Violação de direitos humanos no Ocidente, da ilusão à realidade 27-2017
A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA tem levado a uma onda de atos criminosos contra minorias em todo o país e aumentando as noticias deste gênero em redes virtuais. Os ataques por partidários de Trump com base no racismo e ódio, na maioria dos casos direcionados a muçulmanos, hispânicos, negros e minorias étnicas.
Em confrontos entre supremacistas brancos e antifascistas na cidade americana de Charlottesville, morreram três pessoas e várias outras ficaram feridas.
Charlottesville está localizado no estado da Virgínia e tem uma população de 43 mil pessoas. Grupos racistas se fortaleceram desde a chegada do presidente dos EUA, Donald Trump e em suas reuniões, apoiam o nacionalismo e se opõem à imigração. O blogueiro de ultradireita Jason Kessler convocou uma manifestação "pro branca" em protesto pela decisão do município de remover de um jardim a estátua do general da confederação Robert E. Lee, que liderou as forças do sul durante a Guerra Civil norte-americana entre 1861 e 1865.
Durante a Guerra Civil americana, Lee liderava o Exército da Virgínia, composto por apoiantes da escravidão e da superioridade branca. Em motim, que foi realizado com participação de simpatizantes de Trump, neonazistas, racistas, extremistas nacionalistas, eles gritavam slogans fortes em apoio à supremacia branca, o poder dos EUA e a rejeição dos migrantes!
Os manifestantes racistas nos Estados Unidos pedem as leis da era dos escravos com o objetivo de destacar a supremacia branca perante os negros neste país. Este grupo homenageou também a era da Alemanha nazista. Autoridades da Virgínia disseram que os nacionalistas brancos, juntamente com os extremistas de direita, saíram às ruas por várias semanas para protestar. Durante a marcha, alguns dos públicos gritavam o slogan nazista "Sangue e Terra", lema do antigo Ministério da Agricultura alemão que exaltava os valores do camponês alemão e a importância da raça e da nacionalidade.
Seguindo essa linha xenófoba, outros dos participantes entonavam lemas como "Uma cidade, uma nação, terminamos com a imigração", além de slogans dirigidos contra negros, como "retorno à África, maldito".
A maior marcha da supremacia branca nos últimos anos nos Estados Unidos provocou violentos confrontos em Charlottesville da Virgínia, que saldaram com morte e ferimento quando um veiculo atropelou violentamente um grupo de pessoas que se opuseram à manifestação racista. O governador da Virgínia declarou o estado de emergência depois que centenas de pessoas enfrentaram na cidade de Charlottesville no âmbito de um ato nacionalista branco que se esperava atrair mais de seis mil pessoas.
Os funcionários locais também declararam ilegal a manifestação e a polícia interveio para dispersar os presentes após violentos confrontos entre supremacistas brancos e contra-manifestantes. Enquanto isso, as autoridades dos EUA prenderam James Alex Fields, de 20 anos, e natural de Ohio, como perpetrador do assassinato e morte de uma mulher de 32 anos e ao menos 20 feridos. O procurador-geral, Jeff Sessions catalogou o atropelamento da multidão por Fields como "terrorismo doméstico". Durante sua apresentação ao tribunal, os promotores não detalharam a evidência que será apresentada contra eles.
Sessions disse: "O ataque repugnante” em Charlottesville, Virgínia, onde um jovem neonazista atingiu um grupo de manifestantes anti-racistas com seu carro, cumpre os preceitos legais para ser considerado “terrorismo doméstico”.
Quando tais ações surgem de preconceito racial e ódio, é traição a principio de nossos valores e é intolerável. A justiça triunfará. Três homens foram presos, dois deles com 21 anos e outro de 44, acusados de conduta desordenada, delito menor de agressão e morte e carregando uma arma escondida.
Donald Trump, em resposta à violência de Charlottesville, disse: "Os Estados Unidos não são um lugar para essa violência". “Todos devemos estar unidos e condenar tudo o que representa o odeio", precisou o Trump em uma mensagem na sua rede social favorita, o Twitter. Por outra parte, o senador Chuck Schumer afirmou: grandes e bons presidentes americanos tratam de unir e não de dividir. As declarações de Donald Trump mostram claramente que ele não é um deles. Em resposta a esses eventos, o prefeito de Charlottesville, Michael Singer, disse: Considero Trump e seu governo como os principais culpados de incidentes e confrontos entre racistas e os contrários. Por outro lado, o Ministério Público da Virgínia afirmou em um comunicado: Trump é responsável por atos racistas nos Estados Unidos, porque não condena diretamente as ações racistas. Também, representantes republicanos criticaram duramente o presidente dos EUA, Donald Trump, pela violência em Charlottesville.
A rede da CNN, por sua vez, num relatório disse que, era provável o espalhamento da violência a outras partes do país, após os confrontos racistas em Charlottesville, na Virgínia. Na mesma direção, os cidadãos da cidade de Oakland, Califórnia, se concentraram em resposta a confrontos racistas na cidade de Charlottesville. Enquanto isso, centenas de pessoas começaram uma marcha no sul do Texas para se opuser a muro que o governo do presidente Donald Trump quer construir na fronteira mexicana.
