Violação dos direitos humanos no Ocidente, da ilusão à realidade (38-2017).
Neste programa, comentaremos as políticas do Reino Unido em matéria de vendas de armas para a Arábia Saudita.
A Arábia Saudita, juntamente com vários outros países, iniciou sua invasão militar e seu bloqueio terrestre, marítimo e aéreo contra o Iêmen em março de 2015, com o objetivo de retornar ao poder o fugitivo presidente iemenita Abd Rabu Mansur Hadi.
A guerra generalizada imposta pelo regime de Al Saud contra o Iêmen até agora acabou com a vida de mais de oito mil pessoas, ferimento de milhares de iemenitas, a destruição de infra-estrutura, o desabrigo de milhões de pessoas e o surto de doenças contagiosas, bem como a fome no país.
Metade dos hospitais e clínicas foram encerrados e o resto deles sofrem de sérios problemas de equipamentos e a falta de medicação. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) advertiu em seu recente relatório que aumentaria para mais de umas milhão pessoas que sofrem de cólera até o final deste ano.
O número de casos de cólera aumentou dramaticamente, e os hospitais e clínicas no Iêmen estão lotados de doentes. O número de doentes é tão alto que os médicos são forçados a tratá-los em tendas temporárias e até no chão. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) anunciou que quatro milhões e 500 mil crianças iemenitas foram privados de ir à escola por causa da guerra. Milhares de civis foram martirizados e outros ficaram feridos devido a ataques semanais e instantâneas sauditas em áreas residenciais.
Os crimes da coalizão saudita contra o Iêmen não se limitam ao massacre de pessoas inocentes, mas a fome e o cerco são entre outros crimes de guerra cometidos por esta coalizão árabe no Iêmen, tendo aval de algumas potências ocidentais.
A coalizão agressiva saudita anunciou recentemente em um comunicado o encerramento de todos os cruzamentos de ar, mar e terra do Iêmen. As Nações Unidas (ONU) pediram à coalizão saudita que autorize a entrada de combustível e alimentos no país.
A ONU insistiu que 7 milhões de iemenitas correriam o risco de morrer de fome se não receberem assistência. A ONU também expressou sua preocupação com o bombardeio da capital iemenita pela coalizão saudita.
Ela também enfatizou que o cerco poderia acabar com o assassinato coletivo de iemenitas sendo considerado crime de guerra.
Em seguida, ouvimos as palavras do nosso especialista, Moterza Makki.
Enquanto os relatórios falam da pior catástrofe humanitária no Iêmen, o cerco terrestre, aéreo e marítimo imposto pelo regime Al-Saud contra esse país sublinha o colapso dos valores humanos no mundo civilizado de hoje.
Um governo que atua tribalmente e o seu povo não possui direitos civis e a cidadania está matando impiedosamente milhares de mulheres e crianças iemenitas. Diante de tal tragédia humana, os países alegadamente defensores dos direitos humanos e da democracia no mundo não só mantêm o silêncio, como também fornecem armas mais avançadas para a Arábia Saudita.
O volume de vendas de armas e a assinatura de novos contratos com a Arábia Saudita aumentaram nos últimos anos, em particular desde o início da guerra contra o Iêmen. Se um governo oposto às políticas dos governos ocidentais tivesse cometido até um milésimo dos crimes que a Arábia Saudita tem cometido no Iêmen, eles o colocariam sob as sanções mais duras.
Mas, a Arábia Saudita com aval sos governos ocidentais está bombardeando o Iêmen e mata os povos oprimidos daquele país. Isso ocorre enquanto os governos ocidentais e especialmente os EUA e os europeus se falam em todos os minutos e em todos os dias sobre valores humanos e paz no mundo. Mas, no caso da crise humanitária no Iêmen, os governos ocidentais estão distorcendo a realidade visando encobrir as suas cumplicidades. Infelizmente, a mídia ocidental acompanha seus governos na continuação da crise humanitária no Iêmen, ao marginalizar as notícias relacionadas à catástrofe humanitária nesse país.
O governo saudita também tranquilamente contando com este suporte por governos ocidentais continua no seu bombardeio e bloqueio generalizado contra o Iêmen.
