Nov. 19, 2017 19:40 UTC
  • Violação dos direitos humanos no Ocidente, da ilusão à realidade (34 de 2017)

No programa de hoje, vamos falar sobre a reação dos países ocidentais ao genocídio dos muçulmanos Rohingya.

Por muitos anos, os Rohingyas enfrentavam a discriminação, a opressão e a violação dos direitos humanos em Mianmar, mas a enorme onda de crime e assassinato contra a minoria mais oprimida do mundo agravou em 2012, desde então tem crescendo a profundidade de crimes internacionais contra este povo de Myanmar.

Infelizmente, a cumplicidade do Governo e do Exército com os budistas transformou a situação dos muçulmanos ainda mais caótica. Neste sentido, é considerável o silencio dos países ocidentais, que sempre alegam defensores dos direitos humanos em países debilitados, em relação aos crimes cometidos contra a minoria muçulmana em Myanmar. Os países que instalaram suas tropas no Médio Oriente sob a desculpa dos direitos humanos apresentam a líder de Myanmar, Aung San Suu Kyi, como símbolo dos direitos humanos e respaldando-a e  lhe outorgaram o Prêmio Nobel da Paz.

Transcorrendo seis anos de este silêncio dos governos ocidentais, após a difusão da matança e o genocídio em Mianmar e a divulgação de múltiplas imagens sobre a profundidade dos crimes contra a minoria Rohingya, os países ocidentais recorreram recentemente a tomar certas atitudes por direitos humanos. De modo que se pude dizer que a situação atual em Myanmar pode ser um símbolo do apoio ocidental aos padrões de direitos humanos para qualquer ser livre.

Em junho de 2016, o Conselho de Direitos Humanos da ONU, publicou um relatório sobre a violação dos direitos dos Rohingya e as invasões contra eles, incluindo a privação arbitrária da cidadania, a imposição de severas restrições à transferência, ameaças contra as suas vidas e segurança e privação do direito à saúde, educação, trabalho forçado e as violações sexuais e estupro.

Com este relatório, a ONU havia advertido que a ampla e contínua violação dos direitos humanos contra os muçulmanos Rohingya em Myanmar poderia ser considerado um "crime contra a humanidade".

De acordo com muitos documentos da Organização das Nações Unidas e outras organizações internacionais de direitos humanos, incluindo relatórios do Observatório dos Direitos Humanos e Anistia Internacional, o que está acontecendo em Mianmar representa um crime contra a humanidade.

A oprimida minoria muçulmana em Mianmar se enfrenta com diferentes tipos de violência e crimes terríveis por budista radical e Exército birmanês. Muitos deles morreram, foram feridos ou foram forçadas a fugir de suas casas.

Recentemente, o Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos publicou um relatório baseado em 65 entrevistas com muçulmanos Rohingya que entraram em Bangladesh no mês passado. Um grupo de funcionários dos Direitos Humanos da ONU viajou para a zona de Cox's Bazar em Bangladesh em setembro e falou com testemunhas e vítimas.

O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas anunciou que as forças de segurança birmanesa forçaram brutalmente mais de 500 mil muçulmanos Rohingya a deixarem suas casas no estado de Rakhine, incendiarem suas casas e impediram o retorno dos refugiados.

Além disso, as operações de limpeza das forças militares no estado de Rakhine começaram no dia 25 de agosto antes dos ataques dos paramilitares rohingyas contra as bases da polícia e incluíram assassinatos, tortura, estupro e perseguição de mulheres e crianças. As brutais operações no estado de Rakhine visam à limpeza étnica de milhares de muçulmanos Rohingya e forçá-los a deixar essa zona e proibi-los de retornar às suas casas.

Informações confiáveis ​​mostram que as forças de segurança de Myanmar destruíram intencionalmente as casas e outras propriedades do Rohingya e não permitiram que as vítimas das recentes violências voltassem para suas casas.

Segundo o relatório das Nações Unidas, a destruição da propriedade dos muçulmanos Rohingya pelas forças de segurança de Mianmar é geralmente realizada com a cooperação de budistas armados. A destruição de lares, campos e gado no estado de Rakhine tem sido de tal modo que parece quase improvável que os Rohingyas pudessem regressar às suas casas. Além disso, as forças de segurança colocaram minas em todas as fronteiras entre o estado de Rakhine e Bangladesh para evitar o retorno dos muçulmanos Rohingya.

As forças de segurança de Myanmar dispararam contra as populações das aldeias Rohingyas e causaram a morte e lesões de um grande número de muçulmanos. Queimaram também as casas.

Com base no relatório da ONU, garotas de 5 ou 7 anos de idade foram estupradas, na maioria dos casos, na frente de seus pais e familiares. E desde o início da brutal violência no final de agosto, mais de 800 mil muçulmanos Rohingya fugiram para Bangladesh.

Os problemas dos muçulmanos em Mianmar não se limitam à perseguição, desabrigo e destruição de suas casas, também não respeitam a honra das mulheres, de modo que a maioria delas se jogaram no mar para se salvar dos ataques dos budistas radicais.

