Mar. 13, 2018 04:48 UTC
  • Violação dos Direitos Humanos no Ocidente, da ilusão à realidade (7-2018).

Pars Today - Este programa aborda as recentes revelações de atos vergonhosos cometidos pelos funcionários da Oxfam (Fundação internacional de luta contra pobreza) no Haiti.

Em janeiro de 2010, um terremoto de magnitude 7,3 na escala de Richter abalou o Haiti, deixando pelo menos 220 mil pessoas mortas e um milhões desabrigados. 

A Fundação Oxfam, uma das maiores confederações de organizações humanitária internacional sediada no Reino Unido, dedicadas à luta contra a pobreza e a fome e que tem escritórios em muitos países pobres do mundo, enviou uma missão para ajudar as vítimas do forte terremoto. Passado oito anos desse catastrófico terremoto, o jornal britânico "The Times" publicou um relatório chocante que revela a imoralidade e o escândalo sexual dos membros desta organização.

Segundo o jornal britânico The Times  a ONG contratava prostitutas no Haiti depois do terremoto de 2010. Uma jovem haitiana contou ao jornal "The Times" ter tido uma relação com o ex-diretor da Oxfam no Haiti, Roland Van Hauwermeiren. Na época, ela tinha 16 anos, e ele, 61.

Roland teria dado a ela dinheiro e fraldas para o seu recém-nascido. Segundo a jovem, o então diretor da Oxfam convidava para sua casa mulheres que iam pedir emprego e, às vezes, dava-lhes dinheiro.

De acordo com o jornal, o diretor e vários funcionários da Oxfam no Haiti, enviados para o país do Caribe para ajudar os sobreviventes do terremoto de 2010, tinham organizado orgias com jovens que se prostituíam e disse ter tido relações sexuais com "uma mulher honrada e de idade madura". The Times, citando uma testemunha local, escreveu: "As meninas nesta casa usavam camisas de Oxfam e estavam meio nu, o espaço parecia uma orgia, foi incrível, era uma loucura". 

Este relatório jornalístico afetou muitas pessoas no mundo e causou a ira dos britânicos.

 A organização de caridade Oxfam, cujo nome em inglês significa o Comitê de Oxford para a Redução da Fome, é a quarta maior organização de caridade do Reino Unido que foi fundada em 1942 com o objetivo de oferecer ajuda humanitária de emergência no mundo através de 100 sucursais. Em 1948, abriu seus primeiros escritórios no Reino Unido e, atualmente, pelo menos 23 mil voluntários trabalham em 650 locais no Reino Unido sem receber salário e voluntariamente.

 A Oxfam recebe grandes quantidades de roupas novas e usadas para a venda com fins benéficos e caridade cada ano, bem como alimentos e água potável que devem ser distribuídos entre os pobres. Esta organização também participa ativamente da educação e construção de escolas. No ano passado, ela recebeu US $ 44 milhões em auxílio estatal. Um dos principais patrocinadores desta organização é a União Europeia (UE) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

 Paralelamente ao escândalo moral no Haiti, vários relatórios de comportamentos inadequados de alguns de seus membros foram publicados com pessoas necessitadas em outros países, como Chade e Sudão do Sul e outras regiões. O escândalo se estendeu a outras organizações humanitárias, como a Save the Children. A ONG britânica é acusada de não aplicar qualquer sanção a Brendan Cox, marido da deputada assassinada Jo Cox, quando se apontou um comportamento sexual inadequado, de sua parte, com colegas mulheres. Interrogado pela comissão parlamentar, o diretor-geral da Save the Children, Kevin Watkins, explicou que a ONG elaborou dois relatórios que alertavam contra a propensão de "predadores masculinos" a se envolverem no setor humanitário para cometer abusos. Segundo Watkins, apenas em 2016 a ONG identificou "193 casos" problemáticos envolvendo crianças, os quais levaram a cerca de 20 investigações policiais e a 11 demissões.

 A pesquisa mostrou que vários funcionários da Oxfam assediaram crianças pobres do Haiti. Entre 2013 e 2014, foram relatados sete casos de comportamento imoral contra crianças adolescentes que se voluntariaram para trabalhar em sucursais da Oxfam, um dos menores de idade, com 14 anos de idade, foi submetido a estupro. Alguns relatórios sugerem que o escândalo ético dos responsáveis ​​pela Oxfam foi repetido nos escritórios do Chade.

Uma investigação interna, realizada em um universo de 120 pessoas em três países diferentes entre 2013 e 2014, mostrou que entre 11% e 14% do pessoal destacado tinha sido vítima ou testemunha de alguma agressão sexual. No Sudão do Sul, quatro pessoas foram estupradas ou enfrentaram uma tentativa de violação. A pesquisa também revelou que sete por cento da equipe de trabalho no Sudão-sul testemunharam uma agressão sexual ou tentativa de estupro. Entre os escândalos sexuais da Oxfam, um ex-funcionário revelou tentativas de violação de membros desta organização a algumas mulheres sul-sudanesas e assédio sexual contra alguns voluntários menores de idade. Os relatórios corroboram que quatro pessoas sofreram violações ou tentativas de violação por funcionários da Oxfam.