A guerra do Iêmen liderada pela Arábia Saudita criou uma séria crise humanitária neste país mais pobre da região. A destruição da infra-estrutura, a escassez de alimentos e instalações sanitárias, o assassinato de civis inocentes, mulheres e crianças e a morte por doenças infecciosas e contagiosas, incluindo a cólera, levaram a uma situação humanitária catastrófica chocante e perigosa no Iêmen. No entanto, muitos ativistas dos direitos humanos criticam o apoio dos governos ocidentais à Arábia Saudita e a venda de armas a este país.
Al Saud é o maior cliente de armamentos britânicos e a quantidade de contratos milionários entre os dois países aumentou desde o início do ataque da coalizão saudita em 2015, chegando a quase 3.300 milhões de libras (quase 4 bilhões de dólares).
Um instituto britânico que se opôs à venda de armamentos está fazendo uma campanha sob o título de "oposição à venda de armas" para pôr fim à entrega de armas à Arábia Saudita. Entre os armamentos britânicos vendidos a Riad, desde o início da guerra no Iêmen, há jatos de combate, helicópteros e drones no valor de £ 2,2 trilhões e munições, foguetes e bombas no valor de £ 1,1 trilhão, e os veículos blindados e os tanques valendo 430 milhões de libras. De acordo com o instituto britânico, mais de 80 empresas britânicas receberam permissão para exportar armas à Arábia Saudita.
Uma dessas empresas é a BAE, que produz vários tipos de armamentos, especialmente os jatos Typhon e Tornado. O jornal britânico The Independent obteve dados que mostram desde o início da guerra no Iêmen, o número de bombas e foguetes vendidos ao regime de Al Saud aumentou 500%.
Em um relatório, o jornal britânico escreveu: Nos dois primeiros anos do ataque da coalizão saudita ao Iêmen, o Reino Unido vendeu mais de 4.6 bilhões de libras de armas para a Arábia Saudita. De acordo com este jornal, a licença para a venda de armas foi emitida enquanto há evidências que demonstram os crimes de guerra e o massacre coletivo do povo iemenita em escolas e hospitais. Segundo este relatório, as bombas fabricadas no Reino Unido surgem nas cenas da guerra no Iêmen, o que demonstra a violação do direito internacional, no entanto, o governo britânico continua com seu apoio político e militar aos ataques sauditas contra o Iêmen.
Além da venda de armas e equipamentos militares, o Reino Unido também treina as forças militares sauditas.
No ano passado e na conferência internacional de assistência ao Iêmen, o ex-George Galloway britânico, apresentou documentos sobre o papel da Arábia Saudita na propagação do terrorismo. Ele acrescentou que o terrorismo no Médio Oriente e outra parte do mundo nas últimas décadas tem suas raízes nos pensamentos radicais de Al Saud e Wahabismo.
Galloway acrescentou que, desde 1980, a Arábia Saudita tem imposto uma crise contra o Médio Oriente e o mundo, por meio do apoio a grupos extremistas e terroristas. Galloway recordou que todos têm conhecimento que a Arábia Saudita está atacando o Iémen com o apoio total dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Ele ressaltou que todos esses aviões e bombas que a Arábia Saudita usa nos assassinatos brutais do povo iemenita são fornecidos por esses países. Ele acrescentou que o povo iemenita está sendo morto pelas bombas britânicas, e este é o imposto britânico que é gasto para cometer a agressão militar da Arábia Saudita contra o Iêmen.
O povo britânico expressou repetidamente sua oposição à venda de armas pelo seu governo a Arábia Saudita. Recentemente, os principais compositores, fotógrafos e escritores britânicos, em uma carta aberta dirigida ao governo, expressaram sua preocupação com a catástrofe humanitária no Iêmen e pediram a cessação imediata das vendas de armas ao regime Al Saud. Na carta, vem: como cidadãos britânicos, não podemos mais resistir às políticas desumanas do governo de Londres contra o Iêmen. O óbvio é que a Arábia Saudita, com o apoio dos Estados Unidos e seus aliados ocidentais e árabes, continua com a violação militar no Iêmen e o cerco desse país.
Até agora, essa agressão militar não teve resultados, apenas a morte de milhares de iemenitas, dezenas de milhares de feridas, o desalojamento de milhões de iemenitas e a destruição da infra-estrutura desse país.
Deve-se notar que o apoio prestado por defensores dos direitos humanos aos crimes dessa coalizão demonstra a melhor forma de duplos padrões desses países no campo dos direitos humanos, e esses defensores não temem que essa guerra desigual acabe com a morte de milhares de pessoas inocentes e a perpetração de crimes de guerra no Iêmen.