O brutal genocídio e o massacre obrigaram os Rohingya a fugirem através das fronteiras, especialmente para a Bangladesh. Muitas dessas pessoas saíram de barcos para salvar suas vidas da matança e violação do governo de Mianmar e dos budistas extremistas, em caso de chegar vivo a terra.

Mas, do outro lado da costa, os aguarda a situação difícil dos campos de refugiados. Um perito da Cruz Vermelha na Alemanha, Andres Kask, em entrevista ao jornal alemão "Der Spiegel" analisou a situação dos refugiados Rohingya durante uma visita a uma zona na fronteira sudoeste do Bangladesh, que compartilha uma fronteira com Myanmar e diz: No início, encontramos os campos de arroz, onde havia muitas cabanas de bambu. Nesta área, milhares de pessoas, principalmente crianças, vivem em um espaço limitado. É uma área ruidosa, e há muitos movimentos. Eles não têm acesso à água potável ou centros de saúde.

Agora, vamos ouvir as palavras do Sr. Maki, um especialista em assuntos europeus:

“No mundo de hoje, a mídia desempenha um papel decisivo na marginalização de muitas realidades e eventos no mundo”. São os meios de comunicação que formam as dimensões de um evento, de acordo com suas abordagens e objetivos. Em alguns casos, falam de forma exagerada sobre fenômenos e eventos muito pequenos na direção de seus propósitos políticos e propagandistas. Os casos que não lhes interessam os incidentes não aparecem na sua lista de notícias em destaque. As maiores agencias noticiosas (imprensa e audiovisual) do mundo estão sob o controle de governos ocidentais. Os principais conceitos e fenômenos políticos, sociais, culturais e de segurança são definidos no âmbito dos interesses e políticas dos governos ocidentais. Ao falar sobre o terrorismo, eles mencionam os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos e os ataques terroristas que ocorreram em várias cidades europeias. Ao falar sobre democracia e direitos humanos, indicam os sistemas ocidentais que alegam os defensores dos direitos humanos. Quando se trata de limpeza racial e genocídio, nos recordam do genocídio contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Mas, ao contrário, ao falar sobre o Islã e os muçulmanos, se referem à violência, ao terror e ao extremismo. Enquanto, os muçulmanos são vítimas de terrorismo, violência, extremismo, limpeza racial e genocídio na Ásia, Oriente Médio, África e até mesmo no continente civilizado da Europa.

Os cidadãos dos países muçulmanos são diariamente vítimas de violência e terrorismo.

Durante muitos anos, os muçulmanos Rohingya foram vítimas de racismo e limpeza racial por budistas extremistas e pelo governo de Mianmar. A ONU reconhece-os como a minoria mais oprimida do mundo. Nos últimos meses, o governo da Birmânia, sob o pretexto de combater extremistas, forçou centenas de milhares de Rohingyas a deixarem suas casas, incendiando suas casas, matando e violando mulheres e meninas. Enquanto isso, Aung San Suu Kyi, vencedora do Prêmio Nobel da Paz e figura influente no governo de Mianmar, que goza do apoio dos governos ocidentais, apoia a limpeza racial dos Rohingyas.

As imagens espalhadas sobre a queima de casas e o assassinato de Rohingya em Myanmar, bem como a difícil situação em que se encontram os campos de refugiados em Bangladesh falam de uma grande catástrofe humana.

Os meios de comunicação ocidentais ignoram essa catástrofe humanitária como se nada tivesse acontecido naquele canto da Ásia Oriental. Os governos ocidentais que alegam da defensoria dos direitos humanos observam esta catástrofe humana, sem tomar nenhuma ação, nem mesmo diplomática.

Recentemente e perante de muitos anos de genocídio e crimes brutais em Myanmar, os países ocidentais já foram forçados a reagir. Os Estados Unidos e a União Europeia estão revisando sanções específicas contra os comandantes do exército de Myanmar.

No entanto, não se espera que as sanções ocidentais contra os comandantes do exército de Myanmar sejam aplicadas tão cedo.

De acordo com a proposta da declaração dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, esta entidade irá parar todos os contatos e convites aos comandantes do Exército de Myanmar e outros generais de alto escalão do país.

De acordo com este documento, a UE provavelmente adotará medidas maiores de acordo com os desenvolvimentos em Mianmar. A nota apoia a continuação dos atuais embargos de armas contra o Myanmar. O texto pede ao Governo de Mianmar que discuta o retorno dos desalojados Rohingya. A União Europeia agradeceu o papel do Bangladesh nesta crise. Previamente, as autoridades dos EUA anunciaram que serão impostas sanções específicas contra o comandante do exército de Mianmar e vários outros generais do exército, bem como os líderes paramilitares budistas no estado de Rakhine, acusados ​​de incendiar as aldeias Rohingya.

As entrevistas com vários diplomatas e oficiais em Washington, Yangon e a Europa mostram que as medidas punitivas só serão aplicadas contra os comandantes e generais do exército de Myanmar. Ainda não tem sido tomada uma decisão final. Além disso, estão em curso negociações para aumentar a ajuda humanitária às áreas afetadas do estado de Rakhine. No entanto, o processo de impor sanções leva muito tempo e parece mais um ato simbólico da parte do Ocidente para responder à opinião pública em reação ao seu silêncio em relação ao genocídio em Mianmar.

 

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