Violação de direitos humanos no Ocidente, da ilusão à verdade-23 (2017).
Os problemas das vítimas de ataques brutais com ácido no Reino Unido não são apenas graves sofrimentos físicos e psicológicos, existem evidências que mostram que o judiciário britânico não está disposto a investigar esses casos, sobretudo quando se trata de vítimas muçulmanas.
Caros ouvintes, neste programa estudam casos de ataques com ácido e a violação dos direitos humanos dos muçulmanos no Reino Unido. Após o recente acidente sofrido pelos muçulmanos no leste de Londres, o medo atormenta a comunidade muçulmana no Reino Unido, tanto que alguns deles na capital britânica não ousaram deixar suas casas. Esse medo em particular tem aumentado com ataques a Resham Khan, de 21 anos, e seu primo Jameel Muhktar, de 37 anos.
Enquanto eles estavam no carro parados em sinal vermelho num cruzamento na rua de Beckton, o carro foi atacado por um homem que jogou ácido nele. Ambos sofreram graves queimaduras no rosto e no corpo. Muhktar entrava em um coma induzido, enquanto Khan recebeu enxertos de pele.
Mokhtar que, juntamente com Khan estava no hospital, acredita que os recentes ataques terroristas na Grã-Bretanha encorajaram autores destes ataques. Ele disse: “este ataque é certamente um crime baseado no ódio contra muçulmanos e da islamofobia”. Somos inocentes e não devemos ser tratados desta forma. Nunca tinha visto na minha vida um agressor. Não tenho problemas com ninguém. A minha sobrinha tem 21 anos e é estudante. Por que alguém deveria fazer isso?
Na Facebook enviavam também mensagens em apoio a “John Tomlin”, um atacante solitário de extrema direita. John Tomlin, no mês passado compareceu no tribunal para uma investigação sobre o seu caso. Ele saiu do tribunal sorridente jogando beijinhos aos seus apoiadores.
Jameel Muhktar afirmou: se tiver com este cara asiático como sou, aproximado a um casal inglês num carro e atacando-os com ácido, seria classificado como um ataque terrorista.
Como notícias desse ataque com ácido, há relatórios de outras agressões desse tipo que foram divulgados em redes sociais, incluindo um homem asiático que escreveu sobre sua experiência: "enquanto dirigia meu carro na área da Tower Hamlet em Londres, um homem jogou sobre mim substância corrosiva pela janela, parei o carro pela dor e pedi ajuda, enquanto um deles saiu para roubar meu carro”. Dois ataques similares foram relatados em Est. Ham; uma mulher foi atacada com ácido na entrada de sua casa, causando graves queimaduras em parte do corpo. Outra mulher foi atacada por um motociclista na área de Plesht Grove.
Com o aumento dos ataques, os residentes do leste de Londres expressaram suas preocupações ao prefeito durante a reunião. Ao mesmo tempo, nas redes sociais publicavam mensagens alarmantes. Em uma dessas mensagens se lê: tenha cuidado, especialmente se a tua pele é escura. Parece que os ataques são dirigidos contra pessoas de origem asiática ou muçulmanas.
O aumento dos ataques com ácido contra os muçulmanos no Reino Unido tem aumentado o medo e o pânico entre esta comunidade nesse país, tanto que alguns muçulmanos não ousaram deixar suas casas. A verdade é que os bairros predominantemente muçulmanos de Londres, incluindo Newham, Barking e Dagenham, Tower Hamlets, Havering e Redbridge, são cinco zonas que produziram mais ataques com ácido.
O Reino Unido é o lugar no mundo com a ocorrência de mais ataques com ácido, sobretudo em Londres, que tem disparado nos últimos anos. Em 2012, havia duzentos, mas em 2016 e no primeiro semestre de 2017 foram 504.
As associações policiais estimam que, entre janeiro e abril deste ano, foram registradas 400. Não é algo novo nesse país, onde se trata de uma forma de vingança praticada desde a era Vitoriana. Mas a atual subida é sem precedentes e inéditas.
As razões?
Códigos de honra nas comunidades de imigrantes, violência doméstica, vingança de gangues e os ataques racistas, e este ultimo deve acrescentar, a islamofobia como principal causa de ataques com ácido. Registraram-se em dobro de agressões a homens do que as mulheres. Os dois bairros mais problemáticos são Newham, com 32% e Tower Hamlets, com 34,5% residentes muçulmanos. A polícia disse que o bairro londrino de Newham é o primeiro a registrar mais de 398 ataques com ácido entre 2011 e 2016. A zona Tower Hamlets, com 84 casos de ácido, ocupa o terceiro lugar. O número de ataques com ácido em Londres em 2016, em comparação com o ano anterior, aumentou 74%. Em 2015, relataram 261 casos e, em 2016, 454 casos. Oitenta por cento foram mulheres brancas.
O ataque não é um ato para matar uma pessoa, geralmente é uma vingança que destruí o futuro da vítima. A intenção é danificar e deixá-lo danificado para o resto da vida. Segundo as estatísticas, entre 2011 e 2012, foram relatados 105 casos de ataques com ácido no Reino Unido, oitenta por cento das vítimas foram mulheres. Entre 2012 e 2013, o número de vítimas foi de 130 pessoas e foi relatado que mais da metade tinham sido homens.