Dezenas de grupos de defensores de várias causas se juntaram ao protesto. Os organizadores disseram que queriam enfatizar uma forte oposição ao muro na área e forçar funcionários eleitos no Texas a se oporem ao financiamento.
Os negros em toda a história dos EUA enfrentaram vários tipos de opressão e discriminação. Eles lutaram para se libertar da escravidão e conseguiram; ainda assim a exploração e a escravidão continuam a existir. Um olhar rápido a situação econômica, política e social dos negros nos Estados Unidos indica essa situação. A última pesquisa do instituto Pew revela que a riqueza de uma família americana branca é 13 vezes maior do que uma família negra e, de 2010 a 2013, aumentou a riqueza dos cidadãos brancos. Existem também escolas neste país que se recusam a admitir crianças negras por qualquer motivo, e o modo de enfrentar os negros pela polícia é outra forma de discriminação racista. Segundo as estatísticas publicadas neste país, a cada 36 horas, um homem negro é assassinado pela polícia. As detenções generalizadas de negros são outras formas de racismo. De acordo com os últimos números, cerca de 12% da total população dos Estados Unidos é negra; por outro lado eles representam aproximadamente 40% do número total de detenções no país. Como resultado, a taxa de desemprego, renda mínima, sem abrigo, aumento da pobreza e discriminação, fizeram os negros não contar como cidadãos de primeira classe e não podem se integrar facilmente na sociedade americana.
Há racismo e ataques contra minorias étnicas e religiosas, que são sistematicamente e institucionalmente realizados na sociedade americana.
Os muçulmanos também são uma minoria que não é imune aos ataques racistas. A mídia norte-americana informou um aumento dramático nos ataques contra muçulmanos durante a presidência de Donald Trump. A rede de notícias da CNN divulgou este ano, que em média, nove mesquitas são atacadas todos os meses. Segundo o relatório, entre janeiro e julho de 2017, foram registrados 63 ataques contra essas instalações, incluindo o abuso, ameaças, destruição ou incêndio. Por outro lado, as estatísticas de Washington Post citando o Conselho de Relações Islâmico-Americanas (CAIR) denunciaram ataques racistas contra mesquitas. Essas estatísticas que indicam danos, destruição e ameaça contra mesquitas e adoradores, mostram que houve 85 ataques até o final de junho. Não se esqueça de que Trump prometeu em sua campanha presidencial que evitaria a entrada de muçulmanos no país.
A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais nos Estados Unidos aumentou a uma onda de atos criminosos contra minorias em todo o país. Ataques por partidários de Trump com base no racismo e no ódio, na maioria dos casos direcionados a muçulmanos, hispânicos, negros e minorias étnicas.
As minorias enfrentam uma variedade de discriminação social, política e econômica, e sua segurança e suas vidas agora são ameaçadas por ataques brutais e violentos. No entanto, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e Convênios e outros instrumentos internacionais, todos os seres humanos são iguais e têm o direito de gozar a igualdade de seus direitos e gênero, raça, religião, classe social e outras características não são obstáculos à privação de seus direitos humanos. Os governos também são obrigados a fornecer um ambiente justo na sociedade. Obviamente, as provocações racistas e discriminatórias de funcionários e líderes do governo terão consequências nefastas para a sociedade.
Ouviremos as palavras de um especialista em assuntos europeus e norte-americano.
As atrocidades violentas e racistas em Charlottesville revelam as lacunas raciais nos Estados Unidos. E os confrontos de hoje correm contra a legislação federal histórica que garantiu a igualdade de voto, proibindo discriminação e segregação racial nas escolas e outros lugares públicos e marcou um quadro há 50 anos na história dos direitos civis dos Estados Unidos.
Os negros e as diversas raças estão presentes em diferentes estratos dos EUA, até Barack Obama tornou-se o primeiro negro que chegou à presidência e governou por oito anos o país. Apesar de todos esses eventos que poderiam ser um sinal para atenuar o racismo na sociedade americana, no entanto, o pensamento de supremacia branco permanece nas camadas inferiores e até mesmo no centro da sociedade americana. Agora, este pensamento está no topo da pirâmide do poder dos Estados Unidos. Depois de Obama, alguém entrou na Casa Branca, cujos slogans durante a campanha eleitoral foi à proibição da entrada de muçulmanos nos Estados Unidos, a expulsão de todos os imigrantes ilegais, a construção do muro fronteiriço com o México. Na verdade, as campanhas de Donald Trump foram semelhantes aos slogans de grupos extremistas e racistas na direita americana. Se a entrada de Obama na Casa Branca fosse considerada uma conquista para os negros, a vitória de Donald Trump significaria destruir essa conquista e o renascimento do racismo e da supremacia branco nos Estados Unidos. Os confrontos violentos na cidade de Charlottesville, na Virgínia e a resposta menos forte de Donald Trump em condenação esses atos violentos é um sinal de influência racista na liderança dos EUA e na sede da Casa Branca. Os supremacistas brancos nos confrontos de Charlottesville ao contrário do passado apareceram sem máscaras e não tiveram problemas em serem chamados de racistas ou ser identificados.