Nov. 26, 2017 09:47 UTC
  • Violação dos direitos humanos no Ocidente, da ilusão à realidade (35-2017).

Neste programa falaremos sobre o apoio dos países ocidentais à guerra da Arábia Saudita contra o Iêmen.

Os ataques da coalizão militar saudita contra o Iêmen deixaram 8400 mortos e 48 mil feridos, segundo dados da Arábia Saudita. Além disso, o conflito causou fome e o surto de cólera. O Iêmen é considerado um dos países árabes mais pobres da região, mesmo antes da guerra.

A coalizão liderada pelos sauditas atacou o Iémen há mais de dois anos com o objetivo de restaurar no poder o ex presidente fugitivo iemenita Abdu Rabu Mansur Hadi. O regime Al Saud requeria uma desculpa para iniciar esse conflito e justificá-lo, e Mansur Hadi tornou-se um pretexto para iniciar o ataque militar contra o Iêmen. Mansur Hadi, que fugiu de Sanaa para a Arábia Saudita, depois do estabelecimento em um dos palácios sauditas, pediu em nome da nação iemenita, a salvação de seu país contra a invasão dos combatentes Houthis.

Os documentos e provas mostram que a Arábia Saudita viola os direitos humanos no Iêmen e comete crimes de guerra contra os inocentes daquele país. A Amnistia Internacional e outras organizações internacionais publicaram várias provas no ano passado, confirmando a perpetração de crimes de guerra no Iêmen, mas alguns países não querem ver tais evidências e fechar os olhos à realidade. Isso é enquanto a chuva de armas e munições naquela área alimenta as chamas desse conflito. Além de grupos terroristas, como Al Qaeda e Daesh, aproveitam a falta de segurança, ocupam algumas áreas do sul e o sudeste do Iêmen.

Nesta guerra desigual e mortal, civis são aqueles que recebem o maior dano. A coalizão militar saudita anunciou que as comissões populares e seus aliados são os principais alvos de seus ataques e bombardeios, mas, na realidade, civis e crianças inocentes são vítimas.

Os ataques aéreos sauditas contra casas residenciais deixaram centenas de mortos e alguns perderam suas vidas nos refúgios. No entanto, os Estados Unidos, o Reino Unido e outros países continuam a vender armas e até proibidas bombas de fragmentação à Arábia Saudita e sua coalizão. O New York Times, em um relatório, divulgou imagens da guerra do Iêmen e escreveu que os EUA e o Reino Unido são cúmplices do governo saudita ao cometer crimes de guerra no país pobre do Iêmen.

Esses ataques terminaram na destruição das infra-estruturas no Iêmen e na disseminação da pobreza e da doença. Os Observatórios de Direitos Humanos solicitaram repetidamente aos Estados Unidos, Reino Unido, França e outros países não venderem armas à Arábia Saudita até que sejam revistos os ataques, mas esses governos ignoram essas demandas. A Organização Mundial de Saúde anunciou em uma declaração que o Iêmen está a beira da fome generalizada e que 60 por cento da sua população não tem a capacidade de suministrar alimentos. Ele também relatou em várias ocasiões que os ataques da Arábia Saudita são considerado crimes de guerra e os EUA, por seu apoio informativo e de armas a Riad, são seus cúmplices nesses crimes.

Segundo um dos relatórios das Nações Unidas sobre crimes de guerra no Iêmen, à coalizão saudita no ano passado cometeu muitas violações de direitos humanos contra crianças que provocaram a morte de 502 crianças e outras 838 ficaram feridas. A matança de crianças ainda segue sendo o mais comum no Iémen.

 Agora vamos ouvir as declarações do Dr. Seyed Razi Emadi, nosso analista sobre assuntos do Oriente Médio.

"O Iémen é o país árabe mais pobre do Oriente Médio. A Arábia Saudita não só atacou aquele país pobre, causando muito dano material, como também tem causado a morte e lesões de mais de 30 mil cidadãos iemenitas, incluindo mulheres e crianças inocentes. O ponto mais importante sobre a Arábia Saudita é que ela não atende as reações internacionais e continua a pisotear os direitos humanos no Iêmen. A ONU, pela segunda vez consecutiva, coloca o nome da coalizão saudita na lista de violadores dos direitos dos menores, embora, no ano passado e devido à pressão de Riad e seus aliados árabes e ocidentais, foi forçado a retirar o nome da lista acima mencionada. Mas nesse ano colocou novamente o nome dessa coalizão na lista, o que mostra que a ONU acredita que a Arábia Saudita é um dos principais infratores dos direitos das crianças”.