Há evidências que, nos últimos anos, a islamofobia tem aumentado em toda a Europa, incluindo no Reino Unido. Como resultado dos ataques terroristas na Europa, tem sido crescidos críticas e ataques a comunidades muçulmanas em diferentes países, como Grã-Bretanha e Alemanha. As principais correntes são da extrema direita, com base na ideia de que o islamismo e a comunidade muçulmana são os principais problemas, se intensifica uma onda de críticas contra os muçulmanos e o islamismo como um fenômeno a crescer. Seguindo o corrente principal, foram atacados os muçulmanos nas ruas por pessoas com tendências de extrema direita; Em diferentes bairros de Londres foram reportados ataques com ácido, que deixaram suas vítimas com ferimentos graves no rosto e no corpo, na Alemanha foram atacados refugiados e suas casas foram queimadas. De acordo com o diário Huffington Post, poucos jornais cobrem notícias relacionadas a ataques com ácido, sobretudo quando a vítima tivesse sido muçulmana.
Segundo os dados divulgados pela Polícia, de acordo com a Lei de Liberdade de Informação, os ataques com ácido dobraram em comparação com há cinco anos. O Conselho Nacional de Chefes de Polícia disse que atualmente se estima que, entre novembro de 2016 e abril de 2017, pelo menos 400 ataques com ácido tinham sido ocorridos. Sobre a idade de agressores, as estatísticas mostram que, em cada cinco pessoas, uma é menor de 18 anos. Um menino de 16 anos foi preso em Londres acusado de atacar com ácido.
O aumento dos ataques com ácido na Grã-Bretanha levou o governo e as autoridades britânicas a revisar as leis sobre o caso. Após cinco ataques que ocorreram em dois distritos da capital britânica em menos de 70 minutos, o governo está sob pressão da população e a lei é mais rigorosa no momento da venda do ácido.
Das cinco vítimas que foram levadas ao hospital, uma delas teve ferimentos que “mudam sua vida”, segundo a polícia. Os outros três atacados não estão em perigo e a polícia está à espera de uma atualização sobre a condição da outra vítima.
A ministra do Interior, Amber Rudd, em um artigo no Sunday Times, escreveu: Vamos fazer um plano de ação contra a epidemia de ataques com ácido no Reino Unido, incluindo as condenações à cadeia perpetua para aqueles que causam sequelas físicas irreparáveis em vítimas. Os criminosos devem saber que as regras são rigorosas. Vamos exercer um plano de ação que inclua a revisão do código penal para endurecer as sentenças. Vamos a assegurar-nos de que todos em nosso sistema penal, desde polícia aos promotores, tenham os poderes que precisam para perseguir com rigor esses horríveis crimes. Prometeu a criação de um fundo especial para ajudar as vítimas, muitas das quais sofrem um impacto para o resto de suas vidas. Também anunciou medidas para vetar o acesso a produtos corrosivos que até agora podem ser adquiridos sem restrições ou limites de idade em lojas de farmácias e ferretarias.
O governo britânico está buscando implementar um "plano de ação" para frear a repetição dos ataques com ácido no país, sobretudo na cidade de Londres, onde os casos se multiplicaram. No Parlamento se estuda uma iniciativa trabalhista para penalizar a posse do ácido, algo que o ministro apoia. Atualmente, a polícia tem que provar que quem possui a substância, está planejando uma agressão.
O governo diz que com a colaboração da Polícia e do Ministério da Justiça, também revisaram as autorizações da sentença do tribunal. Enquanto isso permite a policia novas instruções que incluem como procurar suspeitos e como reagir a um ataque com ácidos.
Nesta revisão, as leis atuais, a reação da polícia, a emissão de sentenças judiciais e a forma como as pessoas acessam produtos prejudiciais e nocivos se investiga junto com formas para apoiar as vítimas. A polícia metropolitana inglesa tem estudado essas propostas e tentou conversar com produtores para dificultar a venda de ácidos corrosivos. Com isso, esperam parar o aumento de ataques com ácido.
Mesmo assim, a maioria dos casos de ataques termina sem condenação. Estima-se que 75% dos ataques com ácido relatados não terminem em condenações, um ciclo facilitado pelo fato de que a maioria das vítimas de tais ataques não quer denunciar o perpetrador.
Mas, os problemas das vítimas de ataques brutais com ácido, não é apenas sofrimento físico e psicológico severo. Existem evidências que o judiciário britânico não está disposto a investigar esses casos, sobretudo quando se trata de vítimas muçulmanas. Em uma entrevista com testemunhas, a sua desconfiança a respeito à administração executiva é evidente. O processo de investigação, quando o caso é reportado à polícia, às vezes é tão humilhante e infrutífero que a vítima prefere seguir sua própria dor e não sofrer mais. Algumas testemunhas descreveram sua experiência com o judiciário e a polícia com uma mistura de ódio racial. Outros durante esse processo relataram dilatação e desatenção deliberadamente pelas instituições pertinentes. Isto é revelado no processo de investigação policial em relação ao ataque contra Resham Khan e Jameel Muhktar. Considerando que desde as primeiras horas o invasor foi identificado e sua imagem se propagou nas redes da Internet; as autoridades policiais demoraram muito para confirmar a identidade e a imagem do atacante. Naturalmente, os cidadãos de uma comunidade esperam que, em caso de violência cotidiana, os agentes jurídicos se levantassem para apoiá-los.
No entanto, a experiência de algumas testemunhas e vítimas é diferente da esperada. Segundo eles, quando o atacante for branco e a vítima colorida, em entidades relacionadas, desde a mídia às instituições judiciais e de segurança, se queiram ou não, há uma tendência a ocultar a informação ou mostrar com pouca importância esse tipo de violência.