Profeta Mohammad (que a paz seja com ele e aos seus descendentes) e outras personalidades importantes estão enterrados neste cemitério. Também os túmulos de quatro imames da geração do Profeta estão neste lugar que até 1926 sobre estes túmulos haviam sido construídos santuários. No entanto, este ano, os wahabitas, por seus pervertidos pensamentos e fanáticos, destruíram esse cemitério. Somente peregrinos do sexo masculino, em certos horários limitados e em pequenos grupos podem entrar no cemitério de Baqi. Rezar e orar diante dos túmulos são proibidos e que a proibição para as sepulturas destruídas de imames xiitas é ainda mais severa e inclui ameaças e intimidações. Na Arábia Saudita não existe a liberdade religiosa, pois, é somente permitido aos Wahhabitas aplicar e propagar os seus pensamentos e ideias extraviadas e perversas. O peregrino Mohammad se lembra: “Depois de alguns dias com recordações não tão boas do incomodo que os sauditas causaram em Medina e durante a visitação da Mesquita do Profeta e outros lugares santos e sagrados, deixamos esta amada cidade e fomos para a Meca”. Ao chegar à cidade que Deus no Alcorão a chama segura, estava pronto para ir à mesquita, juntamente com os outros membros da caravana. Entusiasmados se dirigimos a mesquita mais sagrada dos muçulmanos, ou seja, a santuário de Kaaba, na casa de Deus. Após a chegada à entrada da mesquita, a grandeza e santidade da Kaaba nos se emocionou. Mas depois de um momento, a paisagem de grandes torres em torno da Mesquita que vieram construindo os sauditas há anos, nos distraiu. Os sauditas construíram edifícios altos sem uma razão claro muito próxima e com vista para a Grande Mesquita. “Depois de girar a volta da Kaaba, orar e rezar na mesquita, fomos para o hotel”. Todavia, ainda não estavam fora da mesquita quando um barulho assustador nos paralisou. O som veio da mesquita sagrada. Todo mundo preocupado se dirigiu à mesquita, de repente na nossa frente vimos uma cena incrível. Eram guindastes muito grandes e pesados no chão da parte oriental da mesquita e atrás do mausoléu de Abraão. Havia um grande número de peregrinos mortos e feridos. O acidente foi muito horrível, algumas vítimas foram esmagadas ao baixo do guindaste, outros tinham sido amputados. Eu imediatamente corri para ajudar os feridos, mas não tinha muitas possibilidades. As forças de segurança sauditas evacuaram todos os visitantes da mesquita e ninguém tinha permissão para tirar fotos e vídeos. Depois de ver este evento terrível durante dias não se sentimos em boas condições de saúde. O governo saudita anunciou o número de mortos em 107 pessoas e mais de duplo o número de feridos. Como de costume, as autoridades do governo negaram a sua negligência como uma razão para o acidente e atribuíram aos fatores como o vento ou a vontade de Deus, “concluiu Mohammad”.