O regime saudita, que é o principal responsável pela morte de inúmeras crianças no Iêmen e aviões de combate sauditas, bombarderam e destruíram mais de 28 escolas até o momento. À medida que este relatório continua a Arábia Saudita, com o apoio dos EUA, está se esforçando para pressionar a ONU a não publicar esses relatórios. O autor desse relatório é o representante especial da ONU para crianças e conflitos armados, Virginia Gamba. Ela sugeriu adicionar o nome da Arábia Saudita à lista de países e organizações que matam ou amputam crianças. O secretário-geral da ONU, António Guterres, pretende colocar de novo o nome da Arábia Saudita à lista de perpetradores desses crimes, mas as autoridades sauditas solicitaram secretamente à ONU que consulte seu país antes da os relatórios saírem.

O documento revelado do Embaixador dos Emirados Árabes Unidos nos EUA põe em revelo que ele confessou os crimes de guerra perpetrados por seu país no Iêmen e sua preocupação por isso. A mídia ocidental continuou revelando documentos secretos do embaixador dos Emirados Árabes Unidos nos EUA, Yusef Al-Otaiba. Esses documentos são cartas que o embaixador de Emirado enviou a um grupo de altos funcionários em seu país no inverno de 2015. Nas cartas, ele escreveu que a guerra no Iêmen tornou-se um pesadelo para as relações públicas de sua embaixada.

A guerra do Iémen se enfrentou com a oposição de poucos países e o amplo apoio dos países ocidentais. A República Islâmica do Irã foi o primeiro país a se opor ao aventurismo militar da Arábia Saudita e à guerra imposta por este regime contra o povo iemenita. O Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros condenou a invasão militar da Arábia Saudita e seus aliados contra o Iêmen, descrevendo-o como um ato perigoso e contrário aos direitos internacionais. A China também expressou sua oposição à guerra no Iêmen e descreveu isso como muito preocupante e convidou todas as partes a cumprir as resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre o Iêmen e resolver a crise através do diálogo.

O Iraque, por sua vez, enfatizou o fim da guerra e instou a comunidade internacional a tomar medidas para resgatar o povo iemenita. De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Iraque, a intervenção militar (da Arábia Saudita) no Iêmen só irá complicar ainda mais a situação nesse país e não permite que as soluções políticas sejam frutuosas. A Síria também expressou sua profunda preocupação com essa guerra e exortou todas as partes iemenitas a buscar uma solução política baseada nos desejos do povo iemenita.

Entre os países ocidentais, os Estados Unidos sempre apoiaram os crimes de guerra da coalizão e o assassinato de pessoas inocentes no Iêmen. A catástrofe começou desde a era do ex presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que, além de enviar assistência logística e de inteligência à Arábia Saudita, não fez nenhum esforço para controlar essa guerra. No entanto, Trump desde a sua chegada à Casa Branca, saudou as políticas de guerra do Príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman.

O representante da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Tulsi Gabbard, em entrevista à rede de televisão da CNN, descreveu como "contraditória" a chamada luta de Washington contra o terrorismo, continuando a apoiar regimes como o da Arábia Saudita.

Esta congressista também se referiu à morte de quatro membros das Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos em uma emboscada no Níger no início deste mês, quando estavam realizando patrulhas de rotina nesse país africano. A este respeito, Gabbard instou o inquilino da Casa Branca a responder "o que eles estão fazendo (soldados) no Níger?" Ou "Qual é a missão que eles fazem lá?".

O artigo 4 do Capítulo II da Carta da ONU proíbe todos os membros de usar ameaça ou força em suas relações internacionais contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer país. Este artigo da ONU, de fato, insiste na proibição da invasão de outros países e na necessidade de salvaguardar a integridade territorial e a soberania nacional dos países.

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aceitou recentemente o envio de três inspetores especiais para o Iêmen, a fim de realizar um estudo abrangente sobre todos os casos de violações dos direitos humanos no Iêmen. Devemos aguardar a publicação do relatório da ONU e à medida que essa organização adotará em relação aos crimes cometidos contra o povo iemenita inocente e esclarecer a profundidade dos crimes dos proclamadores de apoiar os direitos humanos.