Violação dos direitos humanos no Ocidente da ilusão à realidade (23-2018)
Pars Today - Neste programa estudamos as diferentes dimensões da pobreza e seu papel no desenvolvimento sustentável global.
A erradicação da pobreza é uma das dimensões mais importantes do desenvolvimento sustentável em todo o mundo e, dada a sua importância, constitui um dos artigos importantes da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida como Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Atualmente, existem muitos pesquisadores no mundo que estudam seriamente o caso da pobreza e sua relação com o desenvolvimento sustentável. Vale ressaltar que a pobreza não se limita aos países pobres e menos desenvolvidos, uma vez que alguns países ricos e desenvolvidos também enfrentam esse problema. As políticas incorretas dos países ricos e a concentração da riqueza nas mãos de uma minoria da sociedade tornaram os povos dessas sociedades mais pobres. Em dezembro de 2017, um relator de direitos humanos da ONU foi encarregado de estudar a situação de extrema pobreza nos EUA e, portanto, viajou para aquele país. O relator sobre pobreza extrema e direitos humanos da ONU, Philip G. Alston, no final de sua visita de duas semanas, produziu um relatório que contém algumas questões interessantes. O documento mostra que os EUA, mesmo tivessem mais de um quinto da economia mundial e conhecidos como o motor da economia global, a partir do ponto de vista da pobreza, uma parte considerável dos seus cidadãos vivem na igual modo dos habitantes dos países fracos e em desenvolvimento.
"Sua riqueza e conhecimento contrastam de forma chocante com as condições em que vivem grande parte dos cidadãos. Cerca de 40 milhões de pessoas vivem na pobreza, 18,5 milhões, na pobreza extrema e 5,3 milhões em condições de pobreza extrema típicas do terceiro mundo." A afirmação se refere aos Estados Unidos e foi feita pelo relator especial sobre pobreza extrema e direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Philip G. Alston, em um documento do final de 2017, após ele viajar 15 dias pelo país.
O texto faz uma crítica escancarada à maior potência mundial e aponta problemas como a crescente desigualdade, a persistência do racismo e a existência de um viés daqueles que estão no poder contra os mais pobres e desfavorecidos. "Num país rico como os Estados Unidos, a persistência da pobreza extrema é uma decisão daqueles que estão no poder. Com vontade política, poderia ser facilmente eliminada", diz Alston.
O informe diz que há uma série de ingredientes indispensáveis a uma política eficaz de eliminação de pobreza, como uma política de pleno emprego, proteção social aos mais vulneráveis, um sistema de Justiça efetivo, igualdade racial e de gênero. "Os Estados Unidos vão mal em cada uma dessas medidas." O relatório de Alston foi apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU e criticado pelo governo de Donald Trump.
Representantes do governo americano discordam dos pontos levantados pelo relator. Dizem que o texto tem dados "exagerados" e que o número de pessoas na extrema pobreza não é de 18,5 milhões, mas de cerca de 250 mil. A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, disse que o documento é enganoso e tem motivações políticas. Acusou o relator de "desperdiçar" recursos da ONU para investigar a pobreza "no país mais rico e livre do mundo", em vez de se concentrar em países onde governos provocam sofrimento em sua própria população, como Burundi e a República Democrática do Congo.
Os EUA são um dos países mais ricos do mundo, que lidera a lista dos que mais investem em seu setor militar em relação ao Reino Unido, Japão, Arábia Saudita, Índia e França. No entanto, o número de médicos e leitos hospitalares nos EUA é inferior à média de alguns países industrializados.
Além disso, com base nos números do ano de 2013, os Estados Unidos registram o maior número de mortes infantis entre os países desenvolvidos. Os norte-americanos vivem menos em comparação com os cidadãos de qualquer outro país rico e enfrentam muitos dias de suas vidas com doenças. A questão da saúde nos EUA tem muita diferença em relação a outros países semelhantes. As doenças tropicais estão se desenvolvendo diariamente no solo deste país norte-americano. Estima-se que mais de 12 milhões de pessoas nos EUA sofrem de doenças dermatológicas. Além disso, os americanos são a nação mais obesa entre os países desenvolvidos. Por outro lado, os EUA estão em 36º lugar do ponto de vista do acesso à água potável e à saúde.
Os Estados Unidos têm a população jovem mais pobre entre os países desenvolvidos do mundo. Um dos quatro jovens americanos vive na pobreza. Em média, nos países industrializados, 14% dos jovens vivem na pobreza. Além disso, os EUA ocupam o terceiro lugar em níveis da pobreza e desigualdade entre os países industrializados. De fato, os EUA têm a maior taxa de pobreza em comparação com cinco países mais ricos do mundo: Canadá, Inglaterra, Irlanda, Suécia e Noruega. 18% dos menores americanos, ou seja, 13,3 milhões, vivem na pobreza, deste valor 42% são crianças negras.
