Abr. 13, 2016 13:09 UTC
  • O cinema moderno do Irã

Queridos amigos, no programa de hoje continuaremos com o nosso estudo sobre a produção do gênero da Defesa Sagrada no novo cinema iraniano, em particular rever as obras do diretor iraniano, Azizollah Hamidnejad.

Se a defesa da pátria tiver um sabor religioso, cria um campo adequado para o desenvolvimento espiritual humano, favorecendo um caminho visível para a jornada humana de passagem de dependências materiais deste mundo em direção ao mundo espiritual e mística. A mudança do ângulo da visão para ver a verdade da vida e da morte, são os mais importantes legados que estas guerras e tais lutas pudessem oferecer às pessoas envolvidas nelas.

A arte como um meio que está vinculada com expressões simbólicas, e o uso de variados instrumentos, pode ser um método adequado para transmitir estados e mentalidades das pessoas envolvidas na guerra, em defesa das ideais e crenças. A arte, pode até explicar todas as motivações e os estados que muitas vezes são difícil de expressar pela linguagem comum e ela os apresenta e mesmo transmite aos outros povos, por uma expressão delicada e agradável.

Um dos cineastas iranianos que aproveitou bem desta expressão artística e tem criado valiosas obras no domínio da guerra e sobre o período da defesa sagrada, é o Azizollah Hamidnejad. Ele trabalhou arduamente para mostrar uma pequena parte da audaciosa defesa iraniana e expressar os estados e motivações dos combatentes iranianos durante a defesa sagrada.

Azizollah Hamidnejad nasceu em 1962 na cidade de Garmsar, localizada a 95 quilômetros a leste de Teerã e estudou o cinema e logo a seguir começou a sua atividade artística no campo de cinema.

Ele nos primeiros anos da sua carreira tem colaborado com outros diretores como fotografo e diretor-assistente e diretor da arte e cenógrafo. E, em seguida, entrou nas atividades de produção de documentários e 1991, dirigiu o seu primeiro filme de longa metragem chamado ”Hur no fogo”, com uma viragem para a guerra e uma tentativa de reconstrução as cenas espirituais da guerra, nos anos posteriores desse acontecimento. Os soldados e comandantes do filme, não são combatentes comuns em guerras convencionais, e o cineasta quer transmitir a ideia de que se não fossem as convicções e crenças religiosas, provavelmente, não teriam ido essas pessoas (os voluntários) a guerra e tivessem dado o seu lugar aos efetivos e soldados convencionais.

Este filme fala de um pai chamado Aghil e o seu filho Rahmat que foram à frente da guerra. O filho vai para a linha da frente e o seu velho pai fica atrás. Depois de um tempo o pai envia uma mensagem ao filho mostrando a sua saudade e o desejo de visitá-lo. Nesta altura começa a ofensiva do inimigo e o velho não pode visitar o filho. Varias vezes, Aghil, vai à linha da frente, mas sempre frustrado e enfrenta incidentes perigosos. Alias, o filme termina com o encontro de dois.

O roteiro de “Hur no fogo”, embora pareça uma história comum, mas articulação dos incidentes e o desenrolo dos acontecimentos que seus personagens enfrentam são histórias do passado e dos homens piedosos e devotos. O cineasta tenta familiarizar o publico com os espíritos e os estados dos combatentes iranianos e, neste caminho teosófico, utiliza da literatura mística e a cultura iraniano-islâmica e um rico antecedente artístico neste território.

Por exemplo, uso do instrumento musical tradicional iraniano o Ney (é um precursor da flauta moderna) que na literatura mística iraniana é símbolo da separação do ser humano da natureza divina e pura. Também foram recitados os poemas de poetas místicos como o Hafez, torando o desenvolvimento dos acontecimentos ainda mais agradáveis. O “Hur no fogo” tenta visualizar os elementos espirituais que se vinculam com as personagens no seu trilho espiritual.

 O pai nesta viagem é como o profeta Abraão, que para satisfazer a vontade divina está disposta a sacrificar o seu filho, ao mesmo tempo em que desvincula das tendências materiais, novamente encontra o seu filho e se sente a alegria e a doçura da sua presença.

Hamidnejad após o “Hur no fogo” que foi recebido a apreciação da plateia, produziu outro filme chamado “Estrelas do solo”. A história desenrola numa aldeia, onde um pastor que perdeu a perna na guerra está passando a sua vida, sendo muitas vezes recordado o seu amigo que tinha sido martirizado. A cada dia ele visita o túmulo do seu amigo e fala com ele. Um dia, entende que o túmulo está arruinado. Os moradores da aldeia decidem restaurar a sepultura, mas observam que o cadáver, mesmo passando dez anos da sua morte, ainda está fresco e não decomposto. Este filme com uma abordagem espiritual fala sobre o mundo após a morte e alguns assuntos incomuns na vida e destaca em crenças religiosas como os pontos principais.

O próximo filme de Hamidnejad chamado “o Cume de Mundo”, que também se trata da guerra e o entusiasmo de jovens para se lutar, explica as condições da sociedade naquela época no Irã. Este filme também pode ser classificado no gênero infantil. O mais destacado dos trabalhos de Hamidinejad é o “Lágrimas frias” produzido em 2003. Este filme é considerado como o período de amadurecimento do cineasta e o seu profissionalismo nesta carreira e o seu olhar às relações humanas em situações de conflitos e discrepâncias.

Caros leitores, além de cineastas que nas últimas edições apresentamos, existem outras artistas e personalidades que também se dedicaram ao cinema da defesa sagrado, mas o nosso curto espaço não nos permite de apresentar todos eles. Pessoas como Mojtaba Raie, Hossein Ghasemi Jami, Mohamed Hussein Haghighi, Parviz Sheikh Hadi, Mohammad Ali Bashe Ahangar e outras dezenas dos cineastas às vezes com apenas uma produção se dedicaram à promoção desse gênero do novo cinema iraniano. Também tem que acrescentar nomes de dezenas atores e os quadros técnicos que aturam na criação do cinema da defesa sagrado. Mas o limite do tempo não nos permite prolongar esta discussão e na próxima semana vamos apresentar outro gênero do novo cinema iraniano. Despedimos-nos desde já e até o próximo programa.