 Os escândalos éticos e o assédio sexual são comuns entre os funcionários da Oxfam, mas os gerentes de esta organização tentaram ocultar os escândalos e evitar investigações legais. A Sra. Megan Noubert, que foi estuprada por um colega no Sudão do Sul em 2015, disse que a violência sexual é comum em escritórios de ajuda humanitária. Além disso, Helen Evans, diretora de prevenção interna da Oxfam entre 2012 e 2015, denunciou a existência de uma "cultura de abuso sexual em alguns escritórios", onde houve violações ou tentativas de estupro no Sudão do Sul. Ela mesma mencionou assedia a crianças voluntárias em escritórios administrados pela ONG no Reino Unido.

 "Isso diz respeito a ações dos funcionários com outros funcionários. Não realizamos uma investigação dos beneficiários de nossos programas de assistência, mas estava extremamente preocupado com esses resultados", revelou a ex-diretora.

 Em outro caso, constataram o caso de um adulto que agrediu a um menor em uma dos escritórios, após o qual houve um processo judicial, revelou Evans. De acordo com o canal 4, entre 2012 e 2013 houve cinco casos de "comportamento inapropriado" de adultos com menores de idade e sete em 2014. Evans disse que, em fevereiro de 2015, recebeu um relatório, segundo o qual uma mulher foi forçada a concordar em fazer sexo com um empregado da Oxfam em troca de assistência humanitária. Outros casos foram relatados no que diz respeito à recepção da ajuda das mulheres por sexo.

 Após o escândalo ético da Oxfam, o vice-presidente da Fundação Oxfam Caridade, Penny Lawrence, renunciou depois de assumir a "plena responsabilidade" pelo escândalo desencadeado. Na sua renúncia, Lawrence destacou sua "tristeza" e "vergonha" pelo "comportamento dos funcionários no Chade e no Haiti (...), incluindo o relacionamento com as prostitutas". Lawrence, em um comunicado, disse que a organização não tomou as medidas necessárias para evitar a propagação do escândalo moral de seus funcionários.

 Por sua parte, o diretor da Fundação Oxfam, Mark Goldring, também se desculpou com o povo do Haiti e lamentou as ações vergonhosas de sua equipe no país do Caribe. Goldring disse: "Essas ações afetaram muito a posição de 25 mil funcionários da fundação, bem como centenas de milhares de pessoas que doam para a Oxfam todos os meses". Ele acrescentou que a Oxfam continuará seu trabalho no Haiti e fará todo o possível para evitar que esses funcionários cometessem ações tão vergonhosas novamente.

Enquanto isso, as autoridades britânicas exigiram mais explicações dos administradores da Oxfam para decidir se continuem fornecendo fundos para a organização. O secretário britânico da mídia e cultura, Matt Hancock, disse: "Essas acusações são muito lamentáveis ​​e a Oxfam deve enviar imediatamente todos os documentos relacionados aos eventos no Haiti para a comissão britânica de caridade".

O secretário de Estado britânico para o Desenvolvimento Internacional, Penny Moyent, disse a jornalistas: "Esta é uma completa traição para aqueles que precisam da Oxfam no Haiti, bem como para aqueles que enviaram ajuda".

O presidente do Haiti, Jovenel Moise, disse: "O que aconteceu com a Oxfam no Haiti é uma violação extremamente grave da dignidade humana. Não há nada mais indigno e desonesto do que um predador sexual que usa sua posição no âmbito da resposta humanitária a uma catástrofe natural para explorar as pessoas necessitadas em seus momentos de grande vulnerabilidade”, acrescentou. 

 O ponto irracional e vergonhoso remonta à filosofia e origem dos direitos humanos ocidentais, direitos humanos que ignoram a ética e a fé, e são apenas de princípios materiais e seculares. Não é surpreendente, que, no corpo de instituições humanitárias e voluntárias para ajudar os desabrigados, testemunhamos tais escândalos morais e uso indevido da ajuda dos necessitados e até mesmo de crianças inocentes e com fome.

 Conforme o especialista do programa: A divulgação do escândalo moral na organização internacional de ajuda humanitária Oxfam criou um grande estado de choque na opinião pública ocidental. Os escândalos éticos nas sociedades ocidentais não são poucos. O ano de 2017 deve ser o ano da divulgação dos escândalos morais de muitas figuras artísticas, cinematográficas e políticas nas sociedades ocidentais.

 O Reino Unido é pioneiro na exposição desses escândalos morais, de fato, vários membros do gabinete de Teresa May foram obrigados a demitir-se, antes que fosse revelado o escândalo moral em Oxfam. A assistência humanitária da Oxfam é internacional e tem uma reputação mundial. A Oxfam distribui milhões de dólares anualmente aos pobres e vítimas de desastres. Agora, revelou que alguns membros estavam abusando de mulheres e menores aproveitando a entrega de ajuda a pessoas pobres e pessoas resgatadas do terremoto no Haiti.

 Procurar relacionamentos imorais ou sexuais com pessoas feridas ou afetadas por um desastre, no quadro dos altos valores de ajuda aos necessitados, é um grande choque para a confiança das pessoas necessitadas em direção a fundações de caridade. Além disso, as ações antiéticas de alguns funcionários da Oxfam deixaram consequências psicológicas negativas para vítimas de assédio sexual ou violação. A divulgação dos escândalos éticos dos funcionários da Oxfam abalou a credibilidade desta organização humanitária, um credita que necessitaria anos para se recuperar.