Segundo os dados do relatório da ONU, os governos dos EUA, incluindo o atual, desconsideram os direitos econômicos e sociais e até os direitos humanos. Isso enquanto o governo dos EUA, como um dos signatários da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pede insistentemente aos outros países do mundo que respeitem os direitos econômicos e sociais de seus cidadãos. O governo dos EUA é o único entre os países desenvolvidos que acredita que não é seu dever proteger os cidadãos ante morte devido à fome ou falta de acesso aos serviços de saúde.
Os estudos mostram que os cidadãos norte-americanos mais ricos não pagam seus impostos de acordo com os números estabelecidos no país. A maioria deles obtém sua riqueza sem ajudar no crescimento da riqueza na sociedade americana. Acredita-se que os pobres nos EUA sejam negros ou imigrantes latinos, mas o interessante é que a população branca pobre é de mais 8 milhões de pessoas do que a população de negros pobres. De cada 8 americanos, um vive na pobreza, isto é, 12,7% da população dos EUA é pobre, o que constitui 40 milhões de pessoas. Quase metade desse número, isto é, 18,5 milhões, vive em extrema pobreza. Essas pessoas vivem com uma renda de US $ 2 por dia. Dos 40 milhões de pessoas pobres que vivem nos EUA, um grupo nasce pobre e outro grupo também se enfrenta com a pobreza devido a assuntos fora do seu controle como enfermidades psicológicas e físicas, divorcio, destruíram de sua família, desemprego e discriminação no mercado laboral.
O relator da ONU sobre pobreza extrema e direitos humanos, Philip G. Alston, em seu relatório, relacionou a pobreza e a situação econômica dos americanos com as influências das políticas de Donald Trump. Alston, depois de viajar para várias cidades dos EUA para investigar a pobreza, escreveu que as políticas da administração Trump direcionam vários milhões de cidadãos americanos à pobreza. Também condena a administração Trump e o Congresso dos EUA, nas mãos dos republicanos, por buscarem altos benefícios fiscais para os ricos e eliminarem as proteções básicas para os pobres.
Mas o interessante é a reação das autoridades dos EUA aos relatórios sobre a existência de pobreza entre o povo deste país. O representante dos EUA nas Nações Unidas, Niki Haley, em reação ao relatório de Alston, disse que foi escrito com base em motivações políticas. Haley também considerou ridículo que a ONU estudasse a pobreza no país mais rico e livre do mundo. Isto enquanto o relator especial da ONU escreveu o relatório a convite oficial do governo Trump.
Na economia dos EUA do século 21, apenas uma pequena porcentagem dos cidadãos está imune ao perigo de cair no abismo da pobreza. A erradicação da pobreza em um país rico como os EUA não precisa de um milagre. De fato, a luta contra a pobreza neste país não é difícil e requer apenas a vontade política que atualmente não é observada nos políticos norte-americanos.
Os EUA são um dos países com um sistema baseado no liberalismo econômico e é um símbolo de todas as contradições nos sistemas ocidentais. Um dos problemas mais importantes da sociedade americana é o profundo abismo econômico. Os EUA são a quinta maior economia do mundo e o maior orçamento militar, dedicando mais de 700 bilhões de dólares a esse setor. O orçamento militar total de 9 países é igual ao orçamento militar dos EUA. Com este orçamento, a pobreza em todo o mundo pode ser eliminada e se pode fornecer serviços de saúde e educação de todas as pessoas no mundo. Os EUA são um país que afirma ser um líder mundial, enquanto um por cento dos cidadãos tem 95% da riqueza nacional. Após a crise financeira de 2008 e a criação do movimento “Ocupa Wall Street”, veio à tona a profunda lacuna econômica e étnica nos EUA. O sistema político deste país está ao serviço dos governantes. Embora todos os critérios de um sistema liberal-democrático sejam observados na sociedade americana, nas eleições dos EUA são os ricos que desempenham um papel importante e determinante. Nenhum dos candidatos nas eleições dos EUA pode ser vitorioso nas eleições sem o apoio de grandes investidores norte-americanos. Os números da ONU mostram que nas cidades modernas dos Estados Unidos vivem milhões de pessoas que são privadas de acesso às principais exigências da vida, como serviços de saúde e educação. Essa é a realidade da sociedade americana. O custo da intervenção militar dos EUA no Afeganistão e no Iraque foi de mais de 7 trilhões de dólares. Com esse dinheiro, não haveria pobres nos EUA. O resultado da intervenção militar dos EUA nesses dois países foi a morte de centenas de milhares de pessoas e o despejo de milhões de pessoas. Se esse dinheiro tivesse sido gasto na luta contra a pobreza e a fome no mundo, certamente teríamos um mundo cheio de estabilidade e